Evento 01 - Temporada de Migração

Narração - Leona

Atordoado com a beleza estonteante da apresentação, manteve-se em silêncio para apreciar a despedida emocionante das borboletas. Era um evento anual que Reiji, por morar na cidade próxima, nunca perdia; e ainda assim as emoções não se tornavam repetitivas. A liberdade e movimentação dos insetos era exatamente como as palavras que tanto afirmava: viajar e obter novas experiências com o mundo transforma os seres vivos. Agora era o momento daquelas borboletas recém evoluídas desfrutarem de suas asas.

Ao fim do espetáculo assistiu a chamada que Leona recebeu em seu C-Gear. Curioso, visualizou a imagem de Vincent e entendeu que o loiro já estava de saída. Não precisaria mais procura-lo pela tenda médica.


Reiji: Inteligente em seu marketing... aproveitar uma apresentação dessas para anunciar o concurso. — comentou baixo para si próprio em uma breve análise.


Voltou a olhar diretamente para Leona quando esta começou a se despedir, preparando-se para sair do Lago Valor. Apresentou um sorriso simpático e realmente grato por tê-la conhecido, mesmo que apenas por alguns minutos.


Reiji: Realmente, já está tarde. Os trilhos de nosso trem não irão se construir sozinhos. — soltou a pequena declaração para receber um grunhido de Donphan, o qual se posicionou em formato de roda para girar. No entanto foi pego de surpresa com o convite da morena, convocando-o para o concurso. — Ah, infelizmente terei de deixar essa passar. Preciso permanecer na área do ginásio caso algum desafiante apareça. O pantanal de Pastoria City, Great Marsh, se encontra a uma rota de distância daqui. Se duvidar já devo encontrar desafios amanhã! — a conversa fluiu normalmente enquanto justificava sua ausência no concurso. Estava simplesmente dizendo que era o líder do ginásio sem que sequer percebesse.

Ayn parecera perder a atenção, a escuridão das arvores nesta noite estava se esvaindo, após um leve susto do que se espreitava, incontáveis borboletas saíram das folhas das arvores que cobriam a visão de todos, trazendo consigo a luz e a beleza de seu pólen sobre nossas cabeças.

é.. lindo.. sem palavras.. — Rhis e Ayn acompanharam o movimento das borboletas ao Lago Valor onde as diferentes espécies se encontraram dançando em uma sincronia umas com as outras, sobre o lago agora ondulado e com incontáveis reflexos brilhantes que proporcionaram uma paisagem quase que surreal.

O pequeno Cubone ficou maravilhado com o brilho das asas, batendo aos montes, escalando rapidamente até a cabeça de sua dona para observar o mais perto possível. Ao fim do momento, todos observaram o espetáculo seguir em direção à lua, desaparecendo seu brilho aos poucos, quase que se fundindo com a luz lunar. Sem palavras para explicar o que vira, alí ficava Ayn quieta sentindo a energia daquilo tudo se marcar profundamente em si.

Poucos momentos depois, olha ao seu C-gear com a mensagem do mesmo homem que estava em sua frente. Um convite de Vincent para um concurso em Veilstone City abriram um meio sorriso, o timing da mensagem após o espetáculo despertou completamente o interesse — Não vamos perder isto, não depois deste momento inesquecível..

Mal conseguira perceber que Vincent saiu dali, não conseguia parar de olhar para cima com o desejo de querer mais, ainda digerindo do que vira. Com um estranho latido o Cubone parecia muito animado na cabeça de sua dona, estava maravilhado com isso tudo, uma recompensa merecida após o trabalho na tenda médica.

[quote="Zetheir"]

Narração - Vitória

A Heracross, quando viu aquele bico brilhoso, já estava de saco cheio. Sua mão também já brilhava, pronto para dar um tapa dos bons no Torchic, que sofreria das dores de um poderoso Arm Thrust.

Quando ela se preparou para isso, entretanto, ela viu o Torchic brilhar em luz. Será que ele estava evoluindo?! Não... não era isso. Por que de repente, o Torchic sumiu, e apenas um raio de energia correu para uma direção que a Heracross seguiu com os olhos. Essa direção era uma Pokébola, de ninguém mais, ninguém menos do que aquela garota que estava por perto quase sempre que o Torchic estava.

Foi aí que a ficha caiu. Ela ficou chocada, olhando para a Pokébola do pequeno pintinho por vários segundos, ainda em choque. E ela permaneceria por alguns instantes assim... até que ela sentiu uma mão segurar seu braço.

Ela virou seu olhar para a mão estranha, e depois seguiu o braço que se conectava a ela até notar novamente a presença de alguém: o Heracross, com alguma coisa em sua outra mão. Mas ela não pode manter seu olhar no Heracross por muito tempo, pois logo ele apontou para o céu, e a Heracross, ainda anestesiada pelo choque emocional que teve, olhou para o céu.

Lá estavam todas aquelas lindas borboletas fazendo um show da natureza. O polen, o brilho, o choro, e a compaixão eram sentidos que a Heracross podia perceber, bombardeando seu coração de emoções. Ela nem sabia o que sentir.

Foi o Heracross que lhe mostrou o que deveria sentir. Em um sólido instante, ele mostrou um recipiente repleto de leite e mel, que lhe invadia as narinas e lhe intoxicava com o cheiro delicioso. E depois, o olhar sereno de Heracross.

Quem dera Vitória soubesse falar a linguagem dos Pokémons, pois a declaração do Heracross parecia tão inflamada, tão apaixonante, que qualquer um naquela situação se apaixonaria. E realmente, foi dessa maneira.

Ignorando completamente o leite, a Heracross apenas tomou o rosto do Heracross em suas mãos e... nada mais foi visto. Por que bem no nariz de Vitória pousou uma bela Beautifly. Ela abria suas asas com orgulho, demonstrando o quão lindas eram. Ela parecia bem narcista para fazer isso.

Fiquei surpresa ao saber que Reiji era também líder de ginásio, só me lembrava de assistir as batalhas nos estádios lotados de Galar com minha mãe, torcendo pelos líderes favoritos da época.

— Woow! Você é líder de ginásio?! Que legal! Adoraria conhecer o seu ginásio qualquer hora! Eu ainda não sei que rumo a minha jornada vai tomar, mas pode ser bem legal desafiar líderes! — Comecei a me empolgar e Carmelita olhou para o Donphan interessada, pensando que ele deveria ser muito forte por ser um pokémon de um líder. — Vamos treinar muito para te desafiar Reiji! Pode esperar por nós!

Dei um sorriso e apertei sua mão para nos despedirmos, ainda que não nos víssemos por um tempo, com certeza estaríamos mais fortes para tentar desafia-lo. E eu gostaria de manter contato com alguém tão simpático e mais experiente para pedir orientações.

— Que os ventos do norte e do sul lhe tragam boa sorte! — Me despedi e fui para o lado oposto, olhando para Carmelita que pulou da minha cabeça e olhou pra mim, conseguia ver uma chama de determinação em seus pequenos olhos, ela miou com um sorriso inspirador, estava pronta para começar a treinar de verdade. Seguimos juntas conversando sobre a beleza e os acontecimentos do evento, e eu podia jurar que estava começando a entender o que ela dizia.

Quase como que planejado, a intervenção do macho surgiu como um amparo para o conflito que havia sido gerado. Não era a proposta criar uma discussão e este acalma-la com a comida, mas parecia se encaixar perfeitamente. Principalmente quando as borboletas surgiram pelas escuras árvores com o brilhar de suas asas. Eu sequer sabia como corresponder com tamanha beleza. Estava perplexa e boquiaberta, tendo meus olhos guiados a cada bater de asas daquelas encantáveis criaturas até o lago que iniciariam sua apresentação.

Parada e de pé, eu me juntava a toda a multidão observando o show sem qualquer movimento. Era algo tão surreal de assistir que o corpo apenas travava... não tem como descrever o sentimento que invadia o peito. Sentia como um recomeço para a vida das borboletas que ali polinizavam o ambiente antes de partirem. Com Nami em meu colo, apenas a apartei ainda mais contra meu colo com apreço por tê-la ao meu lado naquele momento; na realidade, por tê-la comigo em todos os momentos que já passamos juntas.
A cada semelhança a mais que encontrava sentia que estava certa de tudo o que fiz. E eu adoraria um dia voar assim como elas para o objetivo... e eu irei. Passo a passo descobrirei mais de mim mesma até que firme meu objetivo.

A jovem Azurill, ainda em sua fase bebê mas tão madura, encolhia-se em meu colo. Jamais que fosse por medo ou receio do que assistia; estava tão encantada com o que via que desejava minha companhia. O "cansaço" causado por Ace segundos atrás já era esquecível. Nada se comparava com aquele show de verdadeiras emoções que a recordava dos concursos que assistiu. Seria uma emoção tão genuína também se apresentar em um palco? Ela almejava descobrir com ainda mais veemência.

Sabia que ao meu lado ocorria a declaração do "Garanhão" como havia indicado, o qual novamente encontrou um momento perfeito: entre borboletas, polens e leite com mel. No entanto eu estava tão impressionada com a dedicação das borboletas em se despedir que não consegui retirar os olhos do lago, chegando até mesmo a receber um dos insetos na ponta de meu nariz para se exibir antes de voar até os céus junto das demais. E-Ela realmente veio me tocar?! Será s-se está passando sua sorte pra mim? Espero que seja algum sinal! Eu sou supersticiosa tá!


— Azuri! Azu Azuuu!! — grunhiu alegre se despedindo da Beautifly que pousou em minha face. Sua cauda balançava inquietamente. — Azuriiii!

— Também está se despedindo...? — questionei antes de notar que todas se agrupavam ao horizonte, seguindo até a lua. Então era mesmo o fim. — O-Obrigada pela sorte! — será se as pessoas ao meu lado estavam me olhando com inveja da Beautifly ter pousado em mim...? É melhor que eu não olhe ou ficarei envergonhada.


Segundos após a despedida das borboletas, permaneci atônita com os acontecimentos. Foi uma chamada proporcionada por Vincent que me trouxe de volta para a realidade; claro, com um pequeno gritinho chocada ao ver o locutor. A notícia do concurso imediatamente alegrou Nami, que não se conteve no meu colo e saltou até o chão, quicando repetidas vezes em sua cauda com entusiasmo. Um concurso... este é o nosso próximo passo!


— Será se eles já se acertaram...? — comentei, por fim, me virando até a dupla de Heracross. Havia ficado tão encantada pela apresentação e o convite de Vincent que acabei até os ignorando -ou melhor, dando-os um momento em particular para se resolverem.

Narração - Vitória

A Beautifly logo voou depois de um tempo no nariz de Vitória, deixando uma manchinha de pólen no nariz da mesma. Se ela não tivesse rinite, aquilo definitivamente seria um sinal de muita boa sorte.

Assim que se virou para os Heracross, ela pode ver que um olhava para o outro. Era como se eles estivessem em um transe ao olhar pros rostos um do outro. A Heracross, quando percebeu isso, riu de vergonha e ficou um pouco vermelha, desviando o olhar. Já o Heracross, rindo da timidez da Heracross — o que até parecia fora de sua personagem, dado sua brabeza pra certas coisas.

Mas a Heracross havia desviado o olhar justamente para Vitória, a quem o Heracross também se virou para olhar. Com um sorriso no rosto, logo os dois andaram até ela.

O Heracross, muito feliz, logo abraçou Vitória. Era a forma de ele agradecer. E apesar daquela casca dura e lisa, dava pra sentir o calor que emanava daquele inseto por pura gratidão. Ele nunca mais esqueceria do que Vitória fez, nem dela.

Depois, desse forte abraço, ele olhava para Vitória. Balbuciando algumas coisas em linguagem Pokémon, já era praxe que a garota não entendesse o que o Heracross falasse, mas Azurill poderia entender que ele disse "Pra onde vai agora?".