Pocket Monsters League
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Jornada

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benjaminposs
Hoshino Subaru
Vitória
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Mensagem por Vitória Ter Abr 09, 2019 4:51 pm

Jornada Regiao_de_Sinnoh
Ponto de Partida: Sunyshore City

O tópico de Jornada é como um livro aberto para ser preenchido pelas histórias de seu personagem. Postando Capítulos, pode-se relatar sua história individual ao relatar as suas viagens que seu personagem fez, os Pokémons encontrados na natureza, as experiências que tiveram e, principalmente, o quanto os seus Pokémons se fortaleceram, cresceram e quais foram capturados. Seu personagem é livre para explorar toda a região em que está inserido a partir do ponto de partida, movendo-se entre as rotas para alcançar os respectivos locais que seus desafios o aguardam. Todas os Capítulos de sua Jornada são escritas em forma de narrativa, pode ser tanto em primeira pessoa quanto em terceira pessoa, contando o ponto de vista do seu personagem e as situações que lidou no Mundo Pokémon.

Tenha em mente que a leitura do Prólogo no tópico História é obrigatória para todos os personagens criados. Seu personagem já possui seu 1° Pokémon, sua Pokedex, Trainer Card, C-Gear e está em Sunyshore City. Entretanto é possível escrever lembranças do seu personagem, como flashback's, caso queira escrever os eventos anteriores ao Prólogo.

Os capítulos também podem ser escritos em conjunto com outros personagens, dividindo as experiências de uma mesma Jornada.


Jornada Regras_de_Jornadas

— Apenas uma captura de cada personagem pode ser postada por dia;

— Apenas um Pokémon pode ser capturado por dia;

— Todos os Pokémons capturados devem estar obrigatoriamente na sua forma básica -incluindo a forma bebê caso tiver-;

— Todos os Pokémons capturados virão com Jornada PCSLzQv(1SPP);

— O SPP dos seus Pokémons só serão aumentados pelos Administradores ao lerem suas postagens com os desenvolvimentos de Pokémons;

— Nas viagens, os personagens não precisam atravessar rota por rota, entretanto, não viaje metade da região de uma só vez;

— Os Pokémons encontrados na natureza não são limitados pelas suas regiões, entretanto, seja coerente na hora de escolher o habitat;

— Para consultar os moves aprendidos até o SPP do seu Pokémon consulte a Pokédex. Será considerado a Movelist da 7° Geração;

— Ao final de cada Capítulo, é obrigatório ter um campo com os Resultados da Jornada, contando se algum Pokémon foi capturado, seu gênero e sua habilidade.

Exemplo de Resultados de Jornada:

— Não é permitido que capture nenhum dos Pokémons listados abaixo:
> Pokémons Iniciais - Bulbasaur, Charmander, Squirtle, Chikorita, Cyndaquil, Totodile, Treecko, Torchic, Mudkip, Turtwig, Chimchar, Piplup, Snivy, Tepig, Oshawott, Chespin, Fennekin, Froakie, Rowlet, Litten, Popplio -;
> Pokemons já evoluídos;
> Pokémons Shinies;
> Pokémons Fósseis - Kabuto, Omanyte, Aerodactyl, Lileep, Anorith, Cranidos, Shieldon, Tirtouga, Archen, Tyrunt, Amaura -;
> Pokémons com Variante Regional - Formas de Alola -;
> Pokémons Raros - Ditto, Porygon, Togepi, Unown, Smeargle, Castform, Kecleon, Spiritomb, Rotom, Larvesta -;
> Pokémons Lendários ou Místicos - Articuno, Zapdos, Moltres, Mewtwo, Mew, Raikou, Entei, Suicune, Lugia, Ho-oh, Celebi, Regirock, Regice, Registeel, Latias, Latios, Kyogre, Groudon, Rayquaza, Jirachi, Deoxys, Uxie, Mesprit, Azelf, Dialga, Palkia, Heatran, Regigigas, Giratina, Cresselia, Phione, Manaphy, Darkrai, Shaymin, Arceus, Victini, Cobalion, Terrakion, Virizion, Tornadus, Thundurus, Reshiram, Zekrom, Landorus, Kyurem, Keldeo, Meloetta, Genesect, Xerneas, Yveltal, Zygarde, Diancie, Hoopa, Volcanion, Type: Null, Tapu Koko, Tapu Lele, Tapu Fini, Tapu Bulu, Cosmog, Cosmoem, Solgaleo, Lunala, Necrozma, Magearna, Marshadow, Zeraora, Meltan -;
> Ultra Beast's - Nihilego, Buzzwole, Pheromosa, Xurkitree, Celesteela, Kartana, Guzzlord, Poipole, Stakataka, Blacephalon -.


Última edição por Vitória em Qua Fev 19, 2020 1:21 pm, editado 5 vez(es)
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Jornada Empty Entrada 01: Eu dou banho em Yanmas

Mensagem por Hoshino Subaru Sáb Abr 13, 2019 12:11 pm

Subaru escreveu:Depois de encontrar o diário de William Pieceman, decidi que faria o mesmo. Não tenho certeza do porquê, mas achei correto. Assim como ele, vou registrar tudo o que fiz em minha viagem, principalmente as minhas descobertas nesse diário tão estranho. Sinto que muito mais do que as suas aventuras estão registradas nessas páginas e, de qualquer forma, mesmo que eu não chegue a lugar algum, bem... eu estou nessa viagem para conhecer o mundo. Não estarei perdendo nada. Já fazem alguns dias que estou na estrada, mas acho melhor começar pelo início, antes mesmo de partir.

ENTRADA 01: Eu dou banho em Yanmas

Rota 213, Região de Sinnoh

Sempre que eu precisava visitar Pastoria para alguma entrega, eu dava um jeito de me esgueirar até a Rota 213 e passar algum tempo ali, mesmo que Windie a detestasse. Não a culpo. Sentei-me no chão, não me importando com a areia em minhas roupas, afinal, a partir dali eu iria para casa. O som as ondas batendo era relaxante e meus olhos deslumbravam a paisagem como se tentassem ver através do imenso azul. Eu realmente queria. Me perguntava que tipos de lugares existiam além do mar, após os tão distintos azuis que se misturavam até formar uma muito fina linha branca no horizonte. Eu sempre fui muito curioso, mas conforme eu crescia, esse traço da minha personalidade se tornou um sonho; eu queria sair, viajar, conhecer o mundo por mim mesmo, vivenciar experiências únicas. Para mim isso era ter uma vida plena. Porém, era impossível. Não por falta de oportunidades, recursos ou motivações. Isso eu tinha de sobra. As minhas amarras eram os meus próprios sentimentos.

Certo, acho que depois disso, eu preciso me apresentar, certo?

Sou Hoshino Subaru, tenho quinze anos e vivo em uma fazenda entre Solaceon e Pastoria. Talvez, “uma fazenda” seja pouco para descrever o lugar, considerando que é a maior de Sinnoh. Meus pais são os maiores produtores de Moo Moo Milk na região, além de produzir alimento e servir, de certa forma, como um centro de reabilitação para Pokémons que não conseguem mais viver na natureza. Nós os recolhemos, cuidamos e, se o Pokémon desejar, pode ficar conosco ou voltar para a vida selvagem. E, sim, eu sou muito rico, mas nem eu nem meus pais nos importamos muito com fortuna, tanto que sempre tentamos usar o dinheiro para fazer o melhor ao próximo, investindo em programas e ONGs que visam a proteção da natureza e dos Pokémons. Eu gosto da minha vida e as projeções que tenho para o futuro baseadas no meu presente. É seguro, confortável e estarei orgulhando meus pais ao seguir com o seu trabalho. Sei que vou ser feliz.

Ah, mas Subaru, você não precisa seguir o caminho dos seus pais para que eles se orgulhem! Isso seria egoísmo da parte deles!


Realmente, e eu amo meus pais exatamente por eles não serem esse tipo de pessoa. Inclusive, eles quem mais me encorajam a seguir meus próprios sonhos, mas eu sinto que devo isso a eles. Aí vem a parte interessante da minha história: sou adotado. Meus pais me adotaram quando eu ainda era um bebê e, quando eu já podia entender melhor as coisas, eles me contaram a verdade.

Oh não, Subaru, que triste! Agora você quer desbravar o mundo atrás dos seus pais verdadeiros, descobrir a sua história e quem você realmente é?


Se alguém pensou isso, a resposta é: não. Não tenho qualquer interesse em saber quem são os meus pais biológicos (biológicos, não verdadeiros, está vendo?), nem a história deles e eu já sei quem eu realmente sou. Eu sou Subaru, filho dos Hoshino e vivo em uma fazenda com uma família grande e muito feliz. Meus pais são as melhores pessoas do mundo, se vocês querem saber. Mesmo tendo outros filhos após me adotarem, nunca houve qualquer distinção entre mim e os meus irmãos. Eles são meus pais verdadeiros, legítimos, e não é o meu sangue ou um pedaço de papel que vai dizer o contrário. Eu estou muito bem comigo mesmo e a minha família e é exatamente por tudo o que fizeram e todo o amor que me deram que eu quero continuar com o negócio da família. Quero levar a fazenda para frente e fazê-la prosperar.

É aí que as duas partes de mim entram em conflito e eu não consigo seguir os meus sonhos. Há algo muito maior do que dar ouvidos ao meu egoísmo, afinal, o mundo não gira à minha volta.

Atrás de mim Windie relinchou, batendo os cascos impacientemente na areia. Virei para trás, a observando por um momento. Windie é uma Ponyta, um Pokémon pônei, de pelugem amarela bem clara e olhos negros. Até aí, nada de especial, tirando o fato de que a sua crina e rabo são feitos de fogo puro, fortemente alaranjado e que nunca para de queimar. O mais legal de tudo é que, as chamas não machucam dependendo de quem a toca, então é perfeitamente seguro montá-la, normalmente se esta pessoa for eu. Windie não era exatamente minha Pokémon, e sim do meu pai, mas estamos juntos há anos, então não faz muita diferença.

Meu pai e eu encontramos Windie na Rota 207, depois de visitar a Cidade de Oreburgh. Ela estava com uma das patas machucadas e havia sido abandonada pela manada, mas o pior de tudo, era que estava sendo espreitada por um bando de Luxios. Meu pai afugentou todos facilmente com o seu Tauros e, a meu pedido, capturou a Ponyta e a levamos embora para que fosse cuidada. Foi complicado conquistar a confiança de Windie, mas após muitos coices e queimaduras, nos tornamos amigos e agora ela me ajuda com as entregas.

Me levantei, batendo a areia das roupas.

Certo, vamos para casa — disse e montei em Windie.

Atravessamos Pastoria rapidamente, seguindo para o norte, adentrando uma estradinha de terra esquecida que ligava a cidade até a Cidade de Solaceon. A fazenda da minha família ficava naquele caminho. Eu gosto muito da minha casa, muito mesmo, mas eu detestava o lugar em volta. Primeiro de tudo: é úmido. Toda vez que passo por ali, parece que acabou de chover, mas na verdade toda aquela região é assim, graças aos pântanos. A grama estava sempre úmida e não havia terra, apenas muito, muito barro, tanto que, em alguns lugares, formava enormes poças que, quem se descuidasse, podia acabar com lama até o pescoço. Garanto que não é nem um pouco saudável. Fico me perguntando o que algumas pessoas têm na cabeça de visitar o Great Marsh de Pastoria, sendo que é o mesmo que vir até aqui, porém pago. Apesar de que o trem de lá é muito maneiro.

Apesar de tudo, o caminho estava tranquilo. Como moramos por aqui, estávamos acostumados a passar por ali, então evitar ficar enfiado na lama não foi difícil. O céu da tarde estava em um tom um tanto acinzentado, mudando aos poucos para um amarelo claro, o sol indo de encontro com o Mt. Coronet que dividia Sinnoh no meio, à oeste dali. Um dos meus desejos mais profundos ainda é subir aquela montanha, porém era um desafio apenas para os treinadores e viajantes mais experientes – coisa que eu não sou. Era um pouco frustrante pensar em todas as coisas que eu gostaria de fazer, mas não poderia nem me deixaria. Meu futuro estava traçado e muito bem, obrigado.

Porém, isso não impediu de uma rajada de vento cortar o meu caminho, dilacerando árvores inocentes, varrer boa parte da vegetação, carregar um garoto quase desacordado e ainda destruir tudo o que eu tinha planejado para minha vida. Sabe como é, você sempre pode contar com um grupo de Yanmas enfurecidos, liderados por um Yanmega enorme, para mudar completamente o rumo da sua vida.

Windie parou de repente, quase me derrubando das suas costas, fitando tudo incrédula. O som produzido pelo bater das asas dos Yanmas era ensurdecedor, como se um helicóptero tivesse decidido descer à terra. O poder das suas rajadas de vento fora forte o suficiente para limpar um grande pedaço da floresta. À frente dos insetos, havia um garoto no chão. Ele tinha cabelos pretos e usava um jaleco branco, mas agora estava sujo de lama e coberto de folhas. À frente do garoto havia um pequeno Pokémon, um pinguim de coloração azul clara que eu rapidamente identifiquei como um Piplup – era um Pokémon bastante raro, normalmente entregue aos novos treinadores em Sinnoh. Ele parecia machucado e seus olhos azul marinho fitavam os Yanmas com um misto de terror e raiva. Eu sabia que, se aquilo continuasse, não sobraria nada daqueles dois.

Aproximei o rosto do de Windie.

Windie, eu sei que você detesta batalhar, mas se não fizermos nada, eles podem morrer — explicou à Ponyta.

Windie realmente detestava ter que batalhar. Primeiramente bufou e bateu os cascos, mas logo acenou com a cabeça, confirmando que deveríamos fazer aquilo. Respirei fundo. Eu não tinha experiência alguma em batalhas, mas precisaria aprender em aproximadamente dez segundos.

Windie, Growl! — comandei para Windie, que rapidamente elevou-se nas duas patas e relinchou bravamente.

A parte boa: deu certo. A parte ruim: deu tão certo que os Yanmas esqueceram do Piplup e seu treinador e focaram em nós. Infelizmente agora era tarde para dar meia volta e fugir. Eu provavelmente estava ficando louco, mas continuei.

Agora Tackle!

É, muito louco.

Windie relinchou algo que provavelmente era “você ficou maluco?”, mas não hesitou, galopando velozmente na direção dos Yanmas. Próxima o bastante, ela saltou, enfiando-se entre dois deles sem atingi-los totalmente, mas assim que o fez, seu corpo todo se incendiou, ativando a sua habilidade especial, Flame Body. Como eu dissera antes, as chamas de Windie não me machucam, portanto eu senti apenas um pouco de calor, enquanto as línguas de fogo me tocavam. Já os dois Yanmas estavam com queimaduras e todos se assustaram, perdendo a concentração por um momento, voando em círculos.

Eu saltei rapidamente e me aproximei do garoto e o Pokémon no chão, ajudando-o a levantar. Ele tinha um corte na testa, mas não parecia sério. Me fitou atordoado, abrindo a boca para começar a falar.

— O quê...?

Olha, você não parece muito bem, vamos sair daqui rápido! — eu disse.

Sem muito jeito, o fiz subir em Windie, também pegando o Piplup nos braços e montei na Ponyta, que não estava muito feliz com tanta gente em suas costas. Ela poderia me carregar por horas sem cansar-se, mas dois era demais.

Por favor, só até despistá-los! — pedi.

O barulho dos cascos de Windie era abafado pelo som das furiosas asas dos Yanmas. Velozmente, a Ponyta galopou para dentro da floresta, pulando por cima de poças de lama e desviando habilmente de árvores. Aos poucos o terreno plano dava espaço para um leve declive, mas não me importei com isso agora, porque os Yanmas já tinham se recuperado do susto inicial e já estavam nos perseguindo novamente.

Eu não sabia descrever exatamente como eu estava me sentindo, tantas emoções ao mesmo tempo competindo por espaço no meu peito. O medo era óbvio, afinal, eu não queria acabar fatiado pelos Yanmas, mas uma estranha empolgação crescia, me enchendo de adrenalina. Eu me sentia mais vivo e tinha mais consciência do meu próprio corpo como nunca. Um sorriso se formou nos meus lábios. Na hora eu não sabia, mas aquela era a minha primeira aventura.

Os insetos enfurecidos nos alcançaram assim que o declive se tornara uma úmida descida de grama, dificultando a corrida de Windie. Os Yanmas nos cercaram, suas asas batendo tão rápido que não passavam de borrões semitransparentes. Eu podia notar que a Ponya estava se cansando; se eu não fizesse nada, estaríamos perdidos.

Eu gritei assim que o primeiro Yanma atacou, disparando uma lâmina de vento na direção das pernas de Windie, mas a Ponyta saltou agilmente para o lado, desviando e voltando a correr colina abaixo. Os nossos inimigos não ficaram satisfeitos, disparando mais lâminas de vento frenéticas, cortando o ar e forçando Windie a ter que desviar várias vezes, cansando-se mais rápido.

Agora o pânico estava ficando maior em mim. O que eu poderia fazer para impedir que acabássemos fatiados no meio daquele barro todo? Windie não gostava de batalhar, então o único movimento efetivo era Ember, mas contra aquela quantidade de Yanmas, não seria de grande ajuda, ainda mais com as gotas que caíam das árvores.

As gotas...

Eu olhei melhor à minha volta. As árvores eram grandes e as copas tão cheias que se uniam, formando um telhado de folhas que impedia que a luz do sol penetrasse, escurecendo a floresta. Chovera recentemente, portanto as árvores ainda estavam cheias de orvalho, gotejando sem parar, como uma fraca garoa. Desci o olhar até o Pokémon em meus braços, que continuava fitando os Yanmas assustado e uma ideia passou pela minha mente.

Ei, cara — cutuquei o garoto que agora estava sentado sobre o lombo de Windie. — Quais são os ataques que o seu Piplup sabe?


Ele me olhou confuso e depois para o Piplup.

— Bem, na verdade ele não é meu — respondeu. — É para um novo treinador.

Não importa. Se não usarmos, vamos morrer!

— Sim, desculpe. Ele sabe Pound, Growl e Bubbles...

Perfeito — fitei o Pokémon, que agora tinha a atenção em mim. — Por favor, use o Bubbles na direção da copa das árvores, sem parar!


Rapidamente peguei o Pokémon com as duas mãos, elevando-o acima da minha cabeça. Piplup estufou o peito por alguns segundos, depois esticou a cabeça para frente, disparando uma intensa e contínua rajada de bolhas na direção das folhas das árvores, enquanto ainda corriam montados em Windie. O efeito foi exatamente o que eu esperava. Conforme as bolhas atingiam as folhas molhadas, a água caía acima dos Yanmas aos montes, molhando as suas asas e tornando-as pesadas, de forma que os faziam voar mais devagar.

Agora neles! — e apontei o Piplup para os Yanmas.

As bolhas atingiram os nossos perseguidores em cheio, molhando ainda mais as suas asas e os obrigando a pousar. Não pude segurar o sorriso triunfante no meu rosto, enquanto nos afastávamos velozmente dos Yanmas, descendo vários metros até chegarmos ao fim do bosque, na beira de um rio. Havíamos chegado à parte sul da Rota 212, que conectava Hearthome a Pastoria. Windie parou e rapidamente desmontamos dela. A Ponyta ofegava, evidentemente cansada de correr carregando todo aquele peso, então ajoelhou-se sobre a parte mais seca da grama e ficou ali, descansando, apesar do ar superior que ela propositalmente tentava passar, algo como “Sim, eu salvei as bundas de vocês de serem fatiadas por insetos enfurecidos, me venerem”.

Eu me aproximei do garoto, que ainda parecia um pouco tonto.

Tudo bem? — perguntei.

Ele me fitou, parecendo aliviado, enfim conseguindo abrir um sorriso.

— Eu... me desculpe por tudo isso, eu nem sei como te agradecer! — ele disse rapidamente e segurou as minhas mãos, apertando-as e balançando rapidamente. O garoto parecia um tanto nervoso, provavelmente por tudo o que tinha acontecido.

Não precisa agradecer, sério — eu disse, um pouco encabulado. Não era sempre que ouvia algo parecido.

Percebi que ainda estava com o Piplup nos braços. Fitei-o por alguns segundos e logo o devolvi ao garoto, que pegou-o cuidadosamente. Por algum motivo, me senti um pouco chateado, mas não sabia dizer exatamente o porquê. O moreno me observou novamente, depois olhou para Windie. Parecia um tanto pensativo.

— Ah, eu ainda não me apresentei — disse ele. — Eu sou Hirotaka, um dos assistentes do Professor Hemlock. É um prazer conhece-lo!

O prazer é todo meu — eu respondi, um pouco mais polido que o normal. — Eu sou Subaru. Então... o que aconteceu para vocês serem atacados? — perguntei curioso.

“Então... eu estou viajando há alguns dias para entregar estes Pokémons” apontou para duas outras Pokébolas dentro da bolsa que carregava “para novos treinadores. Nós havíamos parado para comer na floresta, mas esse bando de Yanmas passou e o Piplup entrou em pânico. Eu não sei tanto sobre ele, mas o Professor me contou que, antes dele ser capturado, este Piplup foi atacado por um enxame de Combees e acabou desenvolvendo uma intensa fobia a Pokémons do tipo inseto. Mesmo no laboratório ele atacava qualquer Pokémon inseto que aparecia na frente. Eu achei um tanto imprudente, mas o Professor acredita que a melhor forma do Piplup tratar desse trauma é com um treinador”.

— Subaru, você é um treinador? — Hirotaka perguntou subitamente, me pegando de surpresa. Ele olhava novamente para Windie.

Hmm... Na verdade, não, eu não sou treinador — respondi, apesar de que gostaria de dizer o contrário.

— A sua Ponyta parece ser muito bem cuidada, então pensei... — a voz dele morreu, voltando para mim. — Acho que você seria um ótimo treinador. Sabe, você derrotou todo aquele bando usando apenas a sua cabeça, dois Pokémons sem experiência em batalha e o que tinha à sua volta. Consigo ver o talento em você.

Minha voz sumiu por um momento. De certa forma, eram as palavras que eu queria ouvir. Meus pais sempre disseram que eu tinha jeito com os Pokémon e devia ser um treinador, mas por não querer deixá-los, fugi do meu próprio sonho. Era diferente ouvir aquilo de Hirotaka, afinal, ele era assistente de um Professor Pokémon. Ele trabalhava naquilo e estava naquela viagem para formar novos treinadores. Talvez aquela fosse a sua chance de seguir os meus sonhos. Uma sensação estranha tomava conta do meu estômago; excitação, expectativa e indecisão.

Eu... eu não sei... — eu disse com a voz baixa, evitando o olhar do garoto. — Não sei se realmente tenho jeito para isso e... tem meus pais, também...


— Se precisar eu converso com eles! Posso até pedir ao professor falar com eles! — ele tentava me convencer, afobado. — Esse é um grande ano para novos treinadores, você não pode perder essa oportunidade!

O que vai acontecer? — perguntei, uma pontada de curiosidade nascendo.

— Eu não sei todos os detalhes ainda, mas uma grande cidade no meio do mar está para ser fundada, e vai ser como a capital do mundo para os treinadores! Vai ser incrível! Além disso, uma nova Liga Pokémon, totalmente repaginada, vai começar. Soube que a Confederação está procurando por treinadores talentosos em todas as regiões, além de incentivar os iniciantes! — ele falava rapidamente, parecendo mais animado conforme dava as informações. Parecia realmente incrível. Ele pegou as minhas duas mãos, fitando-me sério dessa vez. — Eu insisto. Você deve se tornar um treinador.

E-eu... tudo bem — respondi, desviando o olhar.

— Isso! Vai ser incrível! Tenho certeza que você vai ser um grande treinador!

Espero... — murmurei.

— Certo. Subaru, eu tenho aqui três Pokémons comigo. Sei que esse é um momento estranho para escolher seu Pokémon, mas... bem!, uma hora tinha de acontecer! — ele dizia enquanto vasculhava a bolsa, pegando mais duas Pokébolas e deixando o Pìplup no chão. — Eu tenho três Pokémons comigo, que eu estava levando para um treinador em Solaceon. Eu devia levar todos, mas acho que não vai se importar de ter um a menos, né? Enfim!

Hirotaka libertou os outros dois Pokémons.

— O primeiro Pokémon é o Piplup, do tipo Água, mas esse você já conhece — apontou para o Piplup, que me olhava intrigado com seus olhos azul-marinho. — Esse aqui é o Chimchar, do tipo Fogo.

Ele sinalizou o segundo Pokémon. Era um pequeno chimpanzé, com a pele amarela e pelos alaranjados. Ele sorria bastante e onde devia ficar o seu traseiro havia uma pequena chama. Me perguntei se não doía.

— E este é o Turtwig, do tipo Grama.

O último Pokémon era uma tartaruga. Ele era verde e a carapaça nas suas costas tinha cor de terra. Havia um brotinho no topo da sua cabeça e ele me fitava relaxado, como se estivesse descansado. Me peguei fitando os três atentamente, depois voltei-me para Hirotaka.

Hm... é pra eu escolher?


— Mas é claro! Um deles vai ser seu novo Pokémon!

De repente um estranho nervosismo se apoderou de mim, pontuado pela indecisão. Eu imaginava aquele momento há anos. O dia em que eu receberia o meu primeiro Pokémon. Respirei fundo, tentando me controlar. Aquele seria o meu primeiro, o que me acompanharia pela minha jornada. Era um pouco estranho, porque normalmente imaginava Windie ocupando este lugar, mas acredito que ela prefira ficar na fazenda a ter que viajar sem rumo batalhando por aí. Voltei a fitar os Pokémons, observando principalmente o Piplup. De certa forma, já havíamos trabalhado juntos e ele era realmente bonitinho. A escolha era mais fácil do que eu imaginara. Me abaixei, fitando o pinguim e estendendo a minha mão para ele.

Hm... — comecei, um tanto encabulado. Meu rosto corava. — Você quer... quer vir comigo, Piplup?


O pinguim me fitou fixamente, como se me avaliasse. O nervosismo que ele sentia antes, causado pelos insetos, havia desaparecido. Agora ele era desconfiado e analítico. Eu conhecia bastante aquele olhar; existiam Pokémons orgulhosos demais e que não se deixariam treinar por pessoas que eles não acreditassem ser dignas. Achei que ele me recusaria, até que tocou a minha mão com a ponta da asa.

Pip!


E foi assim que eu conheci Pollux, meu primeiro Pokémon.


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Jornada Empty Capítulo 01 - O horizonte me chama

Mensagem por Vitória Sáb Abr 13, 2019 10:15 pm

O sol escondia-se timidamente por entre as montanhas ao longe, permitindo somente que fracos raios colorissem o céu em tons alaranjados em sua despedida do dia. O alaranjado da paisagem encontrava-se ao horizonte com o oceano, movimentado devido a passagem do cruzeiro cortando suas ondas. Estavam finalmente próximos de atracar a embarcação e Vitória não perderia um segundo sequer dessa cena; possivelmente não a única devido a quantidade de outros treinadores presentes no convés. Ver o sol tão próximo da costa trazia completamente o significado da cidade em que aportariam.

Sob o parapeito do convés encontrava-se um pequeno Pokémon pintinho de tons similares ao céu, enquanto junto um ratinho de tamanho ainda menor que carregava a cor das ondas. No centro de ambos estava a jovem de belo vestido branco balançando ao vento, como a linha do horizonte de encontro entre o céu e o mar. Era como se estivessem retratando a própria imagem que avistavam.


Se lembra desse mesmo horizonte quando fizemos nossa escolha de sair pelo mundo? — a delicadeza proporcionada pelos lábios da jovem era surreal. A voz era como de uma doce princesa, inocente e pura, trazendo memórias serenas com seu falar. — Em uma semana mudamos completamente nossa vida. — o vestido branco continuava a balançar agora tendo a companhia dos longos cabelos azuis, criando uma imagem angelical para a jovem em diálogo com o próprio Pokémon. — Estamos firmando nossa decisão sob o mesmo céu. Certo Nami? — os olhos acinzentados fixaram no Pokémon azul em cima de sua própria cauda. Quando formou um sorriso em seus lábios recebeu um grunhido feliz da companheira.



~x~x~x~


Jornada RVB1ZOg

CAPÍTULO 01 - O horizonte me chama

Rota 109, Hoenn

O gralhar de gaivotas sobrevoando a rota oceânica é bastante comum naquela região, possuindo Wingull's em qualquer lugar com uma ínfima quantidade de água. Voam em bandos sobre navios mercadores que desbravavam o incrível oceano de Hoenn, pousando sobre suas velas até serem espantados por marinheiros. Assistir a essas criaturas, irritantemente belas ao meu ver, é confortável enquanto meu corpo balança junto do barco. É quase como uma terapia. Poder encarar o céu tão aberto ou então fechar os olhos e sentir as ondas suaves te moverem. Nami concorda comigo, tanto que diversas vezes preciso acorda-la na hora de retornar para a praia.

Em meio ao mar da rota 109, não tão distante da praia mas o suficiente para não ser incomodada por crianças, encontro um momento de reflexão sobre mim mesma enquanto dentro de um barco de pesca. Aliás preciso me apresentar, não? Eu sou Vitória! Nasci em Slateport com descendência de Hoenn mesmo, junto também de Alola. Posso dizer que tive bastante sorte pois, diferente dos meus pais que lutaram por tudo o que têm, eu somente nasci em um ambiente agradável e de boas condições de vida. A escolha de viver em uma cidade portuária se deve a profissão do meu pai; sabia que ele é um famoso por toda Hoenn por suas habilidades navais e seu estaleiro? Sinto bastante orgulho de seu trabalho. Não só orgulho mas também... fascínio! Já se imaginou desbravando o oceano e explorando novas regiões?! Bem, se não, te convido a tentar!


Nami! Nami vem ver! — movi a cabeça para o lado, sentada no pequeno barco. — O sol está de pondo! — meus chamados trouxeram o movimentar da criatura com torno de 20 centímetros de altura. O ratinho de pelugem azulada e sem patas dianteiras se ergueu com o auxílio da enorme cauda, subindo sob ela. — Não, olha para a oeste!


Com a indicação necessária a Azurill saltou sem sair do lugar, movendo apenas para o lado e assistindo comigo a cena. O alaranjado dos céus estendia-se até se tornar uma única linha branca perante o azul escuro do mar. Estava tão distante. Deixei que o vento movesse meus cabelos azuis, agora soltos, antes de voltar a encarar Nami.


Não é lindo...? — a voz baixa foi suficiente para a ratinha ouvir. Um grunhido contente foi expressado de sua boca. — Eu queria poder ir. Como os outros treinadores. — um sorriso que eu começava a se esboçar foi desfeito com a realidade imaginada.  — Entrar naquele cruzeiro pelo mundo. — acinzentados como sua vontade se esfalecendo, os olhos fecharam-se.


Com desânimo larguei-me novamente sobre o barco, deitando desconfortavelmente da forma que podia. De olhos fechados não pude ver mas conseguia sentir uma aura negativa ser expressada pela ratinha. Com o som de seus pulos aproximou-se de mim e deitou em cima da minha barriga. Novamente o barco balançava com as ondas e agora restava somente os sons em volta para tentarem afastar o ar pesado instalado na minha embarcação.

O real motivo de tanto refletir no meu barco a deriva no oceano é tentar confrontar a vontade de ir além que me domina. Eu não comentei antes mas tenho 15 anos e sim, não tenho Pokémons oficialmente meus, cartão de treinador ou sequer saí por conta própria pelo mundo. É algo que surpreende aqueles que descobrem, e, bem, também me torna diferente do resto do mundo. Na realidade eu sou diferente e só preciso aceitar... mas é tão difícil.
Na minha infância descobriram que eu era uma criança especial. Um diferencial que apenas me deixava ainda mais afastada das outras. Não comendo por aí mas é difícil quando a grande parte da cidade já sabe, acostumados comigo desde criança e me tratando com cuidado. Possuir uma deficiência cerebral, a qual dificulta armazenamentos de memória curta, me faz ser uma pérola que precisa se manter protegida em sua concha. Eu não me irrito pela preocupação das pessoas ou da minha mãe, tenho ciência que é pelo meu bem. Mas dizer que gosto de ser tratada como inferior ou privada de tentar é frustrante; eles sequer sabem se conseguirei. Ao ponto que estou acho que nem mesmo eu acredito.

Minha paixão pelo mar, no entanto, não é justificada somente por desejar me isolar e refletir. Eu citei meu pai, não? Capitão Stern. Ele que trouxe para mim essa sensação de liberdade no oceano. O único lugar aonde eu era livre de olhares preocupados comigo mesma era nas embarcações junto do meu pai. Ele me levava para passeios em lanchas, jet ski's e até mesmo enormes navios, aonde eu brincava por todo o convés. Inclusive minha foto favorita foi tirada por ele durante um desses passeios. Eu estava tão sorridente... cabelos soltos ao vento, um vestido alaranjado e um casaco amarelo sob meus ombros para não resfriar com a noite fria. Eu me sentia confortável como nunca...
Jornada VZbotlk
...mas esses passeios, mesmo que eu possa sozinha pegar uma lancha e ir, não me libertam mais. O que mais me angustia é não poder ir além do horizonte.

Aos 10 anos via crianças recebendo Pokémons e partindo por Hoenn, todavia eu não podia fazer o mesmo. Recebi Nami de um ovo neste mesmo ano mas sequer a tenho oficialmente como Pokémon ou posso treina-la. No fim, a cada ano novas crianças saiam e eu ficava para trás. Eu almejo conhecer o mar assim como meu pai conheceu em sua juventude, explorar o mundo e conhecer o que este tem a me oferecer... mas não me dão a chance de tentar.
Ultimamente ando ainda pior com a descoberta da Pocket Monster League. Não é mais viajar por uma região que está em jogo; é viajar por todas em uma única liga! Eu pretendia pedir ao meu pai para permitir que este ano eu me tornasse treinadora, porém ele se encontra ocupado. É um dos principais designers da construção do S.S. Kyogre e não o vejo a quase um mês. Falta apenas uma semana para o S.S. Kyogre buscar os treinadores inscritos. E aqui estou eu, refletindo sozinha em um barco... gostaria que ao menos minha avó ainda estivesse aqui...

Despertei em um pulo de meu barco quando uma buzina de navio ecoou por todo o mar.


S.S. KYOGRE?! — a voz saiu incrédula, quase como se meus sonhos estivessem acontecendo em minha frente.


Perdida procurei o som da buzina e localizei o enorme cruzeiro se aproximando, tendo sua buzina como um aviso distante para eu retirar meu barco do trajeto. Sentia meu coração explodir enquanto era dominada pela ansiedade. Isso estava mesmo acontecendo?!


Azu? — o baixo grunhido confuso de Nami despertando me fez desviar o olhar do cruzeiro para a Pokémon. Quando retornei para o navio senti o peso da decepção. As mãos foram até os olhos os esfregar apenas para garantir que estava me enganado.

Nã-Não... é só minha mente pregando peças... — murmurei baixo ao perceber que não se tratava do S.S. Kyogre. Era o navio que meu pai partiu e agora estava retornando. — Não que fizesse alguma diferença ver o S.S. Kyogre. — um suspiro acompanhou minha ação de me erguer no barco e pegar os remos, movendo-o. — Mas se meu pai chegou será que... será que ainda tem tempo? — a pergunta direcionada para Nami teve como resposta um grunhido alegre da ratinha. — Se eu pedir ele pode conseguir me inscrever de última hora e-e... e eu conseguiria participar da liga! Ir além do que ele um dia foi! — de pé, mantive-me firme sob o barco e fechei os punhos convicta. Quando notei a reação que tive imediatamente as abri, encabulada. — Eu... eu estou sonhando demais, não é Nami?

Rill! — esbravejou como uma negação. Pulando sobre sua bola, virou-se à oeste para fitar o sol terminando de se pôr no horizonte.

Ir além do horizonte... e-eu consigo isso! — as mãos genuinamente se fecharam novamente. — Eu consigo ser ainda mais que uma capitã conhecida na região! Irei para o S.S. Kyogre e provarei que consigo!!


Diante minha declaração para o pôr do sol recebi grunhidos concordantes de Nami, marcando a promessa que dessa vez não me permitiria ser influenciada pelos outros. Se não acreditam que consigo, serei a única a acreditar e a provar isso! Porém também recebi mais buzinas do navio, quase me ensurdecendo no processo e recordando que precisava remar rapidamente o barco para fora do trajeto.


Slateport, Hoenn

Deixando o barco de pesca de volta para a praia corri até em casa, aguardando a chegada do meu pai. Entreguei as notícias para minha mãe e juntas preparamos uma pequena "festividade", a qual se resume em soltar confetes na cara do papai quando ele entrasse em casa. Tivemos o jantar com as histórias de ambos os lados perante esse tempo distantes, aonde ficava cada segundo mais ansiosa. Ouvir meu pai falando sobre o S.S. Kyogre despertava ainda mais minhas vontade; e sinto que ele almejava fazer isso, visto que continuou contando conforme eu instigava a conversa. Por outro lado minha mãe percebeu o que estava ocorrendo e tratou de acabar com o assunto antes que se prolongasse mais.

Visto a oportunidade em minhas mãos, tomada pela empolgação, soltei meu pedido com um sorriso estonteante no rosto.


Eu queria pedir para vocês dois me deixarem participar da Pocket Monster League! — soltei o pedido, tendo em segundos depois um medo da resposta.

Não. — Sina, minha mãe, respondeu ríspida.


Senti mais uma vez ter sido enganada por mim própria. Havia alimentado esperanças demais para um assunto já decretado à 5 anos. Com o olhar acompanhei minha mãe levantar da mesa insatisfeita, recolhendo os pratos e se locomovendo até a pia.


Sina. — mais uma vez meu pai tentou intervir no diálogo anual.

Não, não e não. Já discutimos isso diversas vezes e a resposta não vai mudar. — de cabeça quente acabou por elevar sua voz, ligando a torneira com um movimento brusco. — Você ainda não tem maturidade para se cuidar sozinha no mundo.

Por que ainda não posso? — respondi de volta tendo a elevação no mesmo tom ao fitar as costas da minha mãe.

Quer saber o porque? Então me diz se você sabe cozinhar! Se sabe administrar seu dinheiro! Se sabe cuidar das suas roupas no meio de florestas e rotas! — a cada palavra de sua extensa lista mais eu me calava. — Se sabe se defender enquanto em cidades grandes, ou se sabe se localizar por mapas e não ficar perdida na primeira rota que entrar! — ao fim de suas palavras virou-se para mim, eufórica com o próprio desabafo.

Tá... eu vou para meu quarto. — empurrei a cadeira para trás e me levantei também, dando meia volta e indo.


O silêncio que deixei para trás não doía tanto quanto a realidade; eu realmente era incompetente. Adentrei no quarto e ao encarar Nami, deitada na cama, a abracei com força. Não conseguia mais segurar cada gota de lágrima que suportei enquanto na sala de jantar.

Por outro lado Sina também não segurou as lágrimas que haviam sido tampadas por sua indignação, largando os pratos sobre a pia e tentando as limpar de seu rosto. Stern havia ficado no meio do tornado que ocorreu, suspirando como se já premeditasse esse cenário a anos. O capitão levantou com calma e segurou a mão da esposa, ajudando-a a acalmar aqueles sentimentos que não passavam de preocupação por sua filha especial; era uma dura concha que não permitia sua pérola respirar, e agora tocava-se disso.
Alguns minutos seguintes e já haviam retornado para a mesa aonde discutiam em tom baixo.


Mas viajar pelo mundo já é arriscado o suficiente para um adolescente, imagina para ela. — Sina argumentava, agora mais racional. — E se ela se perder? EM OUTRA REGIÃO. É algo que vai estar além dos nossos alcances para a ajudar.

Você precisa confiar nela. — tocou a mulher no ombro. — Desde criança a estou ensinando sobre orientação marítima, análise de clima, dos ventos. Ela tem mais habilidade para se localizar quando perdida do que a maioria dos treinadores tem quando saem de casa.

E a Nami? Até hoje ela não conseguiu cumprir a promessa que fez com sua mãe.

Isso é verdade ma-

Eu temia essa promessa caso acontecesse muito cedo. Se ela fosse capaz de cuidar do ovo até se tornar um Marill ela poderia sair em jornada, mas em 5 anos isso não aconteceu. — trouxe como argumento um dos últimos contatos de Vitória com Tala, sua falecida avó paterna. — Ela não foi capaz de treinar direito a Nami.

Certo. Concordo com isso. — quando finalmente não foi interrompido, fez sinalização para Sina respirar fundo. — Então me diga o porque acha da Azurill não ter evoluído até agora.

Eu já disse. A Vitória não a treinou direito. — recebeu um sinal do marido para explicar mais. — Oras, não a preparou para batalhar, não a dá chances de tentar para se provar e fica mimando demais. É como se não deixasse a Azurill viver.

Bem, esse cenário é o mesmo que se repete com você e a Vitória. — as palavras foram diretas e surtiram efeito imediato.


A reação da mãe foi tomar em mãos um lenço que já estava próximo e limpar as lágrimas, respirando ainda mais fundo enquanto entendia o recado. Stern, ao perceber que havia sido bem direto, a puxou para um abraço em forma de conforto. A surpresa maior fora que, enquanto o diálogo havia se iniciado, eu havia saído do meu quarto para pedir desculpas por ter respondido; parada no corredor ouvindo atrás da parede, mantive-me boquiaberta com a forma do meu pai contornar a situação.


Suas outras preocupações estão solucionadas. Enquanto auxiliava no término do S.S. Kyogre me informaram sobre um novo dispositivo chamado C-Gear que darão aos novos treinadores. Permitirá teleportarem para Link City a qualquer instante. — suas palavras trouxeram uma tranquilidade para a mulher. — Ela terá aonde comer, aonde dormir, aonde treinar, aonde se proteger. Aguardamos 4 anos em busca de uma oportunidade melhor e ela está em nossa frente. — trocou olhares com Sina, encarando-a diretamente. — Confia em mim para deixarmos nossa pérola conhecer o mundo por si própria?

S-Se tudo o que você falou for verdade... acho que sim...


A resposta incerta havia sido mais do que o suficiente para meu pai e eu. Em um instante corri de volta para o quarto fingindo não ter ouvido nada, agarrando Nami em mãos e girando com a pequena bebê confusa; primeiro cheguei chorando e depois comemorando. Quando escutei passos tratei de apagar a luz e deitar na cama em um grande teatro. A empolgação sequer me permitia dormir, permanecendo acordada até o momento em que meu pai entrou no quarto para me dar a novidade.

Minhas capacidades enganadoras eram tão medíocres que não consegui segurar a verdade, assumindo que escutei a conversa. Entretanto o momento era tão espero que nós dois que apenas nos abraçamos contentes, aonde mais uma vez me permiti chorar. Era um dia bastante especial aonde me senti como qualquer um; não seria um problema de memória que me barraria de explorar o mundo.

A manhã seguinte foi uma correria que, inicialmente, me encontrava completamente perdida. Minha mãe selecionava diversas malas tentando encontrar a perfeita para algo, enquanto que meu pai fazia diversas ligações com seus contatos. Confusa, precisei de um exercício de memória por parte de Stern para recordar pouco a pouco o que ocorreu no dia anterior que merecesse tamanha urgência; recordei da promessa no pôr do sol e por fim da permissão de entrar na Pocket Monster League -e, talvez um positivo de perder a memória foi meu pai ter visto duas vezes a minha imensa alegria com a notícia. Meu pai conseguiu marcar com um assistente do Professor Hemlock em Lilycove City para me entregar iniciais, pokedex, pokebolas e cartão de treinador, me registrando o mais rápido possível para não perder o S.S. Kyogre, enquanto que minha mãe fazia as malas para tudo ficar pronto.
Levaríamos três dias para chegar em Lilycove e três para voltar, ficando com o tempo limite para não perder o cruzeiro. Com tudo isso acabei entrando na correria junto.


Lilycove, Hoenn
Os dias de ida passaram-se tediosos. Mesmo adorando viagens marítimas era impossível que eu controlasse minha animação, almejando apenas chegar na nova cidade em instantes. E pior que acabamos indo em um barco de cargas pela urgência, sendo este o único disponível. Uma viagem lenta, entediante e sem sequer ter Nami por perto para brincar, visto que a pequena ratinha ficou em casa com minha mãe. Com suspiros pesados, passava a maior parte do tempo no convés do barco deixando os ventos balançarem meus cabelos e vestido enquanto apreciava alguns Pokémons aquáticos salvando para fora da água.

Aportando na cidade seguimos imediatamente para o museu da cidade aonde éramos aguardados. A emoção de correr por uma cidade com tempo tão limitado era, de certa forma, animadora. Havia adrenalina em todo meu corpo em busca de não perder essa oportunidade. Me sentia finalmente a protagonista da minha vida.
A decoração do museu e suas obras não chamaram tanta a atenção quanto o jovem de jaleco branco carregando consigo uma maleta de couro. Ao avistarmos levantamos a mão, eufóricos depois de atravessar a cidade em disparada. Deixei que meu pai assumisse a nossa apresentação, além de agradecer a disponibilidade de realizar esse serviço urgente. Por já possuir conhecimento dos itens a serem entregados acabamos adiando imediatamente para a escolha dos iniciais.


Eu peço desculpas pela falta de opções mas pela urgência da qual me chamaram não obtive acesso aos iniciais de outras regiões. — timidamente se desculpou sem motivo, aproximando a maleta do chão e abrindo-a. Menos eufórica, visualizei as 3 pokebolas com brilho no olhar. — Os únicos que tenho aqui comigo são os pertencentes a Hoenn.

Não é culpa sua, nós que demoramos para agir e te colocamos nessa situação. Não é problema algum, certo filha?

Nenhum um pouco! — a sinceridade era visível pelo quão maravilhada eu estava ao fitar as pokebolas. — Na verdade mesmo com todas as opções acredito que escolheria um de Hoenn. Já sou familiarizada com eles por ter nascido aqui.

Menos mal, fico feliz em ouvir isso! — o jovem sorriu de volta para mim.

Podemos ir para a apresentação dos iniciais? — com uma voz grossa, Stern cortou a interação que ocorria com um olhar desconfiado. — Mesmo sabendo quais são seria interessante conhecer as personalidades desses em específico.

S-Sim senhor!


Ri baixo quando notei o quão ameaçador meu pai soou, fazendo com que o jovem assistente sequer me olhasse novamente. O garoto abriu as 3 pokebolas simultaneamente permitindo que as 3 criaturas surgissem lado a lado no chão. Já conhecidos da região, restou reparar nas personalidades apresentadas pelo trio.


O Pokémon lagarto de madeira, Treecko, é um parceiro extremamente fiel e perfeito para proteção de seu treinador! Esse Treecko é bastante quieto e gosta de compartilhar da companhia com seu treinador, permanecendo a sua volta para assegurar de sua segurança. Eu diria que é um ótimo escudeiro. — meu olhar encarou o esverdeado, do qual cruzou os braços com um galho em sua boca. — Já o Pokémon pintinho, Torchic, é bastante aventureiro e curioso. Esse em particular costuma xeretar qualquer situação incomum e enfrenta-la com gosto. Acredito que com ele se torna fácil enfiar em situações complicadas. — enquanto o assistente coçava a nuca, encarei o pintinho curiosa, ele que por sua vez abaixou a cabeça e bicou o chão de concreto. — E por último o Pokémon peixe-lama, Mudkip, o qual é bastante brincalhão com as situações que se encontra. Tem prazer em interagir com o treinador e gastar mais tempo se divertindo. É bastante fofo, não? — o Pokémon, ao ser encarado, soltou uma pequena risada e balançou a cabeça alegremente.


Eram 3 completamente diferentes entre si, de fortes personalidades que possivelmente seguiriam a risca. O ato de fazer uma escolha analisando-os em tão pouco tempo é, sem dúvida, difícil. Mas se havia algo interessante que ouvi pelas suas descrições era uma similaridade comigo. Se havia algo que mais almejo é ir além do horizonte e descobrir o mundo, tal como...


Você poderia pegar o Treecko, será um parceiro ideal para te ajudar no começo da jorna-

Eu vou querer o Torchic! — animada, agachei em frente ao pintinho "ciscando" o concreto. Seu olhar se levantou para mim, piscando algumas vezes com curiosidade. Estendi a mão para o pequeno, fechando os outros dedos e deixando somente o indicador apontando para ele. — O que acha? Quer desbravar todas as regiões comigo?


O momento aguentando a resposta parecia interminável. Foi com um movimento rápido que, movendo a cabeça, bicou levemente o meu dedo, piando baixo em seguida com alguns pulinhos em conjunto. Soltei uma risada em conjunto do assistente pela escolha enquanto podia ter certeza que meu pai fazia um facepalm. Entretanto estou mais do que segura da minha escolha.

~Continua

Resultados escreveu:
Jornada Torchic
Torchic
Gênero:
Habilidade: Speed Boost


Última edição por Vitória em Dom Abr 14, 2019 2:29 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Hoshino Subaru Dom Abr 14, 2019 2:12 am

ENTRADA 02: Eu saio de casa

Algum lugar entre Solaceon e Pastoria, Região de Sinnoh

Só me dei conta de onde estava quando me deparei com a grande placa na entrada da fazenda, iluminada por duas grandes lanternas. Era branca e curva, feita de metal, com “Fazenda Hoshino” pintado em vermelho, em letras garrafais, ao lado do desenho de um copo de leite. Já tinha anoitecido, o céu tomara um escuro tom de azul, pontilhado de estrelinhas prateadas. Preocupado com Windie, caminhei todo o caminho a pé. Ela estava bastante cansada por toda a corrida, mas como eu não tinha a sua Pokébola, tivemos que voltar andando. Já o Piplup que eu recebera descansava quietamente na sua própria esfera.

Permanecia próximo a Windie. O frio de congelar os ossos já se fazia presente no ambiente, mas a Ponya me mantinha aquecido, além de afastar os Pokémons selvagens que saíam a noite para caçar. Tudo o que menos precisávamos agora era outro bando de Pokémons furiosos nos atacando. Porém, todas aquelas coisas eram o que menos me incomodavam naquele momento, mas sim o que aconteceria quando eu atravessasse aquela porteira. Não tinha medo de enfrentar meus pais, afinal, sabia que eles me apoiariam; meu medo era enfrentar a mim mesmo. O que eu queria fazer? O que eu queria para o meu futuro? Como eu poderia prosseguir com tantas coisas pesando na minha consciência. Era simplesmente frustrante sentir-me preso entre dois caminhos e não conseguir prosseguir.

Windie pareceu perceber o quão aflito eu estava, que bufou, me batendo fracamente com o focinho fofo. Windie era incrível e sempre sabia como eu estava me sentindo. Ela sempre esteve ao meu lado quando eu estava triste e não queria a companhia de mais ninguém. Eu me perguntava se, de alguma forma, eu conseguia contribuir tudo o que ela fazia por mim. Funguei, tentando parecer melhor e acariciei o pescoço da Ponyta.

O que você acha que eu devo fazer? — perguntei à Windie, mas sem esperar uma resposta conclusiva.

Porém, o que ela fez em seguida me surpreendeu mais do que qualquer coisa que ela fizera em todos estes anos em que estamos juntos. Ela parou repentinamente, moveu-se até a minha frente e tocou o focinho no meu peito, me olhando fixamente com os seus grandes e muito expressivos olhos pretos. Eu senti o meu coração bater mais forte contra o toque de Windie, não conseguindo segurar as lágrimas que brotavam no meu rosto. Abracei o pescoço da Ponyta, me permitindo despejar tudo o que sentia na minha melhor amiga em todo o mundo. Eu sabia que não existia nenhum outro ser capaz de me entender como Windie e eu era realmente grato pela presença dela na minha vida.

Ficamos parados ali por alguns minutos até eu me afastar, limpando as bochechas nas mangas do casaco.

Melhor irmos logo para casa, antes que meus pais fiquem muito preocupados — eu disse e Windie concordou.

Era mais fácil falar do que fazer. Fiquei por alguns segundos com a mão sobre a porteira, fitando-a fixamente até ter finalmente coragem de abrir e entrar. Aliás, a visão era de tirar o fôlego. “Grande” era uma forma fofa de chamar a nossa fazenda; vários e vários hectares se perdiam no horizonte, pontilhados por muitas cercas, galpões, lavouras e Pokémons que relaxavam à noite, em sua maioria Tauros, Miltanks e Rapidashes. Meus olhos voltaram-se então para o casarão onde o caminho de terra principal ia dar. Tinha dois andares e era pintada de azul, com as portas e janelas de branco. Meus pais queriam ter uma família grande, então nada mais justo do que uma grande casa. As luzes estavam acesas e não demorou para que a porta da frente se abrisse e três pequenas figuras irrompessem de lá, correndo na minha direção.

— Onii-chan!

Fiquei parado observando-os até que estivessem próximos o bastante para que eu pudesse me abaixar e abraçar os três ao mesmo tempo, afagando as suas cabeças. Qualquer um que nos visse diria que não éramos nem mesmo parentes distantes, o que é verdade. Enquanto eu sou loiro e tenho peculiares olhos rosados, meus três irmãozinhos têm seus cabelos muito pretos e olhos da mesma cor. O mais velho, de onze anos, era Hotaru; o “do meio” era Masaru, de oito anos; o caçula tinha apenas cinco, chamado Hikaru.

— Onii-chan, você demorou! — acusou Hikaru, me olhando.

— Tou-chan e kaa-chan estão preocupados — disse Hotaru.

— Uooh! Isso é um Pokémon com você?! — exclamou Masaru, aproximando-se rapidamente de mim e retirando a Pokébola do cinto.

E-espera!

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa a esfera abriu-se. Liberando a forte luz esbranquiçada que tomou a forma de Piplup. O Pokémon pinguim fitou os três meninos desconfiado, até voltar os olhinhos azul marinho para mim. Hotaru e Masaru se aproximaram do Pokémon, fitando-o maravilhados, afinal, aquele era um Pokémon raro, já Hikaru, o menor, ficou fitando os irmãos com um olhar de censura. Mesmo sendo o mais novo, era o que melhor entendia os Pokémons e sabia o quando o Piplup estava desconfortável. Antes que Masaru conseguisse tocar a cabeça de Piplup para acaricia-lo, peguei-o com as duas mãos, elevando acima da cabeça dos meus irmãos.

Eu o recebi hoje e ainda não parece estar acostumado a tantas pessoas, então vamos com calma, tudo bem?

— Eu quero brincar com o Piplup! — disse Masaru, contrariado.

— Pokémon não é brinquedo! — ralhou o mais novo, emburrado, o que me fez sorrir.

Hikaru está certo. Estamos todos cansados. Amanhã vocês vão poder conhecer ele melhor, ok? Agora entrem e avisem que eu cheguei. Vou levar a Windie para os estábulos.

— Tudo bem, onii-chan!

Eu continuei a observá-los enquanto corriam para dentro de casa. Quando desapareceram, meu sorriso morreu e meus dilemas voltaram com tudo. Se eu saísse em uma jornada, eu não poderia ver os meus irmãozinhos crescerem. Eles precisavam tanto de mim quanto eu precisava deles. A falta que eu sentiria da minha família seria dolorosa e eu não sei se conseguiria viver sem a sua presença. Balancei a cabeça. Não era momento para isso. Rumei para os estábulos, seguido por Windie.

Além da minha indecisão, outra coisa preocupava minha cabeça: Piplup. Tudo havia sido tão repentino e, do nada, tinha o Pokémon comigo. Obviamente, eu sabia uma coisa ou outra sobre trato de Pokémons. Eu precisava agir com calma, dar tempo a ele e me aproximar aos poucos para conquistar a sua confiança. Eu sentia o quanto ele estava assustado com toda a situação e, mesmo que já soubesse que seria dado a um treinador, não tivera tempo o suficiente para se acostumar. Não queria forçar a sua amizade só por que eu me tornara o seu treinador.

O estábulo era espaçoso o bastante para que vários Pokémons equinos tivessem conforto. Havia principalmente Rapidashes e Ponytas, mas alguns Mudbrays também, mas eu não era próximo deles como eu era de Windie. Fomos até o final e deixei a Ponyta em seu próprio cercado, aconchegada em um confortável monte de feno. Ela pareceu realmente feliz por voltar ao seu canto e poder descansar. Reabasteci a comida e a água, afagando a sua cabeça antes de deixa-la descansar.

Deixei Piplup sentado sobre uma das certas e me escorei na mesma, respirando fundo enquanto não fitava um ponto em específico. Eu precisava ir para dentro de casa, mas sinceramente queria ficar sozinho. Talvez só assim eu conseguisse pôr os meus pensamentos no lugar. Aquela incômoda sensação se recusava a sair de dentro de mim, provocada pela minha indecisão. Eu estava com medo, medo de me arrepender e isso poderia acontecer independente da minha escolha. Se eu desbravasse o mundo, poderia me arrepender de abandonar a minha família e ter um futuro certo e sossegado; se eu ficasse, poderia me arrepender de não conhecer o mundo que eu tanto quero ver com meus próprios olhos, de ter experiências únicas e conhecer todo o tipo de pessoa. Soltei um longo suspiro, até uma voz chamar a minha atenção.

— Subaru?

Era minha mãe.

Primeira coisa sobre a minha mãe: ela é a mulher mais linda do mundo. Os cabelos cor de caramelo caíam em uma cascata ondulada sobre os seus ombros e o seu sorriso era feliz e sincero. Ela parecia ver a melhor parte de tudo, independente do que fosse, principalmente quando se tratava dos seus filhos. Ela usava um longo e confortável vestido azul, deixando evidente a barriga proeminente.

Sim, minha mãe está esperando o quinto filho. A maioria dos casais para no primeiro ou segundo, mas como eu mencionei, meus pais sonham em ter uma grande família, então era de se esperar. Eu sinceramente estava muito feliz, afinal, amo os meus irmãos e a possibilidade de um novo era incrível. Senti mais uma pontada de culpa. Como eu poderia ir embora e não ver o meu novo irmãozinho ou irmãzinha — desde que soube que está novamente grávida minha mãe quer mais do que tudo uma menininha, não a culpo depois dos três pestinhas — crescer? Eu precisava ficar aqui, por todos eles.

— Os meninos disseram que você tinha capturado um Pokémon, mas falaram tão rápido e ao mesmo tempo que não entendi nada... — ela contou, enfim pousando o olhar em Piplup.

Ah, na verdade eu ganhei ele de um assistente de professor... — e contei a ela o que houve enquanto eu voltava de Pastoria com Windie. — E no final ele me deu o Piplup, uma Pokédex e me registrou na nova liga... Pocket Monsters League, ou algo assim. Também me deu esse bilhete — mostrei os novos itens para minha mãe.

O primeiro item, a Pokédex, era um aparelho cinza retangular com uma tela e o desenho de uma Pokébola cor-de-rosa na parte inferior e uma linha da mesma cor contornando toda a lateral e quando deslizava para baixo, revelava outra tela. No momento, os dados de apenas dois Pokémons eram visíveis: os de Piplup e Ponyta. Aliás, sim, é rosa. É a minha cor favorita e, sim, sou um menino que gosta de rosa. Enfim, me empolguei. Voltando aos itens. O segundo era um cartão branco simples, com a minha foto e os meus dados, era o Cartão de Treinador. O terceiro item era um bilhete para subir a bordo o S.S. Kyogre, um cruzeiro que levaria treinadores do mundo todo para um lugar chamado Link City.

E foi isso. Ele também disse que... que... — minha voz falhou e minha mãe rapidamente completou:

— Que você seria um ótimo treinador?

Eu assenti.

— Eu disse, não disse? Eu digo há anos que você seria um treinador incrível, mas você me ouve? Não. É tão cabeça dura quanto o seu pai — ela deu umas batidinhas no topo da minha cabeça, me fazendo rir baixo. Ela sorriu para mim. — Isso. Prefiro ver você assim — ela passou o braço pelos meus, me dando um abraço de lado. — Eu sei o que você está sentindo agora. Você não precisa pensar em mim ou no seu pai, faça o que você sentir que é o melhor para si mesmo. Você tem o coração grande demais, sei o quanto nos ama, mas não é errado pensar no que você para o próprio futuro. Vamos te apoiar independente do que decida.

Eu quero ficar — eu disse subitamente, sem fita-la. Ela apenas crispou os lábios.

— Tudo bem. Eu sei que você vai fazer a escolha certa — ela bagunçou os meus cabelos e se afastou em direção à saída. — Vamos lá, o jantar já está pronto.

Após ir para dentro de casa, troquei a roupa suja de lama e fui para a sala de jantar, onde toda a minha família já me esperava sentada na mesa. Dessa vez tinha um lugar a mais, para Piplup, que a minha mãe já tinha acomodado. De alguma forma, o pinguim parecia encantado com a minha mãe — o que era totalmente compreensível. Mesmo após ter se aposentado da vida de treinadora e viajante há muitos anos, ela ainda passava essa aura de treinadora forte e experiente. Às vezes, quando meus pais discutiam, eles resolviam em uma batalha; infelizmente meu pai sempre perdia.

Na cabeceira da mesa estava meu pai. Ele era alto e forte, graças ao trabalho na fazenda, mas mesmo assim sabia ser extremamente delicado quando cuidava dos Pokémons. Meu pai é um criador incrível e tudo o que eu sei agora devo a ele. Ele sorriu para mim e me sentei à mesa.

O jantar foi agradável. Nós contamos sobre os nossos dias, mas o foco obviamente foi em mim. Contei novamente toda a história, sobre como salvei Hirotaka e ganhei o Piplup, além de ter sido registrado na Pocket Monsters League. Meu pai pareceu surpreso, e logo admitiu, rindo:

— Que engraçado, porque eu já tinha entrado em contato com a Confederação Pokémon para registrar você na liga!

Você o quê? — perguntei incrédulo, fitando o meu pai. Uma pontada de irritação passou por mim e acho que foi mais visível do que eu gostaria.

— Ei, o que foi? — meu pai perguntou, ajeitando-se na cadeira.

E-eu... você não... você não podia fazer isso sem me dizer antes! — exclamei, sentindo meu rosto esquentar. — Eu precisava decidir isso sozinho, se eu realmente quero ser um treinador.

— E deixar você trancafiado nessa fazenda sem realizar os próprios sonhos?

O que você sabe sobre os meus sonhos? — senti os meus olhos esquentarem e lacrimejarem outra vez. — E se eu quisesse ficar aqui?

— Subaru... — minha mãe chamou a minha atenção. Eu estava me exaltando mais que o necessário.

Me desculpe. Eu vou ir me deitar. Boa noite.

Subi rapidamente para o meu quarto e me despi, indo até o banheiro e enchendo a banheira de água quente. Minha cabeça confusa doía muito. Meus pais sempre me apoiaram em tudo o que eu quisesse fazer, mas não era certo que tentassem fazer aquela decisão por mim. Senti meu peito apertar, me odiando por toda essa situação. Acabei sendo rude com meu pai, que apenas estava fazendo o que pensava ser o melhor para mim. Eu era péssimo.

Entrei na banheira, deixando a água quente me envolver por inteiro. Não tinha percebido o quando me sentia fisicamente cansado por tudo o que houve naquele dia. Fechei os olhos, sentindo todo o meu corpo relaxar, minha mente acalmando-se pela primeira vez após tantos acontecimentos. Me permiti sonhar acordado; eu era um treinador, viajando por Sinnoh, capturando Pokémons e batalhando com diversos treinadores, um mais forte do que o outro. Eu conhecia lugares interessantes, pessoas diferentes e, por fim, escalava o Monte Coronet, no coração da minha região. Era o que eu, sinceramente, mais queria.

Ouvi a porta ranger e abri os olhos. Piplup estava parado, me fitando curioso. Sorri para ele, convidando-o para entrar na banheira. Relutante, ele o fez, flutuando a minha frente, ainda mantendo os olhos em mim.

Não tivemos muito tempo para conversar muito, né? — admiti.

Pip.

Bem... somos parceiros agora, né? Eu espero que a gente se dê bem. Acho que você vai gostar da fazenda. Temos vários Pokémons e um lago. Às vezes congela no inverno e...

O Pokémon acenou negativamente com a cabeça e saiu da banheira, saltando até a janela aberta do banheiro e fitando o lado de fora.

Intrigado, me levantei também, enrolando-me em um roupão e me apoiei na janela, ao lado do pinguim, olhando na mesma direção. Da minha janela eu tinha a perfeita visão do Monte Coronet, totalmente preto naquela hora da noite. O céu mantinha-se em seu forte azul, coberto de estrelas brilhantes. Uma sensação boa tomou conta de mim. Olhar para o céu sempre me acalmava. Eu amava observar as estrelas e procurar as diferentes constelações.

Mas de onde eu estava, não conseguia ver todas.

Piplup me fitou e eu retribuí o olhar.

Você não quer ficar aqui, quer?

Pip — ele negou novamente, voltando a fitar o céu.

Quer conhecer o mundo?

Piplup! — ele concordou animado, parecendo feliz por eu tê-lo entendido.

Senti-me ainda mais perdido do que antes. Piplup viera comigo, mas não queria ficar preso a um só lugar. Queria sair e conhecer o mundo, como eu sempre sonhei em fazer. Eu não poderia prendê-lo. Pokémons também tinham sentimentos e desejos próprios e não cabe a mim obriga-lo a fazer algo que não queira, mesmo sendo seu treinador. Respirei fundo, sem saber o que fazer em seguida, até perceber o quando Piplup admirava os céus.

Você precisa de um nome. Só seu.

Piplup pareceu interessado. Eu sorri. Voltei a olhar para as estrelas enquanto pensava em um nome para meu mais novo parceiro.

Que tal... Aldebaran?

Pip — ele negou.

Hm... Allioth?

Pip — negou novamente.

Spica?

Lup — nem pensar.

Você é bastante seletivo. Gosto disso.

O pequeno Piplup estufou o peito orgulhosamente, o que me fez rir.

Certo. E que tal... — lembrei-me do meu próprio signo, gêmeos, e uma das suas estrelas alfa. — O que acha de Pollux?

Piplup me fitou por um momento, pensativo, até finalmente assentir. Gostara do nome.

Perfeito, então será Pollux!

Antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, ouvi batidas na minha porta. Vesti rapidamente o meu pijama e abri a porta. Era o meu pai, carregando uma pequena caixa de madeira. Ele sorriu para mim e afagou os meus cabelos úmidos, entrando no quarto e sentando na minha cama. Deu algumas batidinhas ao seu lado, me pedindo para sentar-se ali. O fiz, um pouco relutante e sentindo-me culpado por ter me exaltado com ele mais cedo. Fiquei observando meu próprio quarto.

Meu quarto era simples demais para um adolescente. As paredes eram brancas e vazias, sem muita coisa além de vários livros nas estantes. Eu gosto muito de ler e o faço sempre que posso. Fora isso, meu quarto parecia ter um enorme vazio, como se não tivesse personalidade, como se faltasse algo ali. O que faltava era eu. Eu ter algo que me defina, experiências que me façam crescer e saber exatamente quem eu sou. Olhar para aquele cômodo e pensar essas coisas estava me deixando aflito.

— Como está se sentindo? — meu pai perguntou.

Bem, eu acho — respondi incerto. — Me desculpa por antes, eu...

— Não precisa se desculpar. Eu entendo — ele me interrompeu. — Eu queria conversar com você, te mostrar algumas coisas — ele me estendeu a caixa. — Abra.

Não consegui segurar a baixa exclamação quando vi o conteúdo da caixa. Dentro haviam várias fotografias de um casal, um homem loiro e uma mulher ruiva com olhos rosados, e em algumas destas fotos eles estavam acompanhados dos meus pais. Os reconheci rapidamente. Ali também havia um colar de ouro com um anel de ouro preso, com o nome Sasha gravado, além de duas chaves simples presas por um aro. Eu não sabia exatamente como sentia sobre o conteúdo daquela caixa, mas fitei meu pai rapidamente, com o cenho franzido.

Eu disse que não queria saber sobre... sobre eles — lembrei-o, talvez soando mais acusatório do que eu gostaria.

Bom, está meio obvio, né? Eu não precisava ser nenhum gênio para saber que o casal na foto eram os meus pais biológicos. Quando meus pais me contaram a verdade, sobre eu ter sido adotado, eles pretendiam me contar sobre meus pais biológicos, mas eu recusei. Não queria saber, não me importava. Meus pais estavam ali, na minha frente, não precisava de mais nada. Infelizmente meu pai pareceu se esquecer desse detalhe.

— Eu sei. Mas é importante que você saiba, principalmente agora que precisa tomar uma decisão tão importante como essa — ele explicou, sem tirar os olhos de mim.

O que eles têm a ver com isso?

— Tudo. Os seus pais eram...

Vocês são meus pais.

— Desculpe. Você tem razão. Os seus pais biológicos — corrigiu-se — foram grandes amigos meus e da sua mãe. Nós quatro viajamos juntos por um bom tempo na nossa juventude. Desbravamos toda Sinnoh. Não havia rapaz mais aventureiro que William, e gostava de registrar tudo o que fazia e onde ia. Nós nos metemos em muitas enrascadas graças a ele, mas sempre era divertido.

Então você e ele...

— Sim. Ele era o meu melhor amigo. Ele e a sua mãe, Sasha, nos ajudaram muito na construção da fazenda.

Ergui a sobrancelhas, realmente surpreso ao ouvir aquela história. Meu pai olhou para o chão, parecendo tristonho.

— Foi realmente trágico quando William e Sasha faleceram. Sabe, você tinha acabado de nascer, tinha recebido o mesmo nome que a sua mãe...

Espera, quê? Meu nome é feminino? — perguntei afobado.

— Não, não! Quero dizer, te nomearam Sashenka, mas sempre chamavam como Sasha, igual ao nome da sua mãe. Enfim, quando só você sobreviveu àquele acidente, nós sentimos que não podíamos deixa-lo. Decidimos adotá-lo, fazer de você nosso filho e, bem, apesar da grande perda, posso dizer, pela sua mãe também, que você foi a melhor coisa que já nos aconteceu.

Ah... e-eu... não é pra tanto... — me senti repentinamente encabulado, mas muito feliz. Meu pai sorriu.

— O ponto é. Eu consigo ver esse desejo de conhecer o mundo que William tinha dentro de você. Eu o conheço e sei o quanto deseja partir em uma jornada. Eu quero que você faça. Me dói deixar meu pequeno Subaru desbravar o mundo sozinho, mas é importante. Só assim você vai saber exatamente quem é, ter as próprias experiências e tornar o homem bom e honrado que eu quero que você se torne — ele dizia, suas palavras me enchendo com uma sensação boa. — Mesmo que você vá embora, aqui ainda é sua casa, estaremos aqui te esperando. Se tudo der errado, estaremos aqui para te receber e te apoiar. Eu te amo muito, meu filho, e quero que você siga o seu próprio coração.

Ah... pai... — murmurei com a voz embargada e ele me abraçou.

E foi aí que eu decidi: eu sairia da fazenda. Sairia em minha própria jornada. Eu conheceria o mundo e nada me impediria, nem eu mesmo.

Fazenda Hoshino, algum lugar entre Solaceon e Pastoria, Região de Sinnoh

Na manhã seguinte, eu já estava com tudo pronto. Eu estava na porteira, fitando a minha família. Minha mãe sorria gentilmente para mim e meu pai parecia extremamente feliz. Hotaru parecia animado com a minha jornada e já perguntava aos meus pais quando é que poderia ir também; Masaru chorava agarrado à saia da minha mãe, querendo que eu o levasse junto; já Hikaru, sempre quieto, apenas sorria e acenava com a cabeça, sempre o sensato.

— Eu quero ir com onii-chan! — berrava Masaru sem parar, ainda chorando.

— Aquiete! Você é muito novo para isso! Você também, Hotaru — ralhou a mãe, já cansada da insistência dos filhos mais novos.

— Mas eu já tenho onze anos! — insistiu Hotaru, contrariado.

— Quando você souber se cuidar sozinho, vamos pensar no assunto — disse meu pai, chamando atenção do mais velho, que pareceu entender o recado.

— Tudo bem! — concordou animado, enfim voltando-se para mim. — Onii-chan, traga muitos Pokémons quando vir nos visitar!

— Um Wailord — disse Hikaru, abrindo as pequenas mãozinhas.

— Há! Quero ver cumprir essa, Subaru — riu-se meu pai.

E-eu vou tentar... — murmurei, incerto. Será que um Wailord caberia no lago?

Fiquei ali, observando minha família e sentindo novamente o peso de deixá-los. De acordo com meu pai, era importante que eu o fizesse. Eu precisava viver a minha própria vida, ter as minhas próprias experiências. Só poderia fazer isso em minha jornada. Porém, lembrei de Windie. A Ponyta era a minha melhor amiga em todo o mundo, como eu poderia partir sem ela? Como eu diria aquilo à Windie? Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, minha atenção fora tomada repentinamente pela própria.

Windia trotava rapidamente pela grama úmida, subindo o caminho de terra rapidamente. Havia uma sela nas suas costas com algumas bolsas presas, como se estivesse pronta para viajar. Na sua boca, uma Pokébola. Ela aproximou-se de mim e depositou a esfera nas minhas mãos, depois relinchou irritada, algo como “como você teve coragem de cogitar me deixar?”.

Windie... você quer... quer ir comigo? Quer que eu seja o seu treinador? — perguntei incrédulo. A Ponya assentiu, me cutucando com o focinho alegremente. Abracei o seu pescoço, afagando-o e depois subi em suas costas, montando-a facilmente. Voltei-me para a minha família. — Então isso é... um até logo?

— Acho que sim — disse meu pai, sorridente. — Não esqueça de mandar notícias. Confiamos em você, mas mesmo assim ficaremos preocupados.

— Cuide-se, viu? Tome banho todos os dias, escove bem os dentes e não durma tarde! Se você voltar para casa malcuidado, vai se ver comigo! — alertou a minha mãe, ameaçadora.

Vou me cuidar, prometo — disse e por fim Windie se virou, se dirigindo para fora da fazenda.

E parti, sem saber o que esperar do lado de fora daquela porteira, mas uma coisa eu tinha certeza: independentemente de onde eu fosse, eu sempre teria minha família comigo.
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Jornada Empty Capítulo 02 - Me dê a chance de tentar

Mensagem por Vitória Dom Abr 14, 2019 11:58 pm

Jornada RVB1ZOg

CAPÍTULO 02 - Me dê a chance de tentar

Slateport, Hoenn

O navio de cargas demorou mais tempo do que o previsto em Lilycove, atrasando os planejamentos que inicialmente meu pai possuía. Isso resultou em diversas tentativas de nos encaixar em qualquer navio disponível, seja aonde for que deixasse; o desespero era evidente para retornarmos até Slateport a tempo de embarcar no S.S. Kyogre. Felizmente ao final do mesmo dia embarcamos em um iate que meu pai pagou, levando-nos ainda mais rápido para nossa casa. Eu nunca trabalhei com tanta apreensão quanto agora, mas estava extremamente grata por ter condições disso.
Em contrapartida com a viagem entediante de ida dessa vez foi bastante agitada. Não só pela velocidade do iate mas como também pelo próprio Torchic. Havia resolvido liberá-lo para observar o oceano comigo; doce, inocente e ingênua fui.


Encarando o belo oceano brilhante atrás de nós, liberei Torchic no convés ao meu lado para observar. Alguns Pokémons salvaram para fora da água como se soubessem que queríamos vê-los, deixando aparente a beleza do mar. Torchic saltou para o parapeito, ficando sob este para uma visão melhorada.


Só não fique muito na beirada ou você poderá ca- PAAAAI! PARA O IATE!!!

Isso segundos antes do Torchic escorregar e cair ao mar. Stern precisou se atirar e pegá-lo antes que atraísse pokemons predadores. Encharcado, sequei as penas do pintinho que ainda parecia atordoado com o que ocorreu.


Isso é um Mantine. Olha como são tranquilos. — segurando Torchic em meu colo, o aproximei de um Pokémon selvagem que parou próximo ao iate. — Eles são passivos e bastante generosos. — com uma mão acariciei a cabeça do aquático, sorrindo gentilmente.


O pintinho em meu colo olhava curiosamente para a criatura. Seus olhinhos brilhantes demonstravam o quão animado estava para se aproximar; ou melhor, para bicar. Em um só golpe bicou o olho do Mantine, recuando-o e me assustando no processo. Torchic começou a piar alegremente pela brincadeira antes de receber um forte jato d'água.


PAAAAI! ACELERA O IATE!!! TEM UM MANTINE FURIOSO ATRÁS DE NÓS!!

Mantine furioso?! — questionou de dentro da sala do piloto. — Mas eles são pacíficos!!

NÃO PERGUNTA, SÓ ACELERA!!

Foram depois de eventos como esses que repensamos a ideia de deixá-lo fora da Pokébola. Optamos por deixá-lo em sua Pokébola até retornarmos para Slateport.

Em poucos dias -precisamente 2- já estávamos ancorando no porto principal de Slateport. Era em torno de 14h, com o sol ainda forte e atraindo a população para um dia de praia. Saímos do iate e fui para o lado de fora do porto fechado enquanto meu pai seguiu para outro lado. Ele avisou aos seus funcionários sobre o aluguel do iate e pagaria a mais para quem o devolvesse em Lilycove, além de pagar a passagem de volta. Aguardei que ele terminasse suas instruções para me ver.


Conversei sobre o S.S. Kyogre e parece que sua data de partida foi adiada. Ele deve chegar hoje mesmo, durante o entardecer, para buscar os treinadores inscritos na Pocket Monster League. — sua fala me trouxe uma imensa tranquilidade. Conseguimos me registrar e volta a tempo. — Preciso ficar aqui para organizar a chegada do cruzeiro. Te busco em casa quando chegar o horário.

Entendio. — sorri.

Não fale nada da descrição que o assistente deu para o Torchic para sua mãe. Ela não precisa ficar mais preocupada do que já está. — me instruiu, ainda com o pé para trás da minha escolha. — Será um segredinho nosso. — devolveu meu sorriso com um próprio. No fim sabia que ele continuaria me apoiando.

Como se eu ainda lembrasse disso. — brinquei mas parei assim que notei a insatisfação do meu pai; ele não gostava muito desse tipo de brincadeira. — D-Desculpa... e pai... — corrigi imediatamente, abaixando o olhar. — ...só queria agradecer... por ter tanta confiança em mim.


Sinceramente sentia que ainda estava limitada pela minha deficiência se não fosse as insistências do meu pai em me fazer crescer. Me ensinou as coisas que hoje tenho a maior paixão, e lutou acreditando em mim. Quando vi seu sorriso apenas avancei, abraçando-o fortemente. Sentir suas mãos me envolvendo com carinho me dizia o quanto também estava preocupado com essa jornada porém o mais importante é que lutava contra sua própria preocupação para me dar essa chance. A chance de tentar ser alguém.

Retornei para casa com pressa em apresentar Torchic para minha mãe, olhando brevemente para a cidade durante o percurso. Adorava o local que nasci e cresci, era extremamente agradável e a população toda se conhecia, criando laços íntimos de amizade. Era prazeroso visitar a feira que havia toda tarde ou brincar no mar com as pessoas. Mas esse lugar ainda era limitado para mim. Pensar que haviam tantos outros no mundo para conhecer me fazia sentir que este paraíso de cidade é apenas uma no mundo; e sei que estou correta ao sentir isso!
Alcançando a porta de casa respirei fundo antes de tocar a campainha. Minha mãe havia ficado alguns dias sozinha e deve ter pensado bastante sobre minha decisão. Hesitava no medo dela ter mudado de ideia. Quando pensei na promessa no pôr do sol, apertei e aguardei a porta ser aberta.

A visão imediata que recebi foi um sorriso de minha mãe em conjunto com Azurill pulando sobre sua cauda ao fundo, convidando-me para entrar rapidamente. Aquele peso de hesitação caiu por terra e pude relaxar novamente.


Vamos, depressa. — apressou-me para entrar, fechando a porta atrás. — O cruzeiro está adiantado e chegará aqui hoje mesmo. Já estava ficando preocupada com a demora de vocês.


Um sorriso bobo escapou dos meus lábios quando percebi a forma como Sina agia. Ela deve ter refletido bastante nesse meio tempo e visto que, colocando sua preocupação acima, inibia meus desejos e vontades. Abobada, permaneci parada até minha mãe resmungar.


O que foi? Por que não fala nada? — seu semblante mudou para tristeza. — Não me fala que não deu certo...

N-Não, deu sim! Deu certo até demais! — retornei para mim mesma encabulada. — Estou registrada na liga pokémon e recebi todos os preparativos!

E seu Pokémon? Qual é?


A pergunta de minha mãe causou uma estranha reação em Azurill; esta parecia incomodada. Já eu simplesmente peguei a pokebola e a abri, deixando que um feixe de luz escapasse até o chão e criasse a forma de Torchic. O pintinho, assim que formado, ciscou o piso de madeira e olhou para os lados.


Oh, um Torchic. Ele é bastante fofo. — como uma antiga treinadora de Hoenn era comum minha mãe ter conhecimento do Pokémon. — Qual o nome dele?

Ainda não decidi nenhum.

Entendo. Quando o nome vier espontaneamente na sua cabeça, melhor será. — a vi se abaixar de frente para o pintinho e acenar para este, apresentando-se. — Cuide muito bem da minha filha, certo?


Entretanto a reação não foi a que esperávamos. Ignorando-a, Torchic correu em volta da minha mãe até fixar seus olhinhos pretos e curiosos sobre a ratinha azul. Em disparada aproximou-se, ficando frente à frente com Nami. Azurill mostrava-se extremamente desconfortável com Torchic, o qual aproximava se rosto cada centímetro mais perto e piscando seus olhinhos. Em um movimento rápido picou a testa da ratinha azul, empurrando-a para trás. Com piados engraçados, correu para se aproximar e bica-la mais uma vez.


Parece agitado ele. — comentou se levantando.

Você não tem nem ideia. — ri de nervoso kk.


A interação realizada pelos Pokémons se tornou a atração principal, sendo assistindo por mim e minha mãe. Após uma segunda bicada Nami já mostrava-se irritada, tendo uma pequena veia surgindo em seu rostinho de bebê. Na terceira aproximação de Torchic, o qual levava aquilo como uma brincadeira, Nami girou e utilizou de sua cauda em uma forte pancada na face do pintinho; um Tail Whip somado com sua força naturalmente estrondosa para seu tamanho -Huge Power-, sendo o suficiente para jogar o pintinho para o lado completamente tonto.

Minha mãe soltou uma risada divertida, tendo Nami bufado de raiva e voltando a pular sobre sua cauda. Eu caminhei até ambos e estiquei o braço para pega-lo no colo. No instante que fiz isso notei Nami tentar se esticar pensando ser ela, porém peguei Torchic em meus braços e o segurei. A pequena ratinha abaixou o olhar entristecido.


Irei levar o Torchic para conhecer a cidade. Ao mesmo tempo podemos nos conhecer melhor antes de partirmos. — sentir o Pokémon mexendo-se em meu colo era agradável, tendo-o quase como uma pelúcia. Torchic mexia animadamente suas patinhas e movia a cabeça para examinar todos os lados da casa agora que no alto.

Volte antes do entardecer para não sairmos correndo.


Acenei em resposta e saí da casa no mesmo instante, mal tendo entrado.

Caminhei alguns passos notando a grande movimentação na cidade. Haviam vários treinadores esperando o S.S. Kyogre os buscar. Além disso havia a população normal da cidade preenchendo as ruas. Pessoas com trajes de banho, carregando pranchas e guardas-sol, era bastante comum, vendo-as caminharem até a praia. Entretanto por se tratar de um Pokémon do tipo fogo considerei a ideia ruim. Acredito que levar o Torchic para ter contato com o mar seria desagradável ao Pokémon. Sendo assim olhei na direção das barracas erguidas na rua ao lado, a grande feira que comumente ocorria na cidade. Sem hesitar, principalmente pelo cheiro de comida chegando em nossas narinas, segui até o local.

Era engraçado ver Torchic mexendo as patinhas ao ritmo dos meus passos, divertindo-se com o passeio. Sua cabeça não parava quieta por entre as diferentes direções que apontava seu bico, vasculhando com o olhar o que as pessoas faziam. Começou a piar em disparada quando seu olhos encontraram algo que despertava imensamente sua curiosidade: balões.


Quer ver um de perto? — perguntei delicadamente quando percebi o que Torchic encarava.

Torc! — acreditando ter recebido um sim, caminhei até o comerciante.


Como esperado já conhecia-o pela cidade, recebendo um "oi" animado e até mesmo citando meu nome. O moço era gentil e notou o quão curioso meu Pokémon estava para com seus balões personalizados, os quais imitavam as faces de Pokémons famosos de Hoenn.


Oh, Vitória! Vejo que conseguiu um Pokémon novo. — cumprimentou-se com alegria, olhando interessado no Torchic. Ao ver sua concentração nos balões abaixou um destes, especificadamente o que possuía formato de Torchic. — Você gostou? Parece com você pequeno.

Olha que bonito um balão seu. — aproximei o Torchic do balão com um sorriso.


O pintinho, fitando o balão que possuía sua mesma cara o encarando, moveu a cabeça e o bicou, estourando-o instantaneamente. Sua cara inexpressiva ao estourar o balão zombava da minha, culpada por agora precisar pagar o estrago.


0-0... — assim que a vermelhidão subiu pela minha face, abaixei para colocar Torchic no chão. — M-Me perdoa! Não era para ter es-estourado seu balão!! EU PAGO!!! — ao soltar o pintinho coloquei a mão na bolsa em busca da minha carteira.

Calma Vitória, não é precis-


Antes que o homem terminasse acabou reparando que Torchic, no chão, olhava atenciosamente para um único ponto: um brinquedo de pelugem rosada balançando de um lado para o outro. O problema na realidade era o brinquedo ser a cauda de um Skitty selvagem, passeando por entre as barracas. Em disparada Torchic começou a correr atrás da gatinha atraído pelo seu rabo.


V-Vitória.

Não precisa se preocupar senhor, eu pago sem problemas. — ignorando-o, olhava para minha bolsa a procura da carteira.

Não é isso. É que seu Torchic está saindo correndo...

COMO?!


Ergui a cabeça de supetão e visualizei o Skitty correndo desesperadamente com o Torchic atrás, brincando alegremente enquanto assustava a gatinha. Boquiaberta, me perdi do que deveria fazer.


S-Segura a minha bolsa!!


Atirei-a sobre o senhor em desespero, saindo correndo atrás do meu Torchic correndo atrás da Skitty; estava quase virando uma atração na feira visto que as pessoas paravam para assistir e rir da cena cômica.


Você poderia ter apenas o retornado para a pokébola... — pena que eu havia saído antes de ouvir isso.


A dupla perseguição de inicial nas barracas da feira, com Skitty passando por debaixo e sendo seguida por Torchic, enquanto eu necessitava desviar das pessoas. Chegou a um ponto em que Skitty pulou por cima de uma cerca que delimitava a área das barracas, tendo Torchic se espremendo e passando por debaixo desta. Já eu, ao reparar que estava sendo encarada por dezenas de pessoas, respirei fundo e decidi não passar uma vergonha de pular a cerca e cair; sendo assim contornei ela, atrasando ainda mais.

O que mais me impressionava era que Torchic, mesmo sendo menor que Skitty e tendo um passo também menor, alcançava-a. A cada segundo o pintinho se tornava mais veloz ao correr, acelerando-se incessantemente. Enquanto era deixada para trás recordei de quando utilizei a Pokedex para analisar meu Torchic. Sua habilidade, Speed Boost, não parecia mais brincadeira depois dessa demonstração.

Suada e eufórica, reduzi meu passo ao não aguentar mais aquela perseguição. Me arrastei pela cidade até localizar um beco aonde Skitty, deitada e também arfando, recebia bicadas leves em sua cauda. No fim das contas Torchic só estava querendo brincar com a gatinha mas no processo colocou-a em desespero. Abri um sorriso de canto. No fim havia sido divertido e ninguém se machucou, sendo uma mera brincadeira.
Caminhei até pegar Torchic no colo e despedi da desfalecida Skitty, voltando pelas ruas para chegar em casa. Aquela correria toda merecia um bom banho de preparação para o S.S.Kyogre.

No caminho de casa o senhor dos balões me encontrou e devolveu a bolsa, da qual infelizmente já até havia esquecido. Retornei Torchic para sua pokebola visto que estava adormecendo em meu colo e adentrei em casa, notando que o horário. Imediatamente adentrei no chuveiro para um derradeiro banho em Slateport. Era surreal ter esses pensamentos que era minha despedida da cidade natal para aventurar em um mundo desconhecido... mas em hipótese alguma me vinha o medo. Talvez fosse tão destemida quanto Torchic, que bicava tudo e qualquer coisa; eu queria poder provar de tudo com coragem. Não havia mais nenhuma concha me prendendo. Eu diria que foi um ótimo banho para colocar a cabeça no lugar e reafirmar minhas escolhas. Enrolada em uma toalha retornei para meu quarto, aonde visualizei a bolsa de viagem sob a cama com Nami deitada ao seu lado, a qual acordou com minha entrada.

De frente para o espelho me arrumava para partir. Meu natural cabelo azul, ondulado como ondas, estava preso em um rabo de cavalo, além de um par de mechas caindo ao lado do rosto como um toque de cuidado. Meu vestido preferido, branco e que seguia até os joelhos, possuía um decote preenchido por tecido marrom da mesma cor que o cinto, tornando-a confortável mas não indecente. Calçava sandálias de cor chocolate com pedras brilhantes em sua decoração. De certa forma eu me vestia como uma princesa; alguns até diziam que combinava com o estilo de coordenadores. Não que eu discordasse, até mesmo almejo participar de alguns concursos, porém não quero me definir pela aparência. Talvez me encontre como criadora ou até mesmo ranger. Seja o que for, terei certeza apenas quando testar, não?

Caminhei até a cama e encarei a bolsa branca que carregaria com meus pertences. Comecei a trocar os itens nas bolsas, passando as pokebolas, pokedex e demais itens da atual para a de jornada. No processo Azurill me assistia com afeto.


E pensar que finalmente este dia está chegando... — comentei assim que percebi estar sendo observada pela ratinha. — Depois de anos eu já estava desacreditada de mim mesma. Achei que nunca me dariam a chance de tentar...


Meu olhar carregava leveza, movendo-se da mochila para todo o quarto. Eu reparava uma última vez nos detalhes antes de sair. O quarto com papel de parede azul em baixo, tornando-se cada vez mais claro até se tornar branco em cima; uma alusão ao mar e céu. Meus pertences todos se manteriam ali; sentiria falta de um enorme armário sendo renovado anualmente, dos meus livros de navegação -pertencentes na verdade ao meu pai- e histórias de navegadores. Minha prancha de surfar, minhas fotos de quando viajamos em família para Alola e minhas pelúcias de Pokémons Aquáticos. Não contem pra Nami mas minha favorita era a da Lapras e não da Azumarill.
Soltei um longo suspiro antes de continuar a frase.


...mas minha confiança voltou graças aquela promessa no pôr do sol. — minha fala trouxe um sorriso em Azurill, a qual estava presente neste momento. — Desde que eu acredite em mim tudo dará certo a partir de agora. Eu vou provar que sou capaz, certo Nami? — levantei com o trabalho feito, pegando a bolsa e colocando-a sob meu ombro direito. Os olhos brilhantes da Pokémon confirmavam para mim que eu deveria manter essa mentalidade. — Eu sentirei saudades mas, prometo que volto te visitar em breve!


Sorri gentilmente para Azurill enquanto arrumava a bolsa, preparada para sair. Mas eu não recebi de volta as torcidas positivas que esperava. Na realidade, ela grunhiu desacreditada no que ouvia. Lágrimas surgiam em torno de seus delicados olhos negros, escorrendo por sua pele e alcançando as bochechas esbranquiçadas. Em um salto por cima de sua cauda, alcançou a porta do quarto e passou por esta, saltitando velozmente para fora.

Eu permaneci atônita, parada no lugar. Depois de tudo o que passamos ela estava fazendo drama por eu ir embora? Ela foi a que mais me apoiou a sair em jornada e... e agora, na hora da despedida, resolve não me apoiar.

Encarei a porta por alguns segundos antes de sentar na cama, abalada com o que ocorreu. Já não basta a saudades que estou sentindo da cidade antes mesmo de partir, ainda passo por uma situação dessas com o Pokémon que criei por 4 anos. Sequer percebi os minutos passando até ver meu pai adentrando no quarto. Imediatamente recordei que ele viria no momento de partir para o S.S. Kyogre. Olhei a janela apreensiva, reparando nos tons alaranjados do céu; estava na hora.


Vitória? Está tudo bem? — perguntou adentrando lentamente. — Vi a Nami lá fora. Você mandou ela ir buscar algo antes de ir?

Lá fora...? — rebatendo uma pergunta com outra, meu pai se mostrou preocupado. — Não, é que... é que ela não me apoia sair em jornada! Eu pensei que desde o começo ela estava do meu lado me apoiando mas pelo visto não. — minha cabeça já possuía preocupações demais naquele instante. A cada segundo ficava mais irritada e tensa com a viagem.

A Nami não te apoiando? — quando Stern me retrucou a pergunta senti meu sangue ferver, irritando ainda mais.

Sim! Eu já falei. — quando percebi que me exaltei por toda a tensão do ambiente respirei fundo, repetindo mais uma vez a mesma frase em tom baixo. — Sim, eu já falei. Eu arrumei a bolsa e estava me despedindo dela antes de ir.

Mas por que estava se despedindo dela? Eu achei que a levaria consigo, como seu Pokémon.


Quando meu pai enfatizou o que era óbvio pude visualizar facilmente o que estava pensando no banho. Sempre pensava que sairia em jornada com Azurill ao meu lado, porém se tratando de ir para outra região a situação se torna delicada. Ela é só um Pokémon bebê. Já havia pensado nessa decisão e, depois de escolher o Torchic, estava certa dela.


Eu também, mas decidi que não. — respondi tentando não expressar dúvidas mas minha falta de habilidade em mentir era perceptível para qualquer um. — Em anos a Azurill não se tornou Marill e nunca consegui fazê-la passar por um treinamento. Não há condições de eu levá-la para uma nova região por conta própria e esperar que ela tenha um bom desempenho. — falei com sinceridade. — Não é que eu esteja duvidando dela.. é só que... que...

Está preocupada com ela? — parecia que Stern assistia uma cena repetida porém com novos papéis.

É. Não posso levá-la dessa forma.

Bem, não temos muito tempo sobrando. — com um longo suspiro preferiu ignorar a situação. Olhou o relógio em seu pulso com pressa. — Irei procurar a Nami pela cidade e trazê-la de volta para casa. Sua mãe estará te esperando na porta de casa para irem juntas até o S.S.Kyogre. — caminhou até mim e depositou um beijo em minha testa. — Não esquece de se despedir da Tala e pedir boa sorte. Ela sempre estará torcendo por você. — afastou-se após o beijo, apressando-se para fora do quarto.

Certo...


Desanimada pelos eventos ocorridos, ergui a bolsa e fechei a porta do quarto em uma última despedida. A casa vazia permitiu que despedisse da mesma também, tendo uma última olhada com atenção. Terminei por fim em um canto da sala de estar: decorado por uma urna, fotos e colares, era um pequeno altar para minha falecida avó, Tala. A cultura de Alola é bastante enraizada na casa pelo meu lado paterno, e, mesmo que eu não tenha seguido muito, ainda nutro bastante respeito. De frente para o altar ajoelhei e fitei a urna com as cinzas da vovó, desviando o olhar por entre as fotos e alguns de seus pertences. Dizer adeus uma segunda vez era tão difícil quanto da primeira.

Respirei fundo para tentar limpar os pesados sentimentos do que aconteceu com Nami, algo difícil para uma pessoa tão sentimental quanto eu. Ainda me mantinha abalada. Repensando melhor, talvez esse seja um bom momento para falar com Tala.


Vovó... eu... eu consegui. Eu estou saindo para minha própria jornada, assim como você queria. — o acinzentado de meus olhos tomou um genuíno brilho. — Demoraram anos, sim, mas está acontecendo. Eu vou sair de Slateport e viajar pelo mundo. Vou poder explorar cada lugar que sonhei... conhecer novas pessoas. Fazer o mundo me conhecer. Dar o mesmo orgulho que um dia meu pai te deu quando se tornou Capitão. — um mínimo sorriso se formava em minha face. — Você também se sentirá orgulhosa, mesmo se... se eu não for tão boa quanto meu pai?


Quando fitei as fotos acabei reparando em uma com o sorriso dela.


Você sempre confiou que eu conseguiria. Mesmo não lembrando de muitas coisas eu nunca esqueci os momentos com você... eles são preciosos demais para perder.


O sol da tarde iluminava Slateport com vigor, convocando seus cidadãos a movimentarem a praia. Durante esse fluxo de surfistas encontrava-se, na praça central da cidade, a senhora de idade Tala sentada em um barco conversando com outra avó. A flor presente nos longos cabelos esbranquiçados, vestido colorido havaiano e o colar de Alola eram marcas que caracterizaram Tala pela cidade, sendo conhecida por quase todos os moradores. Encontra-la batendo um papo pelos bancos ou feiras era o mais comum.

Foi quando a pequena Vitória, ainda com seus 7 anos, corria chorosa para perto da avó. A companheira de Tala se mostrou tão preocupada quanto, participando da conversa também.


Os meninos — fungou enquanto chorava. — não me deixam — colocou as mãos perto dos olhos — brincar de esconde-esconde com eles!

Mas que meninos? — perguntou a outra senhora.

A-Ali — apontou um pouco à frente da praça, perto de onde a feira costumava ser montada.

Ora mas por que? — dessa vez foi Tala quem questionou, recebendo apenas mais choros da menor. Pegou Vitória pela mão e se levantou do bando. — Já volto Glória, me dê uns minutinhos. Vamos Vitória, me mostre quem são.


Andando apressadamente, Tala seguia brava pelo caminho enquanto sua neta chorava em seu vestido. Em segundos já avistava um grupo de crianças, possuindo por volta de 6 delas, agrupadas estipulando as regras da brincadeira. Quando visualizaram a senhora se aproximando ficaram quietos, com alguns fechando a cara para com Vitória.


Crianças, por que não estão deixando ela brincar? Ela só quer se divertir com vocês, oras. — emburrecida, tentou manter a calma e a expressão neutra.

É porque ela não sabe brincar ué! — respondeu um dos garotos.

Então a ensinem para ela brincar também. — retrucou impaciente.

Já fizemos isso mas ela não aprende.

É um saco quando ela fica avacalhando.


Com os comentários dos dois meninos acabou que Tala respirou fundo mais uma vez, parecendo compreender melhor a situação; não parecia ser culpa da Vitória e nem das outras crianças. Já deixando a impaciência de lado decidiu usar da sabedoria para resolver a situação. Enquanto isso Vitória, chorosa, escondia-se mais atrás do vestido da avó.


Mas vocês precisam entender que ninguém nasce sabendo nada. Tem pessoas que mesmo tentando aprender encontram dificuldades, mas isso não significa que devem a excluir. — a voz da razão soava firme e forte, martelando sermões na cabeça das crianças. — Vocês não aprenderam a brincar assim por conta de irmãos ou outras crianças? Então passem o conhecimento para frente. A ajudem a brincar também. — reparou que alguns ainda apresentavam caras emburradas, descontentes em ouvir coisas da senhora. Entretanto uma das crianças, uma menina, se aproximou e pegou na mão de Vitória.

Você me segue e se esconde comigo, tá bom? — parecia ser um pouco mais velha que os demais, tendo entendido a fala de Tala.


O grupinho voltou a se preparar para brincar enquanto Vitória ia seguindo a garota. De relance olhou para trás e viu um grande sorriso de Tala, incentivando-a a ir e brincar também.

E mesmo quando eu não poderia sair em jornada, você me deu uma chance... a chance de tentar te provar que eu conseguiria. E foi daí que veio a Nami... o último presente que você me deu. — meu olhar se abaixou após recordar daquele ano; foi o mesmo ano em que Tala faleceu. — Sobre a Azuril... eu consegui fazer o ovo chocar em um ano e dei o nome de Nami, que é uma forma aloliana de nomear "onda". Mas depois disso não cumpri a outra etapa... a Azurill não evoluiu mesmo depois de 4 anos... — suspirei antes de encarar a urna. — Ela não vai conseguir.


Era o dia de aniversário de Vitória de 10 anos, a idade mais preocupante que a família temia. Era a idade que algumas crianças da cidade já saiam para se aventurar pelo mundo ao se tornarem treinadores. Como era de se esperar esse era o pedido da jovem menina; e também, como eles já se preparavam, disseram o não. O dia que seria especial se tornou um pesadelo e lá estava Vitória chorando em seu quarto, inconformada por ser tratada de forma diferente; inconformada consigo mesma por ser diferente.

Ver a cena de Sina e Stern, em conjunto, negarem a aventura da pequena foi forte demais para Tala apenas assistir. A avó sabia muito bem os motivos e considerava-os justificáveis, entretanto queria achar uma resposta diferente. Uma que não magoasse sua neta e que a daria esperanças. Imediatamente saiu de casa até a feira da cidade, felizmente com algumas barracas ainda abertas, e procurou um ovo de Pokémon à venda.

Já era tarde da noite quando Vitória ouviu conversas altas no corredor de casa. Com feições horríveis de tanto chorar, atentou-se na pequena discussão do lado de fora de seu quarto.


Sogra você está doida? Não pode colocar tamanha responsabilidade nas mãos dela!! Aliás aonde achou esse ovo?! — a voz de Sina se sobressaia enquanto tentava impedir a idosa. — Você precisa me escutar e não agir com esse impulso!

E deixá-la se sentindo horrível durante toda a noite?! Nem pensar! — seguia corajosamente pelo corredor. — Ela não tem culpa de nada e não merece sofrer por isso!

Mas ela não vai conseguir! — retrucou a mãe.

Como vai saber se não deixa-la tentar antes?!


Tala, sem se importar com as tentativas dos pais, adentrou no quarto de Vitória carregando em suas mãos um belo ovo de Pokémon. Com tons azulados e bolinhas, chamava a atenção da criança ao ponto de fazê-la dispensar sua tristeza. Sina e Stern mantiveram-se na porta do quarto enquanto Tala caminhou até a cama, sentando-se perto de Vitória e colocando o ovo entre as duas.


Aqui, minha pequena. — completamente confusa, Vitória abraçou o ovo. — Hoje pode não ter sido um dia bom por não ter saído em jornada mas vovó trouxe algo para melhorar. Tá vendo esse ovo? Dele vai sair seu Pokémon. — sabia exatamente o que deveria falar. Os olhos marejados da garota ganharam um brilho para o ovo que abraçava. — Você poderá sair em jornada quando cuidar dele, tá? Precisa ter muita responsabilidade para o bebê sair. E depois disso, treinar para que se torne um forte Marill. Com ele você poderá viajar pelo mundo!


Vitória imediatamente acenou com a cabeça, recebendo de sua avó um sorriso. Stern coçava a nuca até ver Sina quase desmaiando atrás, precisando segura-la.

Assim que relembrei o dia em que recebi Nami deixei lágrimas escorrer de meus olhos. Essa é, possivelmente, uma das últimas lembranças que tenho de Tala. Mas foi relembrando-a que percebi que eu agia exatamente igual minha mãe; ergui a cabeça e fitei as fotos, por fim um colar que Tala usava do qual possuía um estranho suvenir de Alola.


Eu... eu não dei chance dela tentar... Tala eu prometo corrigir isso. — lentamente movi a mão até o colar e o peguei, fitando-o. — Se você não se importar... gostaria de te levar comigo por todo o mundo. Acreditou em mim antes de mim mesma então... eu quero te provar que consigo! — passei o colar pela minha cabeça e o pendurei, levantando de frente do altar. — Irei atrás da Nami!


A despedida acabou não sendo uma real despedida desde que mantivesse minha avó comigo. Saí de casa com a bolsa e encontrei minha mãe, estranhamente encarando as ruas, no aguardo. O céu já estava completamente alaranjado e ao longe podia-se ver o gigantesco cruzeiro se aproximando do porto ao leste da cidade.


Pronta filha? Espera, esse colar... — parece que reparar o colar de Alola é bastante fácil. — Ficou ótimo em você! Tala ficaria bastante feliz com isso.

A-Ah, obrigada. — ruborizei por uns instantes.

O S.S.Kyogre já está chegando. Vamos?

Eu preciso achar a Nami!

Seu pai irá encontra-la, não preci-

Não, é para agora! Eu preciso leva-la comigo! — a apreensão estava visível em minha fala. — Eu não posso ir sem ela...

Logo em cima da hora uma coisa dessas acontece... e logo quando a cidade tá agitada.


Realmente havia mais pessoas que normalmente naquele horário. Além de alguns treinadores terem se movimentado até Slateport para entrar no S.S.Kyogre havia a população com trajes de banho saindo da praia. Ainda era cedo para tantas pessoas irem embora. Curiosa questionei para minha mãe o que estava ocorrendo.


Ah, a nossa vizinha me disse que uns Rangers chegaram na praia e expulsaram todo mundo. Parece que é temporada de migração de Tentacool's e, para preservar a segurança deles e da população, os Rangers estão fechando a praia. — sua explicação me trazia, infelizmente, péssimas imagens. — Mas sobre a Nami... seu pai já está procurando por toda cidade.

Ela deve estar lá... — ouvi minha mãe pedir para eu repetir por ter falado baixo. — Mãe, atrase o S.S.Kyogre!!

O quê? — enquanto lançava sua pergunta eu já começava a correr em direção sul da cidade, visando alcançar a praia. — C-Como?!

Eu sei que você consegue, você é incrível!! — gritei sem sequer olhar para trás.


Meu coração acelerava-se com a ideia de Nami estar no mar, possivelmente no lugar que sempre estávamos encarando o pôr do sol. Não seria louco de pensar que ela retornaria para lá depois da promessa... depois de eu ter quebrado a nossa promessa juntas e querer ir sem ela.

Corria desviando das pessoas retornando para a cidade, voltando a pisar sobre a areia da praia. Meu olhar percorreu por todo o ambiente e nenhuma pista da Azurill. Já dos Rangers, haviam vários. Caminhavam pela praia informando as pessoas e pedindo para saírem. Graças a isso era possível de se ouvir comentários reclamando sobre serem intrometidos, inconvenientes ou irritantes, nada que realmente importasse; afinal realizavam apenas seu trabalho para proteção de todos. Entre rangers e civis eu percorria, escondendo-me por entre guardas-sol até ficar o mais próxima possível do mar.

Alguns Rangers me notaram ao longe e avisaram para me afastar, algo que ignorei por completo. Quando finalmente alcancei e molhei meus pés nas águas, olhei ao horizonte.


Mãããe!! — uma criança fazia birra ao ser retirado da água por sua mãe. — A minha boia de Ducklett!!

Nós voltamos para pegar assim que os Tentacool's passarem.


Boia!! Imediatamente visualizei boias de Ducklett, Psyduck e Buizel sob a água, largadas por alguns banhistas. Porém mais ao longe uma boia de coloração azul ligada a outra boia de mesma cor nadava com dificuldade, distanciando-se da praia e direção ao pôr do sol. Sua falta de habilidades aquáticas era recompensada pelo corpo de boia, não sendo capaz de afundar. Meus olhos se arregalaram quando confirmei ser Nami.


NAMIIIIIIIIII!!! — meu grito foi inútil pela distância. Estava em choque ao imaginar a chegada dos Tentacool's; poderiam ser Pokémons bonitos mas eram também predadores. O coração batia acelerado e o pânico tentava me dominar. — Eu tenho que chegar lá, tenho que chegar lá... — a cabeça balançava de um lado para o outro atrás de uma ideia. Finalmente visualizei um barco de pesca também largada na praia, possivelmente de pescadores expulsos do mar pelos Rangers. — Rápido Vitória, rápido!!


A adrenalina subia ainda mais do que meramente perseguir Torchic pela cidade. Alcançando o barco o empurrei de volta para o mar ouvindo gritos atrás dos Rangers para que parasse, ouvindo até mesmo passos; tentariam me impedir mas eu seria mais rápida. Nenhuma outra ideia ou consequência vinha em minha cabeça além de remar o mais veloz até Azurill e tirá-la do mar.

Subi no barco quando suficientemente empurrado e comecei a remar. Pessoas na praia paravam para tentar entender o que eu estava fazendo, vendo nada mais do que uma jovem eufórica remando até uma boia. Mas diferente de quando hesitei em pular uma cerca pelas pessoas na feira me observarem, agora nada mais importava. Estava frenética, talvez nunca tivesse sentido tanta adrenalina ao ponto de sequer saber lidar com essas emoções.
Meus olhos não piscavam e não ousavam desviam segundo sequer de Azurill, enquanto minha garganta rasgava de tanto gritar "Nami". Ela me ouviu e parou. Seus olhos, lacrimejando ao se voltarem para mim, mostrava o quanto eu havia a magoado.

Mas um tentáculo amarronzado se ergueu da água em torno de Azurill e se enroscou na parte preta de sua cauda, prendendo-a.


NÃO!!! — meu grito fez Azurill começar a se debater em desespero, tentando atingir o Tentacool que se erguia com a bola de sua cauda.


Comecei a remar ainda mais rápido para tentar alcança-la, mas a distância já era fatal. Em meio ao desespero precisei respirar fundo e pensar em uma solução lógica; eu ainda tenho um ás na manga!!!


TORCHIC POR FAVOR!! — a velocidade com a qual agi em retirar a pokebola da bolsa e liberar Torchic surpreendeu até mim mesma. O feixe de luz formou o Pokémon em cima do barco, em sua borda, já mirando na direção do Tentacool. — USE O EMBER PARA AFASTAR O TENTACOOL DA NAMI!!


Da mesma forma que fui surpreendida por mim mesma, também fui por Torchic. Dessa vez ele estava levemente sério, fitando com coragem o desafio e abrindo seu bico para atirar brasas no oponente. Atingindo-o na cabeça e no tentáculo, o fez soltar Azurill. As chamas, mesmo que fracas, obrigavam o Tentacool a afundar na água para apaga-las. Imediatamente tomei os remos em mãos e apressadamente remei até mais próxima de Nami, sendo que a mesma tentava nadar até nós.

Alguns demais Tentacool's ergueram-se em torno de sua presa mas as brasas atiradas por Torchic serviam para ocupa-los momentaneamente. Assim que possível larguei os remos e estiquei os braços para puxar Azurill para o barco, agarrando-a em um forte abraço. A Pokémon chorava em meu colo pelo susto que passou enquanto eu derramava algumas lágrimas. Havia embalado em um desespero tão forte que sequer sabia como acalmar.


Chic. — o piado de Torchic me trouxe de volta para realidade, fitando-o.


O desespero subiu mais uma vez quando vi Torchic, de peito estufado e feições irritadas, encarando 3 Tentacool's em frente ao barco.


PARE TORC- — o Torchic deu uma forte bicada na testa do Tentacool central, atingindo sua joia. — ...


O tentáculo da criatura envolveu o pintinho e o levantou no ar, tendo este usando Scratch's para tentar se soltar. Os demais começaram a tentar revirar o barco, tornando a situação ainda mais catastrófica; o assistente não estava errado quando disse que o Torchic tornava as situações ainda mais difíceis.

Agarrei Azurill com um braço, prendendo-a no meu corpo, e com a mão livre segurei Torchic antes que fosse afogado. O que me restou foi usar o pé para começar a chutar a cara do Tentacool, obrigando-o a soltar o Torchic. Não bastasse a isso o barco ainda virou, jogando-nos no mar. Com Azurill no braço e o Torchic em mãos, coloquei-o na cabeça e comecei a balançar as pernas para não afogar.


ATIRE EMBER NO BARCO!! CHAMAS IRÃO ASSUSTAR ELES!!!


A ideia apenas surgiu como um raciocínio rápido de sobrevivência. O pintinho não hesitou em abrir o bico e atirar novas brasas, dessa vez contra o barco de pesca. Por ser feito de madeira rapidamente as chamas se espalharam, sendo o suficiente para afastar os Tentacool's de nós. Não sei de onde tirava forças mas nadava o mais rápido que podia para retornar até a praia.

Minha performance de resgate só foi notada quando conseguiram diferenciar a Azurill de uma mera boia, começando a aplaudir e gritaram que eu estava perto. Um dos Rangers agiu entrando na água para me ajudar a retornar, enquanto outros apagavam o fogo do barco. Chegando na areia da praia, enquanto recebia aplausos, me taquei na areia em exaustão após tamanha aventura. Torchic caiu na areia e levantou os pés para cima, cuspindo água de seu bico como uma fonte. Azurill, em meus braços, choramingava baixo.

O ranger me auxiliou a respirar melhor e em seguida o estado dos Pokémons, garantindo que estavam bem.


Isso foi bastante corajoso para salvar essa Azurill, mas também imprudente. — falou o Ranger antes de me ajudar a levantar o torso. — Poderia ter nos avisado.

Desculpa... eu acabei entrando em pânico. A segurança da minha Azurill em perigo me deixou assim. — com a resposta direcionei meu olhar para a ratinha em meu colo, abrindo um enorme sorriso. — Eu nunca deveria ter duvidado de você... me perdoa?

Azu!! — esfregou sua face na minha barriga enquanto grunhia.

Que bom que deu tudo certo. Não gostaria que uma tragédia dessas acontecesse, ainda mais com o S.S. Kyogre buscando os treinadores logo agora.

S.S.KYOGRE!!!
Música em mp3

O meu berro veio junto de um grunhido de Nami. Imediatamente levantei com a ratinha no colo. Com o braço puxei Torchic por sua perna até coloca-lo em minha cabeça, correndo pela praia com a adrenalina retornando. Naquele instante sentia quase como uma música de introdução ao fundo; até porque, minha aventura estava prestes a iniciar oficialmente.

Os cabelos azuis, molhados e todos enrolados, sequer estavam presos como havia deixado anteriormente. Eles esvoaçavam ao vento com meus movimentos, soltando gotas de água ao chão. Meu vestido, colado ao corpo, pingava gotas d'água, mas pelo menos não se tornava transparente graças ao tecido marrom por baixo. As sandálias ainda estavam no meu pé, mesmo com uma desamarrada. A bolsa encharcada já havia tido a maioria dos pertences molhados pelo lado de fora. E mesmo assim, correndo com os Pokémons pendurados em mim, eu sorria. Não é a saída em jornada que os treinadores planejam mas o quão inusitado, melhor. É para isso que estou me aventurando em uma região desconhecida!

Durante a corrida passei pela praça. Neste instante, enquanto o colar balançava pela corrida, sentia estar ligando diretamente minha vó e eu. A corrida continuou, passando pelo estaleiro do pai, o museu aonde minha mãe trabalha e as barracas já fechadas. Por fim eu estava dentro do porto e visualizando o que eu sonhei por dia: S.S.Kyogre, a provável palavra que mais falei durante essa semana.

As pessoas desviavam a atenção entre mim, a recém chegada, e uma mulher esperneando junto de seu Feraligart e ambos sendo segurados pelos marinheiros. Minha mãe parecia fazer um escândalo para o cruzeiro não partir, o que me fez soltar uma risada enquanto corria para dentro do navio. Confirmei minha entrada e assim que vista minha mãe parou, acenando com um enorme sorriso. Meu pai, que me viu correndo pela cidade, correu atrás.
Não havia tempo para despedidas além de acenos e lágrimas. O cruzeiro não havia mais nada a esperar, partindo imediatamente.


~x~x~x~


Infelizmente, perdida em meus pensamentos encarando o pôr do sol junto de Nami e Torchic, sequer reparei que o S.S. Kyogre atracou em Sunyshore City. Os treinadores já saiam com emoção para começar suas jornadas, criando um enorme tumulto na descida do cruzeiro. Já eu apenas queria continuar ali assistindo aquela linda imagem do sol desaparecendo no oceano.


Foi um dia tão repleto de emoções... eu quero que nossa jornada seja assim! — dizer tais palavras alegrava Torchic, o qual piou ao meu lado. — Você parece gostar disso não é, meu Ás na manga? Espera... eu ainda não te nomeei mesmo depois de todo esse tempo. — fitei o pintinho por alguns segundos, sorridente. — Já que você é o meu ás, será Ace! Não acha bonito?

Azuri! — emburrada, acredito dizer que "Nami é melhor!"

Torc Torc!! — piou ignorando a ratinha, saltando do parapeito e nos convidando a correr pelo convés.

E-Ei, me espere! — agarrei Azurill em meus braços, após já tê-la efetivamente capturado na pokebola, e correndo atrás do pintinho. — Esteja preparada Sinnoh, eu serei uma vencedora!!


Resultados escreveu:
Jornada Torchic
Torchic, Ace
-Pokémon nomeado-

Jornada Azurill
Azurill, Nami
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Vitória
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Mensagem por benjaminposs Seg Abr 15, 2019 1:23 pm

Capítulo1: Sozinho? Nunca mais!

Cheguei em Sinnoh... depois de algum tempo sem ao menos sair de casa, eu consegui convencer aos meus pais de que eu estava pronto. Eu sempre tive a vontade, o sonho de seguir meu caminho, de ser livre e ver todas as paisagens do mundo!
Já estava na hora de por  minha câmera para trabalhar, tirar aquelas "molduras" da janela de meu quarto que contornavam cada fotografia. Sinto ansiedade e medo. Medo de que eu não consiga me  virar sozinho fora do aconchego de meu lar, mesmo que tenha sido minha prisão a vida toda.
Chegou a hora de ser independente. Chegou a hora de provar pra mim mesmo que eu conseguirei ser um excelente criador.


Eu dizia essas palavras para mim mesmo enquanto segurava a pokebola com meu único pokémon e agarrava firmemente a alça de minha mochila que estava em minhas costas.
Respirei fundo, e fechando os olhos enquanto espirava dei o primeiro passo do navio para a terra.

Antes de minha jornada iniciar conheci o Link City, que era completamente diferente do que imaginava através das pesquisas que fazia. Era muito maior e viva pessoalmente.
Passei pelo Centro Pokémon, pelo Centro de Criação e Cuidado Pokémon, até mesmo um parque onde treinadores buscavam colocar seus pokémons na melhor forma através de treinamento e batalhas.
Toda aquela visão me fez ainda mais determinado; Eu irei dar o meu melhor.

Meu primeiro objetivo antes de mais nada era procurar por paisagens bonitas e deixar meu Chespin respirar e entrar em contato com a terra.

- Vamos lá Chespin, você precisa respirar um pouco.- dizia enquanto jogava a pokebola.
- Ches-ches!


Era possível ver o quanto ele estava precisando. A felicidade dele ao ver a terra e pisar nela era impagável. Então fui levando ele para alguma área de floresta mas com água por perto para darmos uma relaxada e eu conseguir tirar algumas fotos.

Caminhamos a Oeste de Sunyshore City, a cidade na qual chegamos, e fomos em direção a rota 222 para tentar chegar na margem com a água do mar.

Chegando em um ponto interessante peguei minha câmera fotográfica e comecei a tirar algumas fotos, tanto de pokémons aéreos quanto insetos que se alimentavam.
Dei um pouco de ração para o Chespin e fiquei sentado ao é de uma árvore olhando para o mar.
Eu o acariciava sentindo uma preguicinha vir tirar-me um bocejo, até que o Chespin alarmou.

- Ches pin-pin! Ches-ches pin-pin!
- O que houve amiguinho!?


Ele parecia inquieto com algo vindo do mar.
Com minha câmera usei o zoom para localizar, bem na direção que o Chespin indicava, onde acabei vendo algo azul encalhado.
Peguei minhas coisas e corremos até la.

Era um pokémon ferido. Um Tentacool para ser exato. Ele era pequeno o que pode sugerir que tenha sido expulso do grupo ou atacado por outro pokémon.
Peguei um frasco de medicamento pokémon que carregava comigo, era o resto que tinha, e usei no Tentacool que começou a reagir.

- Ok amiguinho, vamos  ver se consegue ficar melhor quando voltar pra água. Chespin, use seu chicote apenas para coloca-lo na água, tudo bem?
-Ches-pin.


Chespin pareceu me entender bem e fez o que lhe pedi.
O pokémon aquático parecia reagir um pouco mais, porém não dava para deixa-lo assim; ferido e indefeso.

- Tentacool, terei de leva-lo para cuidar melhor de você. Por favor, não resista, só quero ajudar! Chespin, consegue me ajudar a convence-lo?

Com um aceno de cabeça Chespin começou a ter um dialogo com o Tentacool que respondia, e começou a baixar seus tentáculos, até que ficou me encarando como se esperasse por algo.
Peguei uma de minhas pokebolas e joguei nele.

- Isso é para seu próprio bem.

Como foi espontâneo, foi muito bem capturado sem dificuldades.
Imediatamente coloquei Chespin de volta em sua pokebola e me teleportei para Link City.
Chegando la corri até o Centro de criação e cuidado pokémon para que pudessem me auxiliar no tratamento do Tentacool.
Colocado a pokebola na capsula para seu cuidado sentei enquanto a guardava dando uma olhada no mural de trabalhos e ja anotando alguns que eu poderia fazer.

Algum tempo se passou e fui chamado, os ferimentos do Tentacool haviam sido tratados, felizmente ele estava apenas com escoriações e desidratado por ter ficado tempo de mais fora d'água.

Agradeci pelo cuidado e voltei para o local que o encontrei. Já entardecia e era lindo a visão do por do sol. Queria aproveitar aquela paisagem para registar o momento de soltura do tentacool.

- Tentacool, está na hora de voltar pra casa.- disse enquanto jogava a pokebola no mar.

O pequeno pokémon parecia muito mais disposto e feliz.

- Cool-cool!
- Ok amiguinho, espero que fique bem.- por um momento la ia me esquecendo- Ah! quase me esqueci. Chespin, venha dar tchau para o Tentacool.


Joguei a pokebola próxima do mar deixando Chespin sair.

Foi um curto diálogo, que parecia triste. Chespin olhava para o Tentacool e olhava para mim, querendo algo.

- Ches-pin-pin? Ches-pin!
-Ten-cool tenta-cool.


Eu parei e busquei observar suas expressões e comportamento. Chespin queria que Tentacool viesse com a gente, e o Tentacool parecia concordar e iria caso eu quisesse. Talvez eu estivesse enganado, mas perguntei.

- Quer que ele venha conosco Chespin? Se o Tentacool quiser, ele será muito bem vindo. Prometo cuidar bem dele.

- Pin-pin! Pin-pin! Pin-pin!
- Cool-cool! Cool-cool!

É, eles parecem felizes agora. Resolvemos mais um caso de solidão. Não é mesmo Benjamin?

Tirei uma selfie com ambos. Uma foto com eles brincando juntos ao por do sol, e depois disso os levei de volta para suas pokebolas e retornei a Link City para descansar no Hotel Entree.

Entreguei meu C-Gear para check-in, e assim que estivesse tudo certo, fui para meu quarto descansar.

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Mensagem por Ellie Green Seg Abr 15, 2019 4:06 pm

"Sunyshore city...como eu vim parar aqui? Não esperava ir tão longe, mas eu mal sabia que iria pôr em jogo a minha determinação, eu já deveria saber o que iria acontecer quando eu tomo uma decisão...eu vou longe com ela sempre!"
---Capitulo 0 - “Eu não pertenço a esse mundo” ---


Eu fui trancada em casa para me focar nos estudos, que chato! Tudo é chato nesse mundo. Estudar para ser alguém na vida, sim, eu entendo isso, se fosse uma escolha minha…

- Traaa? - O pequeno parasita saí debaixo da cama, preocupado comigo. Ele quase que lê os meus pensamentos, sinto uma ligação entre nós dois. No entanto, ele sabe sempre o que eu sinto, mas eu nunca sei o que passa na cabeça do meu “Pokémon”.

Me abaixei para pegar nele, era um ser pequenino, laranja e cabeçudo, mas era meu único amigo, ou pelo menos o mais próximo de um amigo. Ele não julgava, ele não se preocupava com aparências e gostos, e sabia me avisar quando eu cometia erros, daquele seu jeitinho.

- Drake! Está vendo isso? esses estudos, bah!! que coisa chata! - Reclamei com o meu pokémon, se bem que ele não é nem um pokémon meu de verdade, eu não tenho uma pokébola para ele, nem mesmo sou uma treinadora e nem vou poder ser.

- Pinch! - Drake subiu no meu colo, pegando em na minha caneta com a boca e rabiscando no meu manual escolar. Acabou fazendo um bigode em uma pessoa aleatória que estava no livro.

- Ei! - Disse, tirando a caneta da boca do pokémon parasita, sem parar de rir com a cara da moça rabiscada. - Não podemos ser Rebeldes agora! não tem como sair daqui hoje.

A verdade é que tanto eu como o drake treinamos todas as noites grafitti. Era um jeito rebelde de expressar minha opinião sobre a sociedade em que vivia, o Drake só vinha comigo para me ajudar, mas ele compartilha o mesmo gosto que eu por arte, é uma das poucas coisas que sei sobre ele.

Ainda lembro da primeira vez que fizemos isso juntos, por um momento, me senti a criança mais feliz do mundo, me senti com um amigo, com alguém que possui um gosto semelhante...alguém que não é mais um fantoche nesse mundo cinzento e chuvoso.

Sim, era um dia cinzento quando achei o trapinch. Estava na cidade de Black city como sempre, me preparando para fazer um grafitti em um beco qualquer. Eu lembro que tinha vestido sacos de plástico por cima do elegante vestido para não sujar e não dar suspeitas.

Lá estava eu pintando e graffitando quando ouvi um murmúrio, por um momento fiquei assustada, achei que tinham me pego, ou era alguém no beco pronto para me pegar, pensamentos de uma jovem de 10 anos, sozinha á noite.

Quando me virei rapidamente para ver quem era, ninguém apareceu, mas os murmúrios continuavam. Ignorei todo o meu medo por um instante, pois minha curiosidade falava mais alto e decidi seguir os sons por entre o beco. Passei por várias latas de lixo, era um cheiro muito forte e hediondo. Mas foi aí que eu o achei...pequeno, frágil no meio daquele lixo todo, o pequeno trapinch parecia abandonado e cheio de fome, estava comendo lixo.

Ah...eu bem lembro, tentei pegar nele e ele me mordeu tão forte, que a mandíbula cravou e não soltava mais a minha mão. Fui nas máquinas de venda automática, de olhos chorosos para comprar algo para ele comer, e assim Drake largara minha mão e devorara toda a comida que eu tinha comprado.

Eu naquela época era inocente demais, por um momento, achei que eu podia ter o meu primeiro pokémon, tinha 10 anos, estava pronta para viver uma aventura.

O pequeno pokémon sensível se deixou ser pego por mim, mesmo após tendo me mordido, ele se sentia culpado, abraçava minha mão machucada, fazendo pequenos sons que faziam jus ao seu nome “tra…” dizia ele.

Passei para a zona rica de black city, os apartamentos cada vez mais luxuosos, os carros caros passando, pessoas com roupas de estatura rica e poderosa. Alguns até se  afastavam de mim, estava suja de tinta, suja de lixo, com um pokémon sujo e com um cheiro forte no ar.

Cheguei a casa mostrando minha nova “captura”, eu sinto dor só de pensar nas palavras dos meus pais e até mesmo das empregadas domésticas

Que horror! Que cheiro horroroso!

A menina enlouqueceu, sua mãe está em casa, ela vai saber disto

Ellie! Larga-te desse monstro! olha o teu estado! o que andou fazendo a essas horas da noite?!

Sujou o seu vestido caríssimo!

Você tem de estudar! não de ficar querendo ser treinadora pokémon, isso é coisa de gente que não tem herança nem dinheiro para gerir


De nada adiantava minhas palavras, meus pais nem gostavam de pokémons, eu não sei porque eu tentei, minha esperança falou mais alto e acabei ficando de castigo, acabaram descobrindo minhas tintas e confiscando-as de mim.
Eu me livro dele...mas me deixem fazer isso EU” Foram as palavras ditas por mim, lembro-me bem disso. Eu desci de elevador, chegando á porta do apartamento, e lá deixei o pokémon parasita, sozinho. Ele me olhava com uns olhos confusos, eu havia falado durante a viagem toda até casa que iríamos ser amigos e ele seria meu pokémon, e agora, lá estava ele, abandonado de novo.

Eu virei as costas para o mesmo e assim que o fiz, começou a chover, o dia estava cinzento e chuvoso. Notei os pidoves se abrigando juntos, purrloins fugiam para becos mais pequenos que eu, e foi aí que eu notei que aquele pokémon não fazia parte daquele mundo...ele parecia não encaixar naquele puzzle que era black city...assim como eu.


E assim eu acabei com ele aqui, escondido na minha casa em segredo sem meus pais saberem. Por sorte o Herdier do meu irmão não estava vivendo com a gente, se não ele já teria descoberto faz tempo que existia alguém escondido dentro de casa.

- Bom, vam-

- Ellie! Querida! Abre a porta - A minha mãe começou a bater a porta, por sorte tinha ela trancada. Drake de imediato se esconde debaixo da cama, não querendo ser pego. Eu então fecho o manual escolar para que ela não veja os bigodes desenhados no mesmo.

E só aí eu abro a porta à minha “querida” mãe. Para ela me chamar numa hora dessas, deve ser algo importante.

- Então querida, como vão os estudos? Tenho incríveis novidades!! - Diz com entusiasmo, estava vestida com roupas ricas e exageradas de branco e rosa, os seus cabelos loiros estavam cheios de adornos e lacinhos. Eu tentei falar, mas ela nem me deixou falar um “a” sequer. - Hoje seu pai convidou uma família importante para vir jantar a nossa casa. São pessoas importantíssimas filha!

- Certo e então? - Perguntei.

- Ai Ellie! e então? E então que temos de ter esta casa o mais bem preparada possível! Além disso, o amigo do seu pai tem um filho da sua idade e uma filha dois anos mais nova que o Thomas. Que bom seria unir ambas as famílias, podíamos subir ainda mais de estatuto! - Enquanto fica falando, a mesma foi até ao meu armário procurando a melhor roupa para vestir para o jantar.

- Mãe...eu não vou casar com ninguém...muito menos por interesses! - Eu respondi com alguma rigidez, estava cansada dessas coisas. - O Thomas talvez concorde com isso, com toda arrogância e “perfeição” dele, duvido que saiba o que é amor pelo próximo.

- NÃO FALE ASSIM DO SEU IRMÃO! - Ela ficou super irritada e acabou saindo do meu quarto, dando as roupas certas para eu vestir - E quero você pronta daqui a uma hora, para eu te pentear e te preparar.

Não lhe respondi e fechei a porta do quarto. Estava vermelha até á ponta das orelhas de tanta raiva. - Eu não vou casar com um riquinho metido! Eu não vou!

Drake sai debaixo da casa me olhando com aqueles mesmos olhos de sempre, os olhos de pena? De tristeza? Não sabia dizer, mas achava aquele olhar fofo e com alguma mensagem por trás...isso me fez lembrar novamente o passado.

- Drake...tu e eu..nós! Nós não pertencemos a este mundo lembra? somos peças de um Puzzle que não encaixam aqui, temos de achar nosso lugar, um puzzle onde possamos encaixar! Faz quatro anos que eu te achei, mas nada fiz para mudar. Mas agora...agora chega! - Sorri para ele, os meus olhos estavam em chamas

- Tra! Trapinch! - Falou o pokémon, atrapalhado e desgovernado nas falas, mas também com uma certa determinação, pela primeira vez, vi um olhar diferente nos olhos de Drake. Sabia que ele iria me seguir.

Comecei então a arrumar uma mochila com tudo o que eu necessitava, incluindo as minhas latas de tinta, meus óculos para ler, água e mais algumas coisas necessárias, eu iria ser uma treinadora pokémon! E nada nem ninguém me vai impedir, eu me chamo de rebelde por fazer grafitti, mas me submeto a ser o que os outros querem que eu seja...mas hoje, isso acabou!

Drake me ajudou com a mochila, pegando em um caderno de desenhos e umas canetas de pintar, esse caderno estava debaixo da cama.

- Nossa...meu antigo caderno! Eu desenhei você Drake. - Mostrei meu único desenho naquele caderno, um trapinch todo mal pintado de desenhado. - Você guardou isso por quatro anos? Então você gostou!

Drake nunca demonstrava muito seus sentimentos, facilmente ficava nervoso e preocupado, mas nunca o vira demonstrar muitos sentimentos de felicidade, mas talvez seja porque eu nunca tinha parado para o observar melhor.

- Certo, vamos levar o caderno também. - Disse enquanto me preparava.

Arrumei tudo o que tinha para arrumar e botei o pokémon laranja dentro da minha mochila escondido. Com isso tentei sair de casa sem ninguém notar. Fui quase até á porta e quando estava pronta para abrir e sair dali correndo...uma voz interrompeu minhas ações

- Não deveria estar se preparando? Ou vai querer estragar tudo...de novo? - Uma voz arrogante falou, olhei com um certo ódio para trás, e lá estava o autor da voz.

- Não é nada da sua conta Thomas. - Respondi com má educação para ele, não tinha paciência para meu irmão...e para piorar, minha mãe acabou aparecendo no meio da conversa desnecessária.

- Ainda não se vestiu? você tem vestidos bem mais bonitos que esse, o branco combina com seus cabelos loiros, mas eu acho que o azul vai ser mais elegante para o jantar. Vá se vestir para eu te preparar, estamos ficando sem tempo.

- Eu..eu… - Tentei ir contra as palavras dela, mas era difícil falar, apesar de fazer coisas em segredo de meus pais e irmão, nunca havia os enfrentado, bater de frente era mais complicado do que eu imaginava. - Eu...eu não vou! Eu não sou mais um fantoche que você pode manipular e enfeitar como quiser...eu sou livre!

- Pare com essa brincadeira! - Disse minha mãe  mãe. Enquanto isso os lábios do meu irmão cobriam um sorrisinho, ele estava se divertindo com aquilo.


- E quer saber? Eu sou mais esperta do que vocês pensam, eu sempre me viro e eu sempre faço o que eu quiser. - Sorri com confiança, estava ganhando coragem, não só isso, mas loucura também. Pisco o olho para ambos - Xau xau

Enquanto abria a porta, me deparei com o meu pai, rapidamente desviei dele e saí correndo sem lhe dar uma palavra sequer. Apenas ouvia as vozes abafadas

Joseph! Vá atrás dela!

Eu? Porque…? Porque não vai o Thomas? ele é bom em tudo, é bom a correr também

Eu não quero saber da pirralha

O jantar?! Joseph, vai ser tudo estragado!

Depois disso não consegui ouvir nada, apenas corri apressadamente pelas escadas sem parar, queria só sair daquele local o mais rápido possível, eles vão ter de me procurar, eu acabei roubando a carteira do meu pai sem ele ver, mas o conhecendo muito bem como conheço, ele vai dar por isso bem rápido.

Tinha de pensar rápido, uma pessoa como eu, me achariam fácil, loira de olhos cor de esmeralda com um vestidinho branco super elegante, precisava mudar completamente, e assim poderia escolher um estilo que gostasse muito mais.

Decidi então ir no cabeleireiro mais próximo, Drake estava enjoado no meio da correria toda, mas finalmente acalmou quando eu cheguei. Essa é uma das coisas que jamais esquecerei.


- Muito bem menina, seu cabelo está lindo do jeito que está, mas quer arrumar alguma coisa? cortar as pontas, deixar mais liso?

- Sim...quero que corte acima dos ombros - Disse com um sorriso.

- Oh-oh...tem certeza? Um cabelo tão bonito comprido..não quer cortar menos?

-. Nops! E ah! Quero pintar!

- De que cor? Rosa...moreno?

- Verde! - Acho que a revelação de que queria meu cabelo verde deixou a mulher do cabeleireiro nervosa demais, afinal ela atendia gente bem apresentável, princesas e príncipes, “filhos perfeitos”. Pedir para cortar meu cabelo mais de metade e ainda pintar de verde deixa esse tipo de gente nervosa com estética e moda.

Acabei saindo de lá correndo, porque o Drake acabou destruindo a mangueira e jorrou água por todo o lugar, pelo menos paguei pelo excelente serviço que a senhora fez.

Por fim acabei indo para a zona menos rica de Black city comprar as minhas roupas, queria algo mais simples e que desse para correr por aí sem tropeçar nos sapatinhos, nem ficar presa com o vestidinho.

Com isso, acabei comprando umas roupas super simples e laranjas, ficaram bem em mim, principalmente com o meu cabelo agora verde. Acabei comprando também um lenço preto e o coloquei em drake, ficou tão estiloso quanto fofo. - Agora você é o meu pokémon! E eu sua treinadora, a partir de agora...vamos viajar juntos  e achar um puzzle para encaixar nossas peças! E assim mostraremos ao mundo nossa arte!

- Traaap. - Ele corou, subindo no meu colo e concordando comigo com a cabeça.
---To be Continued---

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Mensagem por benjaminposs Ter Abr 16, 2019 2:40 pm

Capítulo 2: Primeira batalha selvagem.

Eu dormi tão bem durante a noite!
Assim que senti o pequeno feixe branco e quente dos raios solares eu me espreguicei. Já era manhã e estava na hora de conhecer uma outra cidade e fotografar alguns pokémons.

Eu olhava o mapa de Sinnoh enquanto tomava meu café antes de alimentar meus amigos. Um pokémon que me chamou muito a atenção e eu gostaria de ver seu comportamento é o Shinx.
Lindo, fofo e ficaria lindo em uma foto; Quem sabe eu não capture algum?

Uma coisa é certa, não conseguiria ir de bicicleta, teria de pegar algum transporte mais rápido e confortável pra ir até lá.

Me arrumei, vesti um casaco e coloquei minha mochila nas costas.
Assim que sai do hotel Alimentei o Tentacool e o Chespin. Ainda estava pensando se deveria dar um nome a eles. De certo modo eu penso que eles deveriam escolher ter ou não, acho que depois vou pergunta-los.
Conferi a bateria da câmera, minha pokedéx e mantimentos de ração pokémon, água e comida para mim.

Cheguei em Sunyshore e logo procurei por pessoas que poderiam me passar informações sobre qual ônibus pegar e onde, para conseguir chegar em Oreburgh City.
Conseguindo algumas informações, e para não esquecer, anotei em minha agenda.
Não demorou muito para chegar o ônibus.

Após entrar, notei que não haviam muitas pessoas dentro e escolhi um lugar aconchegante onde seria bom para ver as paisagens.
Era uma mistura de azul e verde que a medida que chegava mais perto de Hearthome City se tornava cinza e preto, mostrando que estava me aproximando de civilização. Visitarei-a algum dia com calma, mas preciso muito fotografar Shinxs.

Seguindo pelas rotas 208 e 207 a paisagem mudava para algo mais marrom. Estava chegando em Oreburgh City; E isso me lembrava que depois precisaria procurar por pokémons fósseis.

Oreburgh City! Em fim!

Depois de uma longa viagem cheguei a Oreburgh City.
Tirei algumas fotos simples para registro e caminhei até a rota 203, onde poderia encontrar mais facilmente os Shinx.

Caminhei por algum tempo pelas paisagens verdejantes. Acabei por encontrar alguns Starly, um Kricketot... Talvez terei de procurar em lugares mais escondidos.
Em silêncio procurei por muitas horas, e não estava sendo fácil. Até que...

Até que em fim!

Peguei minha câmera e comecei a fotografar com cuidado para não alerta-lo. Mas, com o zoom reparei em algo, era uma mocinha. Um Shinx fêmea; Que gracinha!

Acabei por pisar sem querer em um galho que fez um estalo e a alertou. Logo ela arrepiou seu pelo e começou a rosnar com as pupilas contraídas, ela estava mostrando que aquele território era dela.
Faíscas começavam a ser produzidas e eu fiquei preocupado.

- Vai Chespin!- Disse enquanto jogava a pokebola.
- Ches-pin!
- Amiguinho, é hora de batalhar! Vine Whip!


Chespin usou seus chicotes para golpear a Shinx que logo conseguiu escapar do ataque. Ela era rápida. E com uma descarga elétrica atacou Chespin, porém não foi muito eficaz por sua resistência por dano elétrico.
Aproveitando a brecha dei outro comando.

- Chespin, Vine whip novamente!

Desta vez pegou em cheio a Shinx.
Ela ficou encarando com o pelo ouriçado o Chespin tentando o intimidar, mas o pequenino parecia resistir.

- Chespin, Rollout!

Chespin virando uma bolinha rolou rapidamente em direção a Shinx a derrubando.

- Isso ai meu garoto! Mocinha, você será minha!- disse enquanto eu jogava uma pokebola.

Grund, grund...grund, grund...

- Vamos... fica ai... fica ai...

Grund, grund...grund, grund...

Pechei os olhos por um instante e quando abri, a luz vermelha apagou.

- Yay!! Mais um, Chespin!
- Ches-ches!
- Ok amigo, pode descansar agora.
- Disse fazendo carinho e logo pegando sua pokebola e o pondo de volta nela.

Peguei a pokebola da nova amiguinha.

- Ok Shinx, venha!

Joguei a pokebola e deixei-a sair.

- Awnn você é uma gracinha! Venha, tome uma ração!

Extendi o a mão e deixei que ela se aproximasse, precisava criar um bom vinculo com ela.
Meio tímida e cuidadosamente ela foi se aproximando de mim.

- Shi-shinx... Shinx-shinx?
- Isso, pode comer amiguinha, é gostoso. Essa eu preparei para você!


Ela lambeu e lobo mordeu a ração lobo comendo e pela cauda parece que ela gostou.

- Você agora é minha mais nova amiguinha.- Disse enquanto a acariciava.

Após devolve-la para a pokebola voltei me teleportei para Link City. Já estava entardecendo então teria de descansar; Amanhã eu irei ao CCCP dar uma olhada nos trabalhos, ja está na hora de trabalhar.

Após meu banho, comi algo, deitei na cama e cai no sono sorrindo.

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Mensagem por Hoshino Subaru Ter Abr 16, 2019 6:29 pm

ENTRADA 03: Munchlax destrói o monte de lixo do mal

Uma dica valiosa: se seus pais adotivos te derem uma caixa com chaves para a antiga e abandonada mansão dos seus pais biológicos e disserem que talvez será interessante explorá-la, não os ouça. Jogue a chave fora e diga que só tinha um monte de pó e móveis mofados. Era o que eu devia ter feito, mas agora é tarde demais para voltar atrás e talvez, apenas talvez, não tenha sido completamente ruim e logo lhe contarei por quê.

Rota 210, Região de Sinnoh

Já era entardecer quando chegamos à Rota 210. Windie me carregara em suas costas por todo o caminho e não parecia cansada, mas preferi desmontar dela. Eu não gostava de abusar. Naquelas poucas horas, nada havia mudado. Não parecia que eu tinha me tornado um treinador oficialmente e estava na minha grande viagem pelo mundo; era como se eu só estivesse dando um passeio até Celestic, como eu fizera muitas outras vezes e à noite voltaria para casa.

Porém, dessa vez eu não voltaria.

Eu me sentia realmente empolgado e pronto para tudo aquilo. Eu vestia uma camiseta simples e preta por baixo de um moletom vermelho, com pelinhos no capuz, e outro casaco azulado, me mantendo bastante aquecido no clima normalmente frio. Minha calça jeans branca ia até o meio das canelas, com as barras pretas e as minhas botas eram simples e marrons. Eu carregava uma bolsa grande atravessada nos ombros, cheia com roupas extras e suprimentos para a viagem. Eu nunca havia acampado sozinho, mas com Pokémons, eu não precisava ter medo.

Windie trotava calmamente ao meu lado, com a sela nas costas e mais alguns suprimentos presos a esta, além de uma pequena barraca. Apesar de parecer confiante, eu sabia o quanto a Ponya estava sendo cautelosa. Pollux sentava-se sobre a sela de Windie, observando em volta com os seus olhinhos muito analíticos.

O caminho até ali tinha sido bastante calmo. A estrada até Solaceon estava úmida como sempre, mas dessa vez não encontramos ninguém sendo atacado por Yanmas, o que foi um alívio. Não ficamos muito tempo na cidade, rumando para a Rota 210. Em circunstâncias normais, eu não teria muito interesse nessa rota em específico, aliás, eu a detestava. A grama muito alta era incômoda e aquela névoa claustrofóbica já começava a se formar a nossa volta. Eu sabia que mais um pouco e estaríamos completamente cegos.

O motivo do meu interesse nessa rota? A caixa que o meu pai me deu, com os pertences de William e Sasha Pieceman, meus pais adotivos. Meu pai me contara que eles haviam deixado a mansão em que a família Pieceman vivera por gerações e, por eu ser o último herdeiro vivo, tecnicamente era minha. Era um pouco estranho saber que eu herdara algo de pessoas que eu nunca conheci, mas meu pai dissera que podia ser importante que eu explorasse o lugar. Relutantemente, aceitei dar uma olhada.

Conforme andávamos, Windie e eu ficávamos mais incomodados. A névoa fina e branca já nos envolvia, não permitindo que víssemos mais que três metros em todas as direções. Mesmo que ainda fosse entardecer, a rota já estava escura e as mínimas gotículas de água que formavam a névoa grudava na minha pele e nas minhas roupas incomodativamente. Windie estava pior, afinal, como um Pokémon de fogo, detestava água.

Tem que estar por aqui, papai disse que era nessa direção — eu disse, tentando ver algo através da névoa, que ficava mais escura conforme o tempo passava. Windie relinchou irritada, batendo os cascos no chão, fazendo o som ecoar pela floresta em volta. Parei, voltando-me para ela e Pollux. — Vocês acham melhor pararmos por aqui e acampar?

A Ponyta e o Piplup assentiram.

Então tudo bem, vamos acampar.

Procuramos um local próximo da estrada, ao lado de um grande pinheiro que desaparecia em meio à névoa muito branca. Desprendi a pequena barraca em forma de Pikachu da sela de Windie, montando-a rapidamente e, após juntar alguns gravetos, fizemos uma pequena fogueira acesa por um muito útil Ember da Ponyta. Logo nos sentamos em roda da fogueira, eu com as minhas costas apoiadas em Windie e Pollux ao meu lado, bastante quieto, mas sempre olhando para os lados, como se tentasse ver algo através da névoa que nos mantinha cegos.

Era real. Eu estava pronto para passar a minha primeira noite fora de casa. Uma muito bem-vinda sensação de euforia tomava conta de mim, me deixando cada vez mais animado. Eu estava viajando, tendo a minha própria aventura. Eu podia ser o que quisesse, fazer o que quisesse, ir onde eu quisesse também. Eu poderia explorar cada canto do mundo, como eu sempre sonhei. Animado demais, soltei um gritinho excitado nem um pouco másculo, que não agradou nem um pouco Pollux e Windie, que se assustaram.

Pip! — Pollux me bicou na perna, enquanto Windie balançava a causa, incomodada.

Ai, desculpa. Eu só estou muito animado, tipo, muito mesmo — eu não conseguia controlar a emoção na minha voz. — Eu acho que posso começar a chorar de alegria a qualquer momento, sabem.

Para provar como me entendia, Windie lambeu o meu rosto, me fazendo rir e eu acariciei o seu pescoço, aproveitando daquele momento simples, mas muito feliz com os meus Pokémons. Eu sinceramente esperava que fosse assim todos os dias pelos muitos anos que viriam. Terminei de vasculhar a minha bolsa e retirei dois potes, em um havia metade de um bolo e, no outro, vários pãezinhos muito coloridos, os Poffins. Ao vê-los, Windie animou-se.

Sim, mamãe fez vários para vocês — contei, abrindo o pote com os pãezinhos e pegando vários vermelhos, depositando-os em uma tigelinha para a Ponyta. — Poffins apimentados para você e... — voltei-me para Pollux, que me olhava sem entender — bem, ela não sabia de qual você gosta mais, então fez de vários sabores.

Deixei cair vários Poffins coloridos na tigelinha em frente a Pollux. Ele me fitou desconfiado, mas logo aproximou o bico dos pãezinhos, como se tentasse decidir se valia a pena o risco. Eu ri baixo, apontando para os Poffins vermelhos.

Estes são apimentados, esses aqui são doces — apontei para os cor-de-rosa. — Estes aqui são azedos — mostrei os amarelos, depois apontei para os azuis — estes secos e esses aqui são amargos — terminei sinalizando para os verdes.

Pollux voltou a observar os Poffins, ainda com aqueles olhinhos desconfiados. Aproximou o bico, cheirando-os por vários segundos e depois voltando a me fitar, seus olhos muito azuis estreitos. Em algum lugar eu li que Piplups são muito orgulhosos e se recusam a aceitar alimento de humanos, mas o caso de Pollux parecia diferente; ele estava tentando descobrir se a comida era segura e eu não estava, sei lá, tentando envenená-lo.

Não precisa se preocupar, olhe, Windie está comendo — sinalizei para a Ponya, que comia seus Poffins muito satisfeita.

Ela relinchou alguma coisa para Piplup, que pareceu mais relaxado e pegou um Poffin vermelho com as asinhas e comeu um pedaço. Porém, o rosto de Pollux avermelhou-se e ele começou a tossir, fazendo uma careta. Windie relinchou novamente, mas parecia estar rindo. Eu enchi outra tigelinha com água, oferecendo ao pinguim, que bebeu vorazmente.

Eu disse que esse era picante. Tente esse aqui — ofereci um cor-de-rosa. Ele me fitou novamente com os olhos estreitos, mas aceitou o Poffin. Deu algumas mordidas, provando o pãozinho e logo balançou a cabeça para os lados, pensativo e deu de ombros; acho que ele não decidiu se gostara ou não do Poffin doce. Ofereci um azul. — Esse é seco.

Nunca entendi por que chamavam o Poffin azul daquela forma, mas muitos Pokémons gostavam desse sabor. Pollux mastigou um pedaço, mas logo franziu o rosto levemente, não tendo gostado do Poffin. Eu sorri. Ele era bem difícil de se agradar. Dessa vez estendi o Poffin verde.

Um amargo, quem sabe você gosta.

Após mastigar um pouco, o rosto de Piplup franziu-se ainda mais do que antes, fazendo uma verdadeira careta para o pãozinho verde. Eu acabei soltando uma risada baixa, que infelizmente não passou despercebida por Pollux, que me bicou mais uma vez na perna.

Ok, ok, desculpa. Não fique bravo. Prove esse aqui, o azedo — coloquei o Poffin amarelo entre as asinhas azuis de Piplup, que voltou a me fitar com os olhos estreitos e desconfiados. — Vamos, coma.

Enfim Pollux comeu um pedaço do Poffin azedo. Mastigou-o por alguns segundos, franzindo o rosto, mas logo todo o seu corpo se arrepiou e ele soltou um piadinho animado, comendo os Poffins amarelos mais rapidamente. Eu me senti realmente feliz ao ver Pollux daquela forma e de descobrir um pouco mais sobre o meu Pokémon, mesmo sendo só o sabor de Poffins que ele gostava. Um pouco relutante, acariciei o topo da sua cabeça. Pollux parou no mesmo instante, seu rosto voltando-se para mim intrigado, mas não fez nada. Sorri para ele e o pinguim voltou a comer. Eu comi o meu bolo enquanto os Pokémons saboreavam os Poffins, todos tendo um ótimo momento juntos.

Acho que já está na hora de irmos dormir — eu me levantei, consultando o horário. Ainda eram nove horas, mas a névoa espessa impedia que víssemos qualquer coisa, então era um desperdício de energia continuar acordado naquelas condições.

Porém, quando eu comecei a arrumar tudo na bolsa para dormir, Windie e Pollux exclamaram assustados e um vulto preto passou pela frente dos dois, agarrando o pote de Poffins e embrenhando-se em meio ao mato e a névoa. Minha boca abriu-se e fiquei observando o lugar onde o pote já não estava mais enquanto as engrenagens do meu cérebro tentavam trabalhar. Pollux e Windie me fitavam igualmente espantados, até eu finalmente conseguir algo:

FOMOS ROUBADOS! — exclamei e os dois Pokémons se levantaram no mesmo instante, olhando para os lados.

Eu não sabia exatamente como deveria me sentir. Era a primeira noite da minha viagem e já tínhamos sido roubados! Uma sensação de medo tomou conta de mim, mas acompanhada de irritação e ira. Windie pareceu perceber, porque me fitava preocupada.

Vamos... vamos pegar ele! — eu disse de repente e os meus Pokémons assentiram.

Agarrei tudo e joguei dentro da bolsa, deixando a barraca para recolher depois. Esperava que nenhum outro ladrão aparecesse e a roubasse, mas se acontecesse, eu podia comprar outra. Windie corria um pouco na frente e eu agarrara Pollux para que não ficasse para trás, enquanto tentávamos manter o vulto preto e pequeno, um tanto circular com duas pontas na parte superior, no nosso campo de visão — que era beeem limitado por conta da névoa constante. Não precisei pensar muito para perceber que era um Pokémon, mas a sua espécie era um total mistério.

Continuamos correndo, eu já sentindo todo o meu corpo quente e a garganta doer pelo esforço, até sermos obrigados a parar de repente. Algo grande e escuro aparecera em nosso campo de visão e, antes que pudéssemos parar, BAM!, o atingimos com tudo, percebendo que também era muito duro. E doloroso. Me afastei da coisa, olhando-a mais atentamente até me dar conta de que era um muro alto de tijolos. Windie e Pollux também se levantaram, atordoados pelo impacto.

Nós perdemos ele. Droga — murmurei, olhando em volta, sem qualquer sinal do ladrãozinho sujo. Windie relinchou, brava, enquanto batia os cascos na grama úmida. — É. Não vamos desistir. Ainda deve estar por aqui, vamos contornar esse muro.

Eu estava bem irritado. Primeiro roubam meus Poffins e agora aparece um muro do nada na minha frente! Pelo que eu sei, não há nenhum povoado nessa parte da rota, então o que ele fazia ali? Pollux, Windie e eu caminhamos ao lado do muro, seguindo o que parecia ser infinitamente. Era muito longo e a névoa espessa impedia que víssemos o seu fim. O que poderia ser tão grande para precisar de um muro tão comprido?

A resposta mostrou-se na forma de um grande portão de ferro enferrujado, duas vezes mais alto do que eu. A portão tinha formas circulares e muito bonitas, mas já estava corroído em várias partes. No centro, tinha uma grande letra P. O portão estava trancado por grossas correntes, então não se mexeu muito quando tentei empurrá-lo.

O que será que...

Uma muito audível exclamação escapou dos meus lábios quando levantei a cabeça. Ali dentro, a névoa era bem mais fraca, permitindo que eu visse todo o pátio central. Havia uma velha mansão no centro do extenso jardim. Era enorme para ambos os lados, tendo três andares. Era todo feito de alvenaria e madeira escura, com um modelo muito chique e sem pensar muito, deduzia que pessoas riquíssimas moraram ali um dia. Sim, moraram, porque só de olhar dava para notar o abandono. A grama alta tinha tomado conta de quase todo o pátio e as paredes mais baixas estavam quase inteiramente cobertas por trepadeiras. A maioria das janelas já estava quebrada, mas os vidros que sobreviviam estavam cobertos por uma grossa camada de sujeira.

Foi aí que uma luz se acendeu na minha cabeça.

Essa é a mansão dos meus pais biológicos! — exclamei para Windie.

Ela me devolveu o olhar preocupada e eu acho que sabia por quê. Eu ainda estava relutante sobre visitar aquele lugar, afinal, me recusara há anos a saber sobre os meus progenitores. O que havia dentro daquela casa poderia me fazer mal, mas eu prometera ao meu pai que daria uma chance ao lugar. Tudo aquilo pertencia a mim e talvez fosse um desperdício deixar às traças. Respirei fundo e retirei o velho molho de chaves, abrindo o cadeado com um pouco de dificuldade, graças aos anos acumulados de ferrugem. As correntes caíram com um som pesado e os portões rangeram algo quando os empurramos, adentrando a velha mansão.

Olhando-a mais de perto, notei que aquela era uma ideia péssima. A noite estava mais escura do que o normal graças ao nevoeiro, impedindo que eu visse o céu e o fim do enorme pátio da mansão. O frio penetrava pelas minhas roupas e o suor acumulado da corrida tornava-se mais gelado. O medo começava a cresceu em meu peito e, quando eu me preparava para dar meia volta e fugir daquele lugar, senti o focinho quente de Windie tocando as minhas costas. Não precisei de muito para entender o recado. “Não desista”, ela queria dizer.

Continuei andando em direção à mansão, com Windie trocando lentamente ao meu lado e Pollux agora sobre as suas costas. Subimos lentamente a escadinha de mármore escuro até alcançar a porta de entrada. Meus dedos tremiam quando eu peguei as chaves, introduzindo a correta na fechadura como se eu sempre soubesse qual era. Com um clique, a porta abriu-se, revelando o interior da mansão.

Mesmo que estivesse escura, deu conseguia enxergar todo o hall de entrada. Era enorme, parecia maior por dentro do que por fora. O piso polido um dia fora muito branco e brilhante, mas agora estava grosso de poeira, vidro e todo o tipo de lixo. Em algum momento, um belo lustre de cristais decorara o salão, mas agora estava destruído no centro do cômodo. O carpete outrora vermelho estava gasto e roído, cobrindo precariamente as duas escadas curvas que levavam ao segundo andar. À minha esquerda e direita haviam dois corredores escuros que eu não sabia onde ia dar, e eu conseguia enxergar uma mesa através do arco diretamente à minha frente. Aquele lugar estava me dando arrepios.

Por onde deveríamos começ...

Antes que pudesse terminar a frase, eu o vi: o vulto que roubara os Poffins. A pequena sombra preta estava no final da escada e, assim que percebeu que eu o tinha notado, pôs-se a correr. Minha boca escancarou-se e apontei para o nosso perseguido, chamando a atenção de Windie e Pollux.

É ele! Lá em cima!

Começamos a correr no mesmo instante, subindo as velhas escadas e ignorando os altos e muito perigosos rangidos em protesto. Quando alcançamos o corredor, este estava vazio e escuro, sem qualquer sinal do ladrão. Eu não conseguia enxergar o final do corredor, mas até onde eu conseguia, podia ver o mesmo carpete roído e sujo. Havia muitas teias de aranha pelas paredes e o teto, e o meu nariz franziu-se ao sentir um odor acre de algo em decomposição, além do pó que infestava o ar.

As tabuas do assoalho rangiam fantasmagoricamente a cada passo que Windie, Pollux e eu dávamos ali dentro, levantando pequenas nuvens de poeira que se desprendiam do tapete. Com a iluminação gerada pelas chamas de Windie, eu podia ver melhor das paredes. Em algumas delas eu podia ver quadros velhos e desbotados, a maioria de paisagens, mas vez ou outra eram pinturas e fotos de gente que eu não conhecia, em roupas antigas. Era bastante óbvio que naquela casa viveram gerações da mesma família. Era um tanto triste vê-la abandonada e coberta de pó. Muitas portas também podiam ser vistas, todas fechadas e sem qualquer sinal de que tivessem sido abertas recentemente, pelo menos até onde eu conseguia enxergar. Abri a primeira e o que vi me deixou boquiaberto.

Era um quarto de bebê. Com o coração apertado, entrei.

Tirando a espessa camada de pó, o lugar estava intacto. As paredes mofadas um dia foram de um bonito azul claro, toda coberta de bolinhas de todas as cores. Havia um pequeno berço com grades brancas, rodeado por uma rede branca para afastar insetos. O chão era um grande painel feito de um material fofo e borrachudo, todo colorido parecendo um quebra cabeça e por todos os lados havia diversos brinquedos e pelúcias de Pokémons, de todos os tamanhos. Havia um pequeno armário do lado oposto à cama e uma mesinha do lado, com um caderno de couro antigo, mas que parecia ter sobrevivido a todos aqueles anos de abandono. Notei que, logo acima da cabeceira da cama, colados na parede, estavam letras coloridas que soletravam “SAS A”. O H provavelmente descolara depois de tanto tempo.

Uma estranha tristeza tomou conta de mim, meu peito apertando cada vez mais e a minha respiração tornando-se mais pesada e ofegante. Meio tonto, me apoiei de costa na parede, deslizando lentamente ao chão enquanto meus olhos mantinham-se naquele quarto. Eu sempre fui muito certo quanto aos meus pais adotivos. Eles eram os meus pais de verdade, independente de qualquer coisa, mas não consegui evitar me imaginar ali, em um universo paralelo, crescendo naquele lugar, vivendo como o filho de William e Sasha Pieceman. Eu seria tão feliz quanto fui em todos os meus quinze anos? Eu conseguiria amar aquele casal como amo os meus pais? Eu teria irmãos que eu cuidaria como se fosse a minha própria vida? Eu teria Windie? Pollux? Pelo que sei, nem mesmo me chamaria Subaru.

Só percebi que estava chorando quando Pollux apareceu logo ao meu lado, me fitando, pela primeira vez, aflito, enquanto Windie esticava o pescoço para afagar os meus cabelos com o focinho. Continuei chorando, agora segurando o Piplup e a Ponyta, agarrando-me ao que eu conhecia e amava antes que acabasse enlouquecendo. Sinceramente, eu não sabia o que meu pai queria que eu fizesse naquele lugar, mas a experiência não estava me fazendo nada bem. Eu nunca conseguiria dizer que aquele lugar era meu, que aquela família nos quadros era minha, que aquele casal eram os meus pais. Tive uma crise de tosse, sem saber exatamente se era por causa do choro ou da poeira que dançava a minha volta e finalmente me acalmei, levantando-me do chão.

Eu... me desculpem, e obrigado — disse aos dois Pokémons, os abraçando mais uma vez. Windie cutucou o meu peito com o focinho e Pollux pareceu ligeiramente mais calmo, voltando a observar o quarto. — Vamos dar mais uma olhada e sair.

Caminhei até o armário e o abri, mas não tinha nada além de pó e algumas roupas de bebê mofadas. Olhei a mesinha ao lado do armário, pegando cuidadosamente o caderno e espanando o pó sobre a capa. Abri e já me deparei com uma foto, muito parecida com que eu tinha guardada na caixa que meu pai me dera; nela estavam William e Sasha, adolescentes, acompanhados pelos mais pais, Kakeru e Chika, na mesma idade. Havia vários Pokémons na foto também, reconhecendo alguns deles, principalmente Ox, o Tauros do meu pai e Hanabi, a Roserade da minha mãe. Logo abaixo estava escrito “Este diário pertence a William Pieceman”.

Folheei algumas páginas, me surpreendendo com o seu conteúdo. Em várias páginas estavam coladas fotos de lugares de Sinnoh e outras regiões, com William contando sobre as suas viagens e histórias. Havia menções aos meus pais também. Fiquei ali parado, lendo as páginas por vários minutos, fascinado com as aventuras daquele rapaz, até Windie bufar contra a minha mão, me tirando dos devaneios.

Ah! Eu... eu acabei me empolgando — disse, rindo fracamente e mostrando o diário aos dois. — Acho que encontrei algo realmente interessante. Vou levar isso comigo — e guardei-o na minha mochila.

Me sentindo um pouco melhor, saí do quarto. O odor de lixo e decomposição parecia ter se intensificado, o que não era um bom sinal, mas mesmo assim continuamos a andar no corredor escuro e poeirento, até que finalmente vimos uma porta entreaberta. Nos apressamos até ela e espiei por ela. Era um quarto grande e bem completo, com uma cama grande e vários móveis, mas como toda a casa, todos cobertos de pó, mofo e lixo. A grande janela estava aberta, permitindo que uma fraca luz entrasse, mas o suficiente ter uma ideia de tudo. E, para nossa felicidade, ou não, nosso ladrãozinho estava ali, com o pode em mãos. Sabendo que era um Pokémon, retirei a Pokédex do bolso e apontei para a criaturinha, por sorte ele não ouviu quando o aparelho começou a falar.

Pokédex escreveu:
Jornada Munchlax
Munchlax, o Pokémon Comilão
Em seu desespero por engolir toda a comida que consegue, às vezes acaba por esquecer a comida que já esconde dentro do seu pelo.

Realmente era um Munchlax. Ele era bastante semelhante a um urso, com uma grande barriga e braços grossos. Seu pelo formava franjas no final, quase cobrindo inteiramente seus pés amarelados. A cabeça era redonda, seus olhos saltados e as orelhas eram pontudas. A cabeça de Piplup surgiu logo abaixo de mim e ele fitou o Munchlax, que comia afobado os Poffins, principalmente os amarelos.

Piplup! — Pollux explodiu, seu rosto franzindo-se de raiva enquanto via os seus Poffins amarelos serem devorados pelo Munchlax. No momento que o pinguim gritou, o ladrão virou-se assustado, seus olhos já saltados arregalando-se ainda mais e agarrou o pote de Poffins, dando alguns passos para trás.

Pollux, se acalm...

Quem disse que ele ouviu?

Pip lup lup lup! — o Piplup saltou enfurecido, batendo as suas asas e fazendo com que várias bolhas saíssem do seu bico na direção do Munchlax, que saltou da cama para o chão.

Enquanto eu tentava pedir para Pollux parar e Windie batia os cascos no assoalho irritada — ela detestava batalhas —, o Piplup atacava seu novo pior inimigo, o Munchlax. Pollux o perseguiu por todo o quarto, disparando bolhas contra os móveis e os destruindo, fazendo uma barulheira que ecoava por toda a mansão. Cansado das bolhas, o pinguim aproximou-se do seu inimigo, fazendo suas asas brilharem brancas, desferindo uma sequência de tapas que Munchlax, não sei como, conseguia desviar, mantendo o pote de Poffins intacto. Pelo que eu sabia de Munchlaxes, eles eram bem lentos, mas acho que é só quando não estão tentando proteger a sua comida.

E-ei, espera, Pollux! — exclamei, me metendo atrás do Munchlax. Grande erro.

Munchlax se assustou com a minha intromissão e Pollux aproveitou o momento para disparar mais bolhas. Dessa vez a forte rajada atingiu o Munchlax em cheio, jogando-o contra as minhas pernas e me derrubando, nós dois saindo rolando pela porta do quarto até atingirmos a parede oposta com um forte estrondo e rachando-a, de tão fraca e velha que estava.

Windie não gostou nada, batendo os cascos com mais força no chão e relinchando irritada, suas chamas tornando-se mais vermelhas e irritadas. A Ponyta não gostava de batalhas, mas se enfurecia se algo acontecesse comigo. Munchlax se levantou, mas mal teve tempo para qualquer coisa; um furioso Piplup já estava em cima dele, desferindo vários tapas contra a sua face gorda, piando enfurecido. Eu já olhava tudo aquilo sem saber o que fazer. Windie bufava irritada e, pelo jeito, Munchlax também. O Pokémon largara o pote de Poffins e começava a revidar; ele avançou, estufando a barriga para dar uma investida contra Pollux, mas o pinguim foi mais rápido e desviou para o lado, desferindo outro tapa direto no rosto do adversário. Dessa vez Munchlax não saiu voando, mas aguentou o golpe e agarrou a asa do Piplup, atirando-o pelo corredor.

Foi aí que algo realmente impressionante aconteceu. O Munchlax elevou o seu braço direito, apontando um único dedo para cima e começou a balança-lo para os lados. Eu não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas podia sentir como se uma estranha energia pairasse no ar e envolvesse o Munchlax. No instante seguinte, ele abriu a sua boca, liberando um alto e ensurdecedor rugido que eu tinha certeza que Munchlax não podiam fazer normalmente. Meus ouvidos explodiram de dor, me sentindo atordoado com toda aquela barulheira, mas mesmo que eu tampasse os meus ouvidos, o som não abafava. Pollux e Windie estavam na mesma situação, o Piplup cobrindo os lados da cabeça com as asas e a Ponyta escondendo a cabeça entre as pernas. Toda a casa parecia tremer com aquele sol e eu sinceramente fiquei com medo de que ela viesse abaixo. As paredes descascavam e os lustres soltavam do teto, espalhando vidro por todo o chão, levantando ainda mais poeira. Olhei para a Pokédex e na tela mostrava o nome de dois movimentos: Metronome e Hyper Voice.

O alivio finalmente veio quando o Pokémon parou de gritar. Me escorei contra a parede, tentando me recompor. Windie parecia tonta e Pollux ainda mantinha as asas ao lado da cabeça, atordoado. Caminhei até ficar entre os dois.

Certo, vamos parar com isso antes qu...

ROOOOOOOOOOAAAAAAAARRR!!!

O QUE É AGORA, DROGA?! — gritei, já irritado com tantas interrupções. Bati o pé com força no chão, voltando-me na direção do ruído. Queria ter não ter feito isso.

Alguns metros atrás de Piplup estava o Pokémon mais horrendo que eu já vira em toda a minha vida. Eu não sei descrever exatamente qual era a sua forma, mas ele tinha, no mínimo, dois metros e o odor de coisa azeda, lixo e decomposição atingiu as minhas narinas como um soco, me obrigando instintivamente a cobri-lo. Basicamente, o Pokémon era feito de lixo. Muito lixo. Tinha sacos de lixo, comida estragada, muito, mas muito pó, todo o tipo de objeto velho estava preso em meio ao seu corpo, como garrafas quebradas, caixas de papelão, eletrodomésticos estragados e tudo o que você puder imaginar. Era repugnante. Seus olhos esbugalhados me fitavam enfurecido e a sua boca cheia de presas nada amigáveis pareciam estar mastigando o lixo — tecnicamente ele estava mastigando a si mesmo? Que louco. A Pokédex na minha mão apitou, começando a falar.

Pokédex escreveu:
Jornada Garbodor
Garbodor, o Pokémon Monte de Lixo
Garbodor absorvem lixo e fazem dele parte do seu corpo. Consumir lixo produz novos tipos de gases e líquidos venenosos dentro dos seus corpos. Eles disparam um líquido venenoso da ponta dos seus dedos da mão direita.

Nossa. Uau. Um Pokémon monte de lixo. E enfurecido. Era tudo o que eu precisava agora. Pelo menos eu não estava sozinho nessa; Windie fitava o nosso inimigo nervosamente, balançando a cauda de fogo para os lados e batendo os cascos no chão, enquanto os olhinhos azuis de Piplup estavam arregalados. Ele não precisava ficar desconfiado dessa vez, era óbvio que estávamos em apuros, não só porque ele parecia muito propenso a nos moer e devorar — se ele nos comer quer dizer que somos lixo? Que afronta! —, mas o odor forte já estava me deixando a ponto de vomitar. Ver todos aqueles restos se revolvendo no seu corpo enorme, pingando um líquido preto, pegajoso e fedorento não era nem um pouco confortável.

Certo... não façam movimentos bruscos... — eu disse para Windie e Pollux, que eu esperava que tivessem entendido.

Eles, graças a Arceus, entenderam. Munchlax não. Ele aproveitou a distração para pegar o pote de Poffins que estava caído e já se preparava para sair, nos dando as costas. Os olhos esbulhados do Garbodor pareceram querer soltar do corpo de lixo — o que eu não duvidava que ele pudesse fazer, sinceramente. Me alertei assim que ele vasculhou o próprio lixo com a mão feita de, choquem!, lixo também, retirando dali um pneu velho e gasto e jogando-o na direção do Munchlax desavisado.

Eu não sei exatamente o que me fez fazer aquilo, mas eu simplesmente corri, saltando com todas as minhas forças e agarrando o Munchlax, embrenhando-me mais uma vez com ele e saímos rolando pelo corredor, conseguindo evitar o golpe do Garbodor, que abriu um belo buraco no assoalho e foi parar no térreo. Quando paramos, o Munchlax me olhou atordoado e com a boca muito aberta, o seu rosto avermelhando no mesmo instante e, envergonhado, cobriu-o com as mãozinhas peludas. Eu teria achado muito fofo se não estivesse em pânico, porque o Garbodor não estava nem um pouco feliz. Ele começou a bater os pés de lixo no chão, fazendo o assoalho rachar e todo o corredor tremer perigosamente.

Pollux e Windie me olharam assustados, procurando as instruções do seu treinador. Infelizmente eu estava tão assustado quanto eles e não sabia o que fazer. Precisava ajuda-los, precisava dar um jeito de sair daqui. Nesse instante, Garbodor avançou, gases e líquidos venenosos sendo expelidos do seu corpo nojento; era terrível, porque onde tocavam, o chão começava a fumegar e se desfazer. Eu não podia deixar meus Pokémons se machucarem.

Windie, use Ember contra as bolhas de Pollux! Pollux, use Bubbles contra as brasas de Windie! Rápido! — os dois me olharam como se eu tivesse ficado maluco, mas mesmo assim fizeram e, ainda bem, deu certo.

Pollux e Windie se fitaram, acenando com a cabeça como se confirmassem que o outro estava pronto, logo atacaram. Windie lançou várias brasas da sua boca, enquanto Pollux disparava bolhas do bico. Os dois movimentos colidiram, anulando um ao outro ao mesmo tempo que formavam um espesso vapor branco que cobria todo o corredor, impedindo a visão do Garbodor.

Isso ai! Venham! — gritei e irrompemos pelo corredor, agora com Munchlax um pouco atrás da gente ainda segurando o pote de Poffins.

Eu estava impressionado com como aquele lugar era comprido, o corredor parecendo seguir infinitamente. Porém, a névoa produzida por Pollux e Windie não era infinita e logo se dissipou, mostrando um Garbodor à distância muito irritado com a nossa fuga. Ele começou a correr na atrás da gente, liberando mais líquidos venenosos e deixando lixo se desprender do seu corpo e o pior de tudo: conforme o lixo se soltava, ele ficava mais rápido! Se aquilo não era o nosso fim, eu não sabia o que era, sinceramente. O Garbodor rugiu irritado e elevou o braço direito, exatamente como a Pokédex contara, e disparou uma bola de lama venenosa na nossa direção que, com a velocidade em que se encontrava, nos transformaria em uma bela mancha de gordura nas paredes empoeiradas.

Pollux, Bubbles! — comandei para o Piplup, apontando para a esfera venenosa.

A mira de Pollux era muita boa, o que me deixou bem aliviado. Ele virou-se para trás com um salto e estufou o peito, disparando mais bolhas do bico, que voaram velozmente na direção do ataque de Garbodor, atingindo-o em cheio e explodindo. Lama venenosa e água voaram para todos os lados, cobrindo o chão e as paredes, mas estávamos longe o bastante para sermos atingidos, então continuamos correndo.

E chegamos ao final do corredor. A parte boa: tinha uma porta de ferro para a rua. A parte ruim: ela estava bem trancada. Agarrei a maçaneta, usando toda a minha força para tentar abrir aquela porta, mas não adiantou. Me afastei um pouco e chutei a porta com a perna direita, mas a única coisa que eu consegui foi gritar de dor e dar motivos para aquela porta rir da minha cara na próxima convenção de portas. Pelo jeito todos os filmes de artes marciais do Brycen que eu tinha visto não me serviram de nada. Eu já estava entrando em desespero. Garbodor continuava avançando, dissolvendo tudo por onde passava. Pollux olhava para o nosso perseguidor assustado e as chamas de Windie já estavam amarelas de pavor. Para a minha irritação, Munchlax não tirava os olhos dos Poffins dentro do pote. Vamos, Subaru, pense! Sua cabeça não serve só pra ter cabelo!

Infelizmente o fedor do nosso inimigo já estava insuportável, fazendo minhas narinas arderem e meus olhos lacrimejarem. O Garbodor já estava muito perto e já preparava para atacar novamente.

Espalhem-se! Precisamos ganhar tempo! — exclamei para todos os Pokémons e para minha felicidade Munchlax entendeu o recado.

Windie e Munchlax correram pela esquerda do Garbodor, enquanto Pollux e eu fomos pela direita. Tínhamos sorte de ter encontrado um Garbodor burro, porque ele ficou parado, decidindo onde deveria atirar. Imagino que comer lixo não é algo que um grande pensador faria.

Bubbles!

Indiquei para Pollux, que rapidamente inflou o peito e disparou bolhas contra a lateral do monte de lixo, fazendo-o se virar para nós tão rápido que alguns sacos e sapatos velhos se desprenderam do seu corpo, caindo na poça fumegante aos seus pés. Ele urrou, atacando com o seu punho feito de um abajur quebrado, mas conseguimos desviar, deixando um imenso buraco no assoalho.

Agora Ember!

Windie não hesitou, disparando brasas contra a poça de líquido tóxico em volta do Garbodor. Eu já adianto: não façam isso em casa, crianças, não é nada seguro! Assim que as pequenas chamas atingiram a poça, ela se incendiou, assustando e enfurecendo ainda mais o monte de lixo. Era agora. Corri com tudo, indo para a frente a porta de ferro e balançando os braços. Sim, eu estava muito louco.

Aqui, seu monte de lixo nojento e fedorento! Você não consegue me pegar!

O Garbodor não gostou muito e virou-se imediatamente para mim, elevando os braços de lixo e criando uma grande esfera de líquido tóxico entre as mãos. Ele urrou e disparou na minha direção. Eu precisei ser rápido para desviar e BUM! Não havia mais porta, nem parede e as minhas roupas estavam cheios de buracos fumegantes onde o líquido respingara, mas fora isso eu estava inteiro.

Ember de novo, Windie! — exlamei para a Ponyta.

Atrás do Garbodor, Windie disparou mais brasas, fazendo com que as chamas aumentassem ainda mais, agora soltando uma fumaça muito preta e fedorenta. Os três Pokémons contornaram o Garbodor rapidamente, se juntando a mim e voltamos a correr, enquanto o monte de lixo urrava e jogava bolas tóxicas e lixo para todos os lados. Não olhamos para trás. Atrás de onde há segundos havia uma porta, tinha uma escada, que descemos velozmente até o pátio nevoento, ofegantes.

Infelizmente o monte de lixo não desistiu, aparecendo na saída do corredor. Nós não paramos de correr, mas ele pegou outro pneu velho e atirou na nossa direção com uma força e precisão invejáveis. Infelizmente atingiu diretamente as minhas costas, me fazendo rolar pelo mato alto e úmido, assustando alguns Rattatas que viviam ali. Quando finalmente parei, estava a metros de distância de Windie, Pollux e Munchlax, que me olhavam atônitos, os olhos muito arregalados. Porém, com Munchlax foi diferente. Seus olhos saltados se estreitaram em ira e ele devia estar mesmo muito bravo, porque até largou o pote de Poffins no chão. Virou-se para o Gargobor, que ria triunfante, e elevou o seu braço, com o dedo indicador levantado. Começou a balança-lo como da última vez.

Mas, sinceramente, eu não esperava que aquilo acontecesse. Vários metros acima de Munchlax, várias pedras flamejantes se formavam do nada, rodando e revirando-se no ar velozmente, deixando línguas de fogo para trás. Ainda dolorido pela queda, apontei a Pokédex, que informou ser o movimento Draco Meteor. Munchlax então baixou o braço gordo, apontando para o Garbodor e os perigosos meteoros disparam-se na direção dele, explodindo tudo em volta quando o atingiu. Parte das paredes e do telhado velho desmoronou, cobrindo o Garbodor com um monte de destroços o que, eu tinha esperanças, o manteria desacordado por um bom tempo. Sentei no chão, finalmente me sentindo aliviado.

Pollux e Windie logo se aproximaram para ver como eu estava, ambos com olhares muito preocupados, mas rapidamente os acalmei com carícias em ambas as cabeças. Apesar de dolorido e assustado, eu estava bem e, melhor ainda, meus Pokémons estavam bem. Essa era a minha maior prioridade, agora que eu era um treinador. Eu teria de esperar momentos como aquele diariamente.

Com um sorriso me levantei, caminhando até o Munchlax que voltara a agarrar o pote de Poffins. Assim que abaixei-me ao seu lado, ele deu um salto no lugar, apertando o pote e me fitando com os olhos saltados. Eu não sabia muito bem como fazer aquilo, mas comecei a falar:

Bem, apesar de ter nos roubado, você nos salvou. Muito obrigado — eu disse ao Munchlax, que continuava a me fitar. — O que você acha de... hmm... vir com a gente? — ouvi um piado ultrajado de Pollux às minhas costas. — Sabe, como meu Pokémon? — perguntei e estendi a minha mão para ele. Ele me continuou me fitando e abri mais o sorriso.

A reação foi bem inesperada. Todo o rosto do Munchlax avermelhou-se no mesmo instante e, sem dizer nada, deu no pé, correndo para longe de mim tão rápido que eu não sabia que um Munchlax poderia fazer. Observei-o atônito, até conseguir enxerga-lo atrás da mansão, apenas metade da sua cabeça visível atrás da parede, me olhando atentamente. Não consegui conter o riso baixo.

Acho que, até hoje, Munchlax é o Pokémon mais peculiar que já encontrei.
Na verdade eu não capturei o Munchlax, mas ele não para e me seguir onde quer que eu vá escreveu:
Jornada Munchlax
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Mensagem por Ellie Green Ter Abr 16, 2019 8:33 pm

Cap 0.5 - “Sem medos, não existe coragem

Saíra de Black city já faziam uns bons dias, tivemos algumas desventuras por lá, vi vários treinadores lutando com diferentes tipos de pokémons, vi diversos pokémons selvagens e Drake acabou por decidir que queria fazer uma pokédex de todos eles, uma pokédex desenhada pelo próprio trapinch, pokémons que ele iria se lembrar para sempre. Por enquanto o caderno no Drake tem apenas um desenho dele, feito por mim, mas brevemente irá ficar cada vez maior e maior.

Enfim, passamos pelas rotas 15 e 16, pela marvelous bridge e finalmente chegamos a Nimbasa, a cidade mais popular de Unova inteira, eu lembro vagamente de já ter vindo aqui quando era muito jovem, mas eu mal consegui explorar um local tão fantástico quanto esta cidade.
Eu andava calmamente pela cidade com Drake dentro da mochila, havia tanto para explorar, não saberia dizer onde eu deveria ir, além disso, estava de noite já, apesar da cidade de Nimbasa não dormir, é sempre bom eu arrumar um lugar para dormir, posso pagar um lugar facilmente com o dinheiro do meu pai.

Por um momento, olhei os becos da cidade, seria bom treinar um pouco de arte por lá, e assim ninguém me veria fazendo, já que a cidade se mantém acordada, grafitar num lugar onde todos veriam como eu faço normalmente, seria muito arriscado.

Com isso decidi me enfiar nos becos da cidade, que por sinal são muito menos bonitos do que a parte principal, mas era tudo muito vazio, e as paredes nuas, seria muito interessante pintar algo por lá.

Drake estava nervoso, mas eu o acalmei afagando a cabeça dele, ele tem estado assim desde que saímos de casa, eu tentei fazer ele batalhar, mas ele se recusou, acho que ambas as coisas estão relacionadas, me pergunto o que ele realmente quer.

- Aqui é um bom local - Digo enquanto vejo se não tem ninguém por perto, Drake começou a retirar as latas de tinta da mochila que havia pousado no chão, para podermos começar.


Acabei fazendo no grafitti um puzzle com vários pokémons típicos de cidade, como pidoves, patrats e purrloins todos encaixados, e por fim uma das peças não encaixava no puzzle, era um trapinch, que era a peça que ficava de fora.  No final, acabei gostando da pintura, apesar que aqui poucos vão ver, mas sem problemas.

- Eu deveria ter feito isto em Black city, não acha? - Perguntei para o pokémon, que assentiu com a cabeça, concordando comigo. Logo que vi meu pokémon concordando, assinei finalmente com a sigla “L

-Esta agora vai ser minha assinatura, L - Disse para o pokémon, estava feliz, mas a felicidade não durou muito. Tanto eu como Drake escutamos vozes vindo do lado de fora do beco.

Melhor me passar toda sua grana pirralho! ou vai querer que eu leve seu pokémon também? hm?

Não! nem pensar!

Quando eu decidi botar a cabeça para fora para ver o que estava acontecendo, consegui ver o que realmente estava acontecendo. Um homem todo vestido de negro, com suas feições escondidas, assaltava uma criança que aparentava ter os seus 10 anos, não só isso, como estava assaltando com um pokémon.

Eu nunca tinha visto aquele pokémon por ali, era uma cobra negra e roxa com detalhes em amarelo, tinha uma cauda pontiaguda vermelha, não só isso, tinha também duas presas enormes. Era um pokémon que parecia ser muito mais experiente do que o pokémon do garotinho, que era o mesmo pokémon que tinha o meu irmão Johnathan, um lilipup, só que o mesmo havia evoluído.

O rapaz parecia extremamente nervoso e seu lilipup parecia estar quase desmaiando. Por um momento, eu não aguentei aquilo, peguei na minha mochila, guardei tudo, peguei em Drake nos braços e decidi enfrentar o bandido, essas coisas injustas me irritam de um jeito. Um garoto que trabalho e batalhou para ter seu dinheiro e agora é assaltado por gente que quer dinheiro sujo.

Ele estava de costas e se eu o enfrentar gritando e chamando a atenção, este lugar é o local mais deserto da cidade, eu o escolhi de propósito, ninguém virá...preciso fazer o garoto escapar para o centro pokémon, para que o Lilipup fique bem.

Decidi então me esgueirar e saltar para cima do bandido! Fazendo o mesmo cair no chão, eu podia não ser pesada, mas o susto e o meu peso foi o suficiente para que ele caísse no chão.

- O-o que? Moça… - O garotinho falou todo atrapalhado.

- Vá embora! corra! - Falei com o mesmo. E ele olhou para os lados nervoso e começou a correr.

- Aaaah, sua pirralha! SAI DE CIMA DE MIM. - Ele com tanta raiva acabou me jogando para longe dele, a força foi tanta que eu não consegui me agarrar o bandido. - Seviper! Persiga o gar-

Era tarde demais, o garoto tinha sumido e já não estava no meu campo de visão, o que significava que a missão estava cumprida.

- Escapou...viu o que você fez garotinha? Já que ele fugiu...parece que a presa da seviper será outra. - Ele disse sério no início, mas logo fez um sorriso e assobiou . O pokémon cobra se virou para mim. - Quero todo seu dinheiro! Ou...vai querer batalhar comigo?

O tom dele era de zombaria, como se batalhar com ele não seria opção, mas eu decidi arriscar, mal sabia que era o pior dia da minha vida.

- Eu vou lutar contra você!

- Oh? sério? Então me mostre seu pokémon.

Rapidamente tirei Drake que estava escondido na mochila, eu acreditava fielmente que iria conseguir ganhar com o Drake, ele era nervoso, mas ainda era um pokémon.

O pequeno pokémon parasita se encolheu ao ver a gigante cobra, tremia de medo. Quando vi o estado dele, me arrependi. Tinha perdido a noção? Olha o estado do Drake...

- Certo então, seviper, Glare! - Assim o assaltante ordenou e assim o pokémon respondeu, tão simples quanto isso.

- Drake usa… - Eu acabei não sabendo dos ataques do meu pokémon, ele era totalmente desconhecido, apenas tinha lido sobre ele em um livro de Hoenn, mas aquele livro nada me disse sobre os nomes dos ataques. - Algum ataque de areia…

O Homem começou a gargalhar alto, rindo da minha cara. - Garota, você nem sabe os ataques do seu pokémon...me faz um favor e me dá logo sua carteira, eu estou sem paciência.

Nada disse ao mesmo, estava preocupada com Drake. A seviper tinha feito ele ficar mais nervoso ainda com o Glare, a mesma estava encarando ele com olhos amedrontadores, de tal forma que até a mim me arrepiou.

- Já que você não desiste, eu vou acabar logo com isso, sevi-

Me recusei a ver meu pokémon ser atacado e por isso decidi enfrentar ela para que Drake não se machucasse. Interrompi a fala do homem bandido e corri até ficar na frente da seviper, e atrás de mim estava o trapinch, quase chorando

Ele ficou confuso com o que eu estava fazendo, não só trapinch, a seviper e o homem também, talvez se perguntando o que eu estava fazendo? Nem eu mesma sei...só sei que vou lutar.

- Eu me escolho para lutar contra a sua cobra nojenta! - Disse com convicção

- Está maluca? - Foi a única resposta que recebi do inimigo.

- Trap! - Drake me deu um aviso, mas eu o ignorei.

- Você me ouviu, pode vir, eu sei lutar. - Me coloquei em posição de combate, logo tentando dar um soco na cobra, um soco super desorganizado e fraco que vinha numa velocidade razoavelmente lenta para um pokémon como a seviper, que desviou com a maior facilidade. Eu pude ver nos olhos dela...olhos maldosos, não tirava seus olhos de mim, estava nervosa olhando para aquele pokémon.

- Ok, poison tail! - Ele ordenou e assim que ela desviou e rapidamente ela me atacou com sua cauda venenosa, me acertando no ombro, foi um golpe tão forte que eu fui jogada para trás, caindo de bunda no chão. A dor era muito forte, pulsava no meu ombro e parecia pulsar aos poucos pelo meu braço inteiro.

o meu coração acelerou assim que caí, minha cabeça pedia para fugir, mas eu não consegui me mexer após o poderoso ataque. Nunca pensei estar enfrentando um pokémon, não esse, não sabia o medo que o Drake sentia contra a seviper, mas agora...eu entendo...estou com muito Medo

Enquanto reflectia, ouvi o trapinch me chamando, quase chorando e até mesmo ouvi o cara falando “Bom...eu avisei...deveria ter me dado a grana” Eu não consegui ouvir tudo, estava perdendo a audição e a visão estava turva...não me lembro de mais nada, apenas vi o cara com aquele “monstro” se aproximar, e apaguei por completo.



Oh! você acordou!

Foi a primeira coisa que eu ouvi, até acordar em uma cama de hospital, era tudo muito branco e azul e minha audição e visão tinha voltado ao normal, me sentia fraca e cor uma leve dor de cabeça, mas me sentia até bem. Me sentei na cama e pude ver o garoto de antes que estava sendo assaltado sentado em uma cadeira de visitante.

- Traap - Drake pulou na minha cama e deu uma cabeçada na minha barriga, começando a chorar sem parar.

- Hey...calma, está tudo bem Drake. - Digo para ele pegando no mesmo e abraçando. - Eu estou bem amigo.

Drake acenou com a cabeça ainda com os olhos chorosos, pude ver toda a preocupação dele. - Eu nunca vou abandonar você drake, você não vai me perder…é uma promessa.

- Você...pensei que você tinha morrido...aquele cara acabou com todos os meus pokémons e ia me roubar, você me salvou! Obrigado! - Ele se levantou agradecendo. Ele deve ter ficado cuidando do Drake por mim, eu que tenho de agradecer ele.


- Obrigada por ter cuidado do meu pokémon...mas você não tinha fugido? - Perguntei, era curioso saber como ele me achou.

- Eu fiquei observando a luta de vocês escondido e também liguei para a polícia, mas eles chegaram tarde demais, o bandido acabou levando sua carteira.

Suspirei e olhei na minha mochila, tudo estava lá, até mesmo as minhas poupanças que estavam escondidas, mas o dinheiro todo havia sido roubado, na carteira do meu pai tinha imenso dinheiro, dava para pagar hotéis de luxo, comida da mais rica possível. Ele deve ter ficado muito feliz com todos os cartões de crédito e o dinheiro.

Trapinch apontou para o caderno, eu decidi abrir o mesmo.

- AAAH!! - Me assustei com a imagem da seviper com cara de má bem grande desenhado ao lado do meu desenho. Estava muito mal desenhado, mas a imagem continuou me assustado e fechei o caderno rapidamente. Com o meu grito acabei assustando tanto Drake como o garoto.

Pensar na situação daquela cobra me fazia suar frio.

- Bom...você foi super corajosa! Eu nunca pensaria em enfrentar uma seviper para proteger o meu pokémon...eu morreria de medo. Mas você não temeu e enfrentou aquela terrível cobra.

- É - Dei uma risadinha nervosa.

- Aposto que a enfrentaria de novo para proteger seu amigo.

- S-sim...com certeza… - Suei frio, rindo de nervosismo, isso não era verdade, eu não enfrentaria de novo uma cobra...nunca mais.

- E eu vi enquanto arrumava as coisas que o bandido tinha jogado no chão, que você não tem uma pokédex nem pokébolas. Você não é uma treinadora. - Ele tinha toda a razão nisso, eu não era, nem mesmo sabia os ataques do meu próprio pokémon.- Eu acho que você merece ser uma treinadora pokémon! Você protege seus pokémons e sua coragem não deve ser desperdiçada.

- Mas como eu faço para ser uma treinadora pokémon? - Perguntei para o garoto, ele parecia muito empolgado falando, eu estaria em um estado de espírito igual ou maior se não fosse por toda a fraqueza que sinto.

- O assistente da professora está na cidade entregando os iniciais, inicialmente eram para três pessoas, mas uma delas acabou não vindo, eu peguei o oshawott e o outro menino pegou o tepig, sobrou o snivy. Você passou um bom tempo aqui, mas acho que ele ainda está na cidade, eu posso convencer ele a te dar o snivy e assim você vira uma treinadora que nem eu!

Aquilo era muita informação para mim, mas comecei a me animar com as palavras do garoto. Finalmente podia ser uma treinadora pokémon, batalhar, viver aventuras com o trapinch e o tal de snivy...eu não sei que pokémon ele é, nem como ele é, mas isso não importa, vou conhecer ele e vamos virar amigos também!

- Certo! Eu vou lá com você - Tento me levantar com cuidado, assim que botei os pés no chão e olhei o espelho que estava no quarto de hospital, pude ver a atadura no meu ombro e braço, estava latejando e doía demais.

Por fim acabei falando com os enfermeiros e eles me deixaram passar, me dando alguma medicação para dores. Com isso, botei a mochila em um dos ombros e levei Drake nos meus braços.

- Aah, meu nome é Rork! Prazer. - O garoto falou me guiando até ao local onde estava o assistente.

- Ellie, prazer! - Disse dando uma piscadinha para o garoto. O mesmo corou e sorriu, desviando o olhar timidamente.

Não demorou muito até chegarmos em uma casa onde estava o tal assistente. Subi alguns lotes de escada e chegamos finalmente chegamos. Era um prédio simples, com um interior bem velho, comparado a toda a cidade de nimbasa.

Rork bateu na porta e o assistente abriu. Eles conversaram entre si e ele havia explicado sobre faltar um inicial apenas. Se bem me lembro, pokémons iniciais são escolhidos pelos professores para dar a iniciantes, eles não aparecem em qualquer esquina.

O assistente velho e desajeitado olhou para mim com um sorriso. - Ainda bem que vem pegar o snivy, ele já foi rejeitado três vezes, os treinadores escolhem sempre o de fogo ou água.

Sorri e ele então me entregou a pokébola do tal snivy. Cometi o pior erro da minha vida…


- Sniiiiiii!!! - Ele assim que saiu da pokébola se agarrou na minha perna todo feliz, não me largando mais. Eu quase tive um ataque cardiaco. Me ajudem…..

- E aí, gostou dele? - O professor me perguntou. Eu estava suando frio, me sinto enjoada, com dor em todos os lugares...ai..eu sinto que vou desmaiar...meu estômago está em voltas.

Por um momento, pensei em falar que queria apenas me registar com o Drake. O snivy nada mais era que uma cobra de grama...e eu não quero mais olhar para cobras mais!! No entanto...eu lembrei das palavras “ele já foi rejeitado três vezes”.

- S-s-im...perfeito! Ele é b-bom! - Disse toda atrapalhada nas palavras, paralisada ali com aquele pokémon cobra se enrolando na minha perna. Mas consegui forças para o colocar dentro da pokébola.

- Esta garota merece um pokémon! - Rork diz e por fim, se despede. - Até mais Ellie, daqui a um ano voltarei a Nimbasa, nesse mesmo dia, vamos batalhar juntos! Esteja cá também!

Aceitei o desafio, teria de ter um time forte daqui a um ano, assim como ele.

- Certo, então me deixa arrumar tudo para você.- Ele disse, me entregando a pokédex e as pokébolas, e assim começou a ajeitar a minha ficha no computador. - Qual seu nome completo?

- Ellie L- digo...Ellie Green! - Menti - Vim de...Castelia e tenho 14 anos.

- Hm..não estou achando seus dados, tem certeza que esses são os dados.

- S-sim!

- Certo...este computador...está ficando velho - Disse dando uma risadinha. - Sem problemas, eu ajusto para você isso.

Por sorte consegui escapar e ele acabou me fazendo uma ficha com o nome e local de nascimento falsos. Contudo, ainda faltava uma unica coisa.

- Qual o nome do Snivy? Vai manter o nome original?

- Hm.. - Acabei lembrando da minha assinatura. - L...Lucius!

- Nome estranho para um pokémon, mas tudo bem.- Ele disse, me entregando por fim o bilhete para um tal de S.S. Kyogre. Agora eu poderia ser uma treinadora de verdade! Eu tenho até cartão de treinadora e dois pokémons já! Uma pokédex para saber os ataques do Drake e do...Lucius

Acabei me despedindo do velho assistente e decidi fazer rumo até Castelia, onde eu poderia pegar o navio e seguir a minha jornada pokémon!

- Flashback terminado -

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A garota? hehe...eu não sei! Não faço ideia!

Um stoutland cai em cima do homem assim que profana tais palavras.

- Oiça...você roubou esta carteira...e só pode ter roubado da Ellie, me fale onde ela está, se não quiser aumentar seu tempo de prisão. - Um homem de cabelos negros o ameaça.

.- B-bom...eu roubei dela, é-é verdade..ela estava com um trapinch, mas não sei para onde ela foi….eu juro!! - O Homem chora enquanto olha para o grande stoutland

- Senhor Johnathan! Acho que o nosso bandido não sabe mesmo nada. - Um assistente aparece ao seu lado. - Tem a certeza que era ela? Ei! Ladrão, como é que ela era?

- Ela era Louca! Lutou contra a minha Seviper! Ela tinha os cabe…

- Chega!! - O Bandido fora interrompido por johnathan, que não parecia nada contente com a situação. - Prendam esse homem por roubo, por atacar crianças com pokémons venenosos e por esconder informações úteis.

- Mas você me interrompeu! - Ele disse indignado.

- Ela estava com esta carteira e lutou contra uma seviper, alguém louco assim só pode ser a Ellie. Se não sabe me dizer para onde ela foi, suas informações são inúteis.

Johnathan deixa o bandido com o seu assistente para ser entregue á polícia e olha o horizonte, estava tarde e nenhum sinal de sua irmã...ele estava preocupado. O mesmo passei para ela cidade fumando o seu cigarro, precisava de uns minutos de descanso.
Pessoas passavam e comentavam enquanto ele descansava.

Você soube? O S.S kyogre já partiu com todos os novos treinadores para Sinnoh

----Fim----

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Ellie Green
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